«Carne para canhão»

Manuel Rodrigues

A Amnistia Internacional (AI), organização não governamental cuja orientação é conhecida, veio agora tornar públicas importantes revelações sobre a guerra na Ucrânia com o relatório «Tácticas militares ucranianas põem em risco civis», que identifica dezenas de situações em que tropas ucranianas se instalaram, intencionalmente, em zonas residenciais, hospitais e escolas.

Afirma a AI que estas tácticas transformam as população em autênticos «alvos militares», provocando a morte de cidadãos que não estariam, de outra forma, envolvidos nos combates, o que põe em risco a população em zonas de densidade populacional e viola o direito internacional humanitário.

De entre as dezenas de casos identificados, os soldados ucranianos encontravam-se a vários quilómetros da frente de combate, «com várias alternativas viáveis à sua disposição, sem nunca pôr em risco vidas civis». Acrescenta ainda o relatório que a AI não está a par, em nenhuma das situações, de qualquer iniciativa, tomada pelo exército ucraniano, para evacuar os edifícios em redor destas bases.

Tornado público o relatório, o poder ucraniano (e os seus mandantes dos EUA, NATO e UE) não gostou, reagiu e intimidou. Tão forte foi a pressão que a própria AI veio «lamentar profundamente a dor e a raiva» que causou, não deixando de sublinhar que «mantém a 100%» as conclusões a que chegou com base nas evidências apuradas.

Dito por outras palavras: intencionalmente ou não, a AI revelou que, para lhes servirem de «escudo humano», as forças ucranianas transformaram populações civis em autênticos «alvos militares».

Como diz o poema «por este rio acima» de Fausto, «a guerra é a guerra». E o que é mesmo urgente é pôr-lhe fim. É prosseguir a luta pela paz. Para o bem do povo ucraniano, do povo russo e de todos os povos do mundo, que o imperialismo, se pudesse, transformaria em «carne para canhão» na defesa dos seus interesses de exploração e de rapina. Como é, aliás, próprio da sua natureza.




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