PS chumba propostas concretas do PCP para fixação de profissionais de saúde

O PS in­vi­a­bi­lizou o pro­jecto de lei do PCP com me­didas de in­cen­tivo à fi­xação de pro­fis­si­o­nais de saúde em uni­dades e áreas ge­o­grá­ficas ca­ren­ci­adas. Pa­tente voltou a ficar a con­tra­dição entre a acção do PS e do Go­verno e as pre­o­cu­pa­ções que dizem ter sobre os pro­blemas no SNS.

Salvar o SNS é uma pri­o­ri­dade

«No dis­curso mos­tram-se muito sen­sí­veis e pre­o­cu­pados mas de­pois não as­sumem a res­pon­sa­bi­li­dade de im­ple­mentar as me­didas que im­peçam que o SNS con­tinue a ser en­fra­que­cido», afirmou, dia 8, o de­pu­tado João Dias na sessão ple­nária onde o di­ploma co­mu­nista foi sub­me­tido a de­bate e vo­tação, jun­ta­mente com ini­ci­a­tivas do BE e PAN, igual­mente in­vi­a­bi­li­zadas.

A ilus­trar bem essa au­sência de re­lação entre o que o PS diz e o que faz está o novo es­ta­tuto do Ser­viço Na­ci­onal de Saúde,

apro­vado pelo Con­selho de Mi­nis­tros na vés­pera. As me­didas nele pre­vistas não só não re­solvem os pro­blemas es­tru­tu­rais que afectam o ser­viço pú­blico como «mantêm a agravam a pro­mis­cui­dade entre pú­blico e pri­vado», cri­ticou o par­la­mentar co­mu­nista, con­victo de que se está pe­rante uma «es­tra­tégia ne­o­li­beral da pri­va­ti­zação do Es­tado onde a saúde é lucro ga­ran­tido».

Pro­cu­rando jus­ti­ficar a re­jeição das pro­postas do PCP, pela voz da de­pu­tada Berta Nunes, o PS ar­gu­mentou que o Or­ça­mento do Es­tado para 2022 contém já re­forços aos in­cen­tivos para a fi­xação de mé­dicos em áreas ca­ren­ci­adas.

Está longe de ser su­fi­ci­ente, con­trapôs a ban­cada co­mu­nista, com João Dias a frisar que a «perda de re­cursos hu­manos» pros­segue a cada dia. Mais, sem «me­didas ur­gentes que ga­rantam a fi­xação e atracção de pro­fis­si­o­nais de saúde», alertou, é o pró­prio «fu­turo do SNS e a ga­rantia do di­reito à saúde por parte do povo por­tu­guês que fi­carão com­pro­me­tidos».

Aliás, em vá­rios ponto do País e em muitas es­pe­ci­a­li­dades a ca­rência de pro­fis­si­o­nais é de tal ordem, exem­pli­ficou João Dias, que em muitas uni­dades e ser­viços pú­blicos foram atin­gidos «pre­o­cu­pantes li­mites de vi­a­bi­li­dade».

In­verter esse ca­minho, tal era, pois, o sen­tido das pro­postas do PCP (ver caixa) des­ti­nadas a alargar os in­cen­tivos à fi­xação de pro­fis­si­o­nais de saúde. Ob­jec­tivo de novo adiado por res­pon­sa­bi­li­dade do PS.

 

As pro­postas do PCP

As pro­postas do PCP ti­veram por base a pre­missa de que a con­tra­tação e fi­xação de pro­fis­si­o­nais de saúde em áreas ge­o­grá­ficas com ca­rên­cias em saúde visa as­se­gurar não só a atri­buição de mé­dico e en­fer­meiro de fa­mília, como também de mé­dicos, en­fer­meiros e ou­tros pro­fis­si­o­nais em ou­tras «áreas de es­pe­ci­a­li­dade e con­textos», de molde a per­mitir a re­a­li­zação atem­pada de con­sultas, ci­rur­gias, exames e tra­ta­mentos. Sub­ja­cente às pro­postas es­teve ainda o pro­pó­sito de «as­se­gurar a co­ber­tura ter­ri­to­rial na pres­tação de cui­dados de saúde a que os utentes têm di­reito», como su­bli­nhou João Dias.

Não ig­no­rando as causas que levam os pro­fis­si­o­nais de saúde a pro­curar al­ter­na­tivas, no­me­a­da­mente no sector pri­vado e na emi­gração, o PCP pro­punha no seu di­ploma, para além de um au­mento de 50% da re­mu­ne­ração base, um acrés­cimo de 25% na con­ta­bi­li­zação do tempo de ser­viço para efeitos de pro­gressão na car­reira, atri­buindo, ainda, um apoio para com­pensar as des­pesas com a ha­bi­tação até ao valor de 700 euros men­sais.

Estes in­cen­tivos, apli­cá­veis a mé­dicos e en­fer­meiros, po­diam es­tender-se a ou­tras car­reiras na área da saúde, se­gundo a pro­posta do PCP, caso isso fosse con­si­de­rado ne­ces­sário para a fi­xação de pro­fis­si­o­nais de saúde.



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