Por todo o mundo se luta
EUA querem impor os seus ditames
O comunicado do Comité Central do PCP, que resulta da sua reunião de 5 e 6 de Junho, sublinha importantes traços que caracterizam a evolução da situação internacional.
Uma situação que evidencia, entre outros significativos aspectos, que os EUA – aplicando a velha máxima quem não está comigo, está contra mim e por todos os meios ao seu alcance – procuram, uma vez mais, traçar linhas de divisão no mundo e, de novo, forçar um quadro internacional gizado por si e estabelecido à medida das suas ambições de domínio imperialista.
Uma violenta política que, como a realidade demonstra, não só é dirigida contra a China e a Rússia, mas igualmente contra todos os outros países e povos do mundo que defendam a sua soberania e legítimos interesses, procurando impor o seu isolamento económico e político no plano internacional.
Veja-se a vergonhosa e inaceitável postura dos EUA na denominada Cimeira das Américas, que está está a ter lugar de 6 a 10 de Junho, em Los Angeles. Na continuidade da activa e crescente política de ingerência e agressão levada a cabo pela Administração Trump contra diversos países da América Latina e das Caraíbas, a actual Administração norte-americana, presidida por Biden, está de novo e de forma ostensiva a transformar esta Cimeira numa verdadeira Cimeira da América.
Replicando os automatismos impositivos e tiques neocoloniais que têm caracterizado a sua postura na Organização dos Estados Americanos (OEA) – criada pelo imperialismo norte-americano como instrumento de ingerência e domínio na América Latina –, os EUA decidiram testar e forçar o alinhamento dos países latino-americanos e caribenhos com a sua política de confrontação ao nível mundial e, particularmente, de isolamento político e económico de Cuba, da Venezuela e da Nicarágua, impedindo deliberadamente a participação destes países na Cimeira.
Política dos EUA contra Cuba, a Venezuela e a Nicarágua que, ao longo de décadas, se tem traduzido numa permanente acção de ingerência, em múltiplas ameaças e chantagens, em operações de desestabilização, golpes de Estado e agressões, na imposição de sanções e bloqueios – de que é mais gritante exemplo o criminoso bloqueio económico, comercial e financeiro que os EUA impõem contra Cuba há mais de 60 anos.
Uma violenta política que, visando particularmente e assumindo uma maior gravidade – neste momento – contra estes três países, caracteriza décadas de política dos EUA contra todos os povos latino-americanos e caribenhos, os seus direitos e soberania.
Veja-se o modo banal como é noticiado (El País, 5 de Junho) que a Administração norte-americana «autoriza» empresas petrolíferas de Espanha e de Itália a importar petróleo da Venezuela sem serem alvo de represálias dos EUA, para, diz-se, «compensar» as consequências das sanções impostas pelos EUA e a UE contra a Rússia. Um cínico gesto dos EUA que, para além de impor como condição a inexistência de transacções financeiras para a Venezuela – mas a troca por dívida –, aponta como objectivo a diminuição da exportação de petróleo venezuelano para a China e que, sublinhe-se, é pago por este país à Venezuela.
A digna e corajosa resposta de muitos dos líderes dos países latino-americanos e caribenhos às manobras e dislates dos EUA – alguns dos quais tomando a decisão de não estar presentes em los Angeles – foi clara e contundente na afirmação de que a América Latina e as Caraíbas não são mais o pátio traseiro do imperialismo norte-americano.