De olhos postos na América Latina

Cristina Cardoso

Avanços na América Latina resultam da luta e de amplas alianças sociais

As forças progressistas ganham novo ímpeto na América Latina, o “pátio traseiro dos EUA” com uma extensa história de exploração e opressão colonial e brutais operações de subversão e ingerência imperialista. Uma história pautada por heróicas lutas de libertação nacional, pelo progresso e soberania, avanços e recuos, uma região que, neste momento, procura libertar-se das amarras do imperialismo. Exemplo que confirma a tese do nosso Partido de que perante sérios e perigosos desenvolvimentos, persiste «a resistência dos trabalhadores e dos povos, com potencialidades para o desenvolvimento da luta por transformações progressistas e revolucionárias».

Com a vitória das forças progressistas na Bolívia em Outubro de 2020 e consequente derrota do golpe de estado perpetrado pela direita reaccionária em conluio com os EUA, interrompendo um processo de afirmação soberana e de progresso social em curso, seguiram-se, no ano de 2021, importantes vitórias das forças progressistas e revolucionárias, no Peru, Nicarágua, Honduras e Chile, que desenham um «novo mapa» na integração latino-americana e na sua luta de resistência centenária em curso. A este processo somamos agora a Colômbia, cujo 1.º Presidente progressista, na história do país, tomou posse no passado dia 7 de Agosto. Gustavo Petro, que no seu discurso de tomada de posse reafirmou o seu compromisso de cumprir o Acordo de Paz de Havana, pondo fim a mais de 60 anos de violência e conflito armado, tem pela frente enormes desafios para pôr fim a um sistema de poder criminoso, que há décadas transformou a Colômbia num paraíso do narcotráfico e numa plataforma de agressão dos EUA contra os povos da América Latina.

O Brasil terá eleições a 2 de Outubro e tudo parece fazer crer que o governo de Bolsonaro sairá derrotado. Como nos outros países, está nas mãos da mobilização do povo brasileiro e das forças progressistas e revolucionárias que apoiam a candidatura de Lula, a vitória e retomar um caminho de progresso social e de desenvolvimento soberano.

Cuba Socialista e Venezuela Bolivariana continuam a resistir, debaixo de sucessivos bloqueios e agressões do imperialismo, resistência que em si mesmo representa uma importante vitória sobre o imperialismo que é importante valorizar.

Os êxitos eleitorais alcançados são expressão do profundo descontentamento dos povos que se traduziu em grandes mobilizações populares. São processos construídos por força da luta e de amplas alianças sociais, que contam com a participação e apoio dos comunistas.

Vitórias que nos animam mas que não se podem dar como irreversíveis. No entanto, são avanços que significam um grande revés para o imperialismo, habituado a “pôr e a dispor” sobre aqueles povos, mas que exigirão às forças progressistas e revolucionárias encontrar instrumentos para derrotar o poder instituído pelas classes dominantes e a sua subordinação, ao longo de décadas, ao imperialismo norte-americano. Avanços que só persistirão, se as forças vencedoras continuarem a dar resposta aos anseios dos trabalhadores e dos povos e se com eles continuarem a contar como força motriz da transformação.

De olhos postos na América Latina, solidarizamos-nos com a luta dos seus povos. Os seus avanços são alento para a nossa luta.




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