Brasil mobiliza-se pela democracia

A campanha para as eleições gerais de 2 de Outubro, no Brasil, começou oficialmente na terça-feira, 16. Estão registados mais de 25 mil candidatos e 156 milhões de eleitores, mais 8,5 milhões do que nas eleições municipais de 2020. A 2 de Outubro, cada eleitor brasileiro será chamado a eleger o presidente e o vice-presidente, um governador e um vice-governador, um senador e dois suplentes, um deputado federal e um deputado estadual (ou distrital, no caso do Distrito Federal de Brasília).

No caso das eleições para cargos executivos, como a Presidência da República ou os governos estaduais, haverá segunda volta se nenhum dos candidatos obtiver a maioria simples dos votos válidos (50% mais um) na primeira votação. A data da segunda volta, onde seja necessário, é 30 de Outubro.

A escolha do próximo presidente brasileiro é, porventura, a mais importante das decisões que serão tomadas na jornada eleitoral: o ex-presidente Lula da Silva volta a concorrer, com o apoio de 10 forças políticas (entre as quais o PT e o PCdoB), com a maioria das sondagens a dá-lo como favorito à vitória. Entre os restantes 10 candidatos conta-se o actual presidente, Jair Bolsonaro.

«Contra-ofensiva» democrática

No dia 11, realizaram-se em quase todas as regiões do Brasil mobilizações de rua, desfiles e outras acções de massas em defesa da democracia, convocadas a pretexto da leitura e divulgação da Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito, documento que nesse mesmo dia alcançou a adesão de mais de um milhão de subscritores. De acordo com movimentos populares, articuladas na campanha #Fora Bolsonaro, tiveram lugar 86 acções em 49 cidades, incluindo as 26 capitais estaduais e o distrito federal de Brasília.

No acto central, realizado na Universidade de São Paulo, centenas de representantes de movimentos sociais, sindicais, estudantis e populares, assim como juristas, académicos, artistas e políticos, escutaram a leitura do manifesto pró-democracia: «Queremos eleições livres e tranquilas, um processo sem notícias falsas nem intimidações», resumiu na Faculdade de Direito paulista o reitor Carlos Gilberto Carlotti. Na mesma cidade, a maior do país, o vice-presidente da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), Ubiraci Oliveira, afirmou: «Estamos aqui para ampliar a nossa luta, isolar e derrotar Bolsonaro e abrir caminho para um Brasil livre, democrático e soberano.»

A jornada não passou ao lado dos deputados do Partido Comunista do Brasil, que a considera uma «histórica contra-ofensiva» pela democracia. O líder do partido no Congresso, Renildo Calheiros, considerou-a um ponto alto da luta para impedir novos retrocessos: «Não aceitamos mais as ameaças de golpe, os ataques autoritários.» Já Jandira Feghali garantiu que «não há dois lados. Há um projecto e uma luta para retomar a democracia, para impor novamente a civilização. E há quem não respeita a Constituição e as instituições. Isso não é um lado». Para Orlando Silva, o 11 de Agosto «celebra a ampla união da sociedade» pela democracia.




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