Defesa dos direitos e do serviço público reclama a renacionalização dos CTT
A renacionalização dos CTT é fundamental para defender o serviço público postal universal e valorizar os direitos dos trabalhadores da empresa, concluiu-se numa audição promovida no dia 13 pelo PCP.
PS podia ter renacionalizado os CTT mas não quis
Em Junho, o PCP requereu a presença, na Assembleia da República, do ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, da ANACOM e das organizações representativas dos trabalhadores dos CTT (ORT) para avaliar a situação da empresa, de quem lá trabalha e da qualidade da prestação do serviço público, mas a pretensão esbarrou na oposição do PS. Foi a importância que o PCP atribui a estas matérias, como fez questão de salientar a presidente do Grupo Parlamentar, Paula Santos, que determinou a insistência nesta iniciativa, mesmo que apenas com as ORT.
Em várias intervenções, os representantes dos trabalhadores deram conta de como a situação da empresa se degrada aos vários níveis desde a privatização: os atrasos na entrega da correspondência atingem por vezes vários dias, encerram postos e estações em várias zonas do País, os trabalhadores são cada vez menos e as condições em que laboram cada vez piores.
José Augusto, da Comissão de Trabalhadores, salientou não ser aceitável «andar à chuva e ao sol para auferir o salário mínimo nacional», mas é esta a situação vivida diariamente por muitos carteiros. Já Vítor Narciso, do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT), contabiliza em 1200 os postos de trabalho extintos desde a privatização. Sobrando, para os que ficam, a intensificação dos ritmos de trabalho.
«A empresa não consegue cumprir um único parâmetro de qualidade do serviço», denunciou Jorge Neves, da CT, uma realidade que caminha a par e passo com o ataque aos trabalhadores e aos seus direitos. Mas os próprios trabalhadores são vítimas dessa degradação do serviço. Quem o afirmou foi Carlos Prazeres, do SNTCT, lembrando ser sobre eles que as pessoas descarregam as suas «justas queixas». De outras estruturas sindicais vieram também relatos da desmotivação de carteiros e outros trabalhadores.
Reafirmar compromissos
Da parte do PCP, insistiu-se na questão salarial, que também ali é central. Manuel Gouveia, da Comissão de Actividades Económicas, garantiu que «é preciso aumentar os salários a sério», pois a proposta da administração, de 7,50 euros, é «ridícula, para mais com uma inflação a 8,7 por cento.
Mas foi-se mais longe, mais concretamente à opção errada que constituiu a privatização dos CTT – concretizada em 2014 pelo governo PSD/CDS e, como lembrou Manuel Gouveia, «o PS teve todas as condições nos últimos seis anos para renacionalizar os CTT, e não o fez porque não quis». É precisamente esta questão que tem de ser colocada na ordem do dia, salientou Paula Santos. «Defender os interesses dos trabalhadores e das populações passa pela defesa do serviço público postal universal», acrescentou.
Paula Santos, que integra também a Comissão Política do CC, terminou com uma garantia: na audição ao presidente do Conselho de Administração dos CTT, a única que o PS permitiu, o PCP «levará a voz e o protesto dos trabalhadores», tão bem expressos naquela iniciativa.