Greve na Administração Pública rejeitou empobrecer a trabalhar

Na «grande greve» de 18 de No­vembro, os tra­ba­lha­dores da Ad­mi­nis­tração Pú­blica «de­mons­traram que não aceitam con­ti­nuar a em­po­brecer a tra­ba­lhar, ca­minho que as pro­postas do Go­verno não in­vertem».

Está em causa a maior perda anual de poder de compra, em 30 anos

Para a Frente Comum de Sin­di­catos da Ad­mi­nis­tração Pú­blica, esta jor­nada de luta cons­ti­tuiu uma «afir­mação inequí­voca da exi­gência de res­postas e in­su­fi­ci­ência das pro­postas do Go­verno».

A es­tru­tura, que reúne três de­zenas de or­ga­ni­za­ções sin­di­cais, das mais re­pre­sen­ta­tivas nos di­versos sec­tores da ad­mi­nis­tração cen­tral, re­gi­onal e local, as­si­nalou que a greve na­ci­onal teve «um grande im­pacto na ge­ne­ra­li­dade dos ser­viços pú­blicos», es­ti­mando «uma adesão média de 80 por cento».

Numa nota de im­prensa, emi­tida na sexta-feira à tarde, a Frente Comum saudou «todos os tra­ba­lha­dores que hoje lutam pelo au­mento do sa­lário, pela va­lo­ri­zação das car­reiras, pelo re­forço dos ser­viços pú­blicos e das fun­ções so­ciais do Es­tado, re­jei­tando as im­po­si­ções e ma­no­bras de pro­pa­ganda que não re­solvem os seus pro­blemas».

«A uni­dade hoje re­a­fir­mada é um sinal inequí­voco que o Go­verno não po­derá ig­norar», sendo ne­ces­sário res­ponder aos pro­blemas, e en­cetar a «ne­go­ci­ação efec­tiva» das pro­postas cons­tantes da Pro­posta Rei­vin­di­ca­tiva Comum para 2023.

Nas au­tar­quias lo­cais, a greve ob­teve, logo na noite de quinta-feira, 17, «uma forte adesão nos sec­tores da hi­giene e re­colha de re­sí­duos ur­banos». O STAL/​CGTP-IN des­tacou que não houve re­colha de lixo «em muitas de­zenas de mu­ni­cí­pios», re­fe­rindo os exem­plos de Al­jus­trel, Al­mada, Ama­dora, Beja, Cas­cais, Évora, Grân­dola, Loures, Moita, Odi­velas, Pal­mela e Seixal.

Du­rante a manhã de dia 18, o sin­di­cato re­gistou «igual­mente forte ex­pressão» em «juntas de fre­gue­sias, pi­quetes de água, trans­portes co­lec­tivos ur­banos de pas­sa­geiros, es­colas e jar­dins de in­fância, bi­bli­o­tecas, equi­pa­mentos cul­tu­rais e des­por­tivos, sec­tores ope­ra­ci­o­nais, bom­beiros sa­pa­dores, te­sou­raria e ser­viços de aten­di­mento, en­con­trando-se muitos deles to­tal­mente en­cer­rados».

O sin­di­cato alertou que «a luta pros­segue já no pró­ximo dia 25, com a con­cen­tração junto da As­sem­bleia da Re­pú­blica, pelas 10h30, pro­mo­vida pela CGTP-IN.

A greve foi «uma inequí­voca res­posta ao Go­verno, de re­púdio pelas pro­postas de sa­lá­rios para 2023», con­si­derou a Fe­de­ração da Função Pú­blica (FNSTFPS), apon­tando para «uma adesão média de 80 por cento, com cen­tenas de ser­viços dos vá­rios mi­nis­té­rios en­cer­rados e muitas cen­tenas de ou­tros a la­borar só com ser­viços mí­nimos».

Desta forma, os tra­ba­lha­dores exi­giram «au­mentos sa­la­riais ime­di­atos e para 2023, que re­po­nham o poder de compra», e «a dig­ni­fi­cação das suas car­reiras pro­fis­si­o­nais».

Com os dados da manhã, a Fen­prof es­timou que «em 90 por cento das es­colas não houve aulas». Con­tudo, foram «vá­rias as es­colas que, tendo tido aulas du­rante a manhã em con­di­ções mí­nimas de fun­ci­o­na­mento, ti­veram de en­cerrar de tarde», as­si­nalou a fe­de­ração, in­di­cando as ra­zões dos do­centes, que acrescem aos mo­tivos co­muns a todos os tra­ba­lha­dores da Ad­mi­nis­tração Pú­blica.

Junto de um pi­quete, em Coimbra, ao início da manhã, Mário No­gueira ob­servou que, «se é ver­dade que dois por cento, para 2023, é o maior au­mento sa­la­rial da dé­cada, também é ver­dade que se trata da maior perda de poder de compra só num ano, ve­ri­fi­cada nos úl­timos 30 anos», como citou o SPRC.

Além da greve no dia 18, os en­fer­meiros fi­zeram greve no dia 17 e também an­te­ontem e ontem. O SEP/​CGTP-IN, que marcou a luta para exigir so­lu­ções para as dis­cri­mi­na­ções que o Mi­nis­tério da Saúde man­teve na con­tagem de pontos e no pa­ga­mento re­tro­ac­tivo da pro­gressão, re­gistou ní­veis de adesão acima de 60 ou 75 por cento, em cada dia, atin­gindo cem por cento em vá­rios cen­tros de saúde.

 

So­li­da­ri­e­dade ac­tiva

Di­ri­gentes e de­pu­tados do PCP es­ti­veram junto de pi­quetes de greve em vá­rios lo­cais de tra­balho. Paula Santos, da Co­missão Po­lí­tica do Co­mité Cen­tral e pre­si­dente do Grupo Par­la­mentar co­mu­nista, es­teve na noite de quinta-feira no Hos­pital de São José, em Lisboa. Poucas horas antes, An­tónio Fi­lipe, do Co­mité Cen­tral, es­ti­vera no es­ta­leiro da Câ­mara Mu­ni­cipal da Ama­dora. De manhã, o de­pu­tado Al­fredo Maia des­locou-se ao Hos­pital de São José e à es­cola Passos Ma­nuel.

Junto destes pi­quetes es­ti­veram também di­ri­gentes da CGTP-IN e o co­or­de­nador da Frente Comum, Se­bas­tião San­tana.

 



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