Não é cultura, é extorsão!
Figura do topo hierárquico dos banqueiros veio insurgir-se, face à indignação suscitada com os lucros acumulados pelos cinco principais bancos (1,3 mil milhões de euros), contra o que designa de «hostilidade cultural ao capital e à sua acumulação».
Não se conhecendo particular sensibilidade cultural dos que integram a nata financeira, seria mais natural que recorrendo a alguma alegoria se invocasse com mais assertividade figurações a propósito da saúde ou justiça. Se assim fosse, melhor se perceberia. A invocação de saúde sempre se compreenderia atendendo à obesidade dos lucros, manifestação patológica não para a banca mas para o conjunto da sociedade. E uma qualquer referência à justiça corresponderia por inteiro ao que se conhece do percurso da banca em matéria de gestão danosa, fraude, extorsão de recursos públicos. Independentemente das expressões usadas sobra o essencial. A confirmação de que a banca continua a amassar lucros sobre os direitos e o emprego de milhares de trabalhadores do sector e a extorsão de milhões de clientes. O “negócio” é imparável. Uma verdadeira trituradora de rendimentos de terceiros, sorvedouro dos mínguos salários e pensões, que se alimenta do sequestro forçado de centenas de milhar de famílias atiradas para o crédito à habitação como única perspectiva de ter tecto e da extorsão que as comissões bancárias impunemente produzem, e desse sugar das margens que as micro, pequenas e médias empresas dispõem para sobreviver. Sob esse engordar desmedido dos principais accionistas sucumbe o que competiria a uma banca pública assegurar, o desenvolvimento económico e social do País.