Natal, os média e os seus trabalhadores

Carlos Gonçalves

«O Natal pode ser ... deprimente … (com) as piores características do capitalismo ... É impossível escaparmos … E, no entanto, ... sufocado (por) ... catálogos de prendas … e música de elevador ... queima uma chama secreta ... de uma esperança revolucionária … de um mundo melhor, uma sociedade mais justa, onde a ordem social é virada de cabeça para baixo … (para os) ... trabalhadores .... O que é que o Natal tem a ver com a luta de classes? ... tudo.»*

Estas palavras de um site de crentes progressistas mostram de novo que há espaço para alargar os caminhos comuns de democratas e patriotas.

Os média dominantes seguem na direcção oposta, num processo de concentração monopolista aprofundado e de maior compromisso reaccionário. Nos USA, com Musk a comprar o Twitter por 44 mil milhões de dólares(!) para substituir a censura e as fake de Biden pelas de Trump, por cá, com o Novo, o Sol e outros (re)nascidos para a promoção da extrema-direita, ou a CNN Portugal a pagar 245 mil euros(!) a Boris Johnson por uma «charla» sobre a guerra (não está provado o lobbing de negócios de guerra e média).

O que caracteriza o Natal nos principais média, pese embora a resistência de jornalistas, é o programa dos maiores grupos económico-mediáticos – Impresa, Media Capital, Cofina, Global Media –, «ditadura mediática» das fake do imperialismo USA, as mais absurdas e provocatórias, «pensamento único», ocultação e mistificação dos que resistem, anticomunismo, militarismo e guerra.

E, é claro, exploração e opressão desenfreada de quem trabalha. Por isso, neste Natal de luta (de classes) pela democracia e a sociedade nova, uma palavra de firme solidariedade com os que protestam em plenários e outras lutas: no Jornal de Notícias em defesa da sua identidade e dos direitos dos trabalhadores; na TVI/CNN, contra a transferência de 76 trabalhadores para a EMAV/Plural (do mesmo Grupo) sem garantias de vínculo nem futuro; na SIC-Expresso pelo aumento dos salários, estagnados há mais de dez anos. Lutas importantes, pela sociedade mais justa e um Natal de paz e esperança.

* «A esperança revolucionária do Natal»,Tim Yeager, padre Episcopal, activista nos USA pelos direitos laborais e a paz. Citado no site Terra da Fraternidade.



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