América Latina e Caraíbas rejeitam pretensões de dominação imperialista
Os chefes de Estado e de Governo da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América-Tratado de Comércio dos Povos (ALBA-TCP) rejeitaram em Havana as pretensões de dominação imperialista sobre os povos da América Latina e das Caraíbas para manter dividida a região em função de interesses hegemónicos.
XXI Cimeira da ALBA-TPC: «Unidos ninguém poderá silenciar-nos»
Na declaração final da XXI Cimeira da ALBA-TCP, que se reuniu no dia 27 de Maio na capital cubana, os países membros ratificaram o compromisso com o fortalecimento do grupo regional como instrumento de união dos povos. Confirmaram que essa decisão se sustenta nos princípios de solidariedade, justiça social, cooperação e complementaridade económica.
O secretário-geral da ALBA-TCP, Sacha Llorenti, afirmou que a reunião escreve uma página de dignidade na história do hemisfério ocidental e repudia as exclusões e o tratamento discriminatório pela denominada IX Cimeira das Américas, em Los Angeles, prevista de 6 a 10 de Junho.
Em Havana, no discurso de abertura do encontro da ALBA-TCP, o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, insistiu na necessidade de unir vontades para construir consensos e avançar na integração regional, não como um mero slogan mas por uma necessidade histórica. «Unidos ninguém poderá silenciar-nos, como não puderam quebrar a colaboração e a solidariedade que permite aos países de menos recursos enfrentar os duros desafios da nossa época», disse. E destacou que a pandemia de COVID-19 põe em tensão as economias e os sistemas de saúde mas, por outro lado, obriga a gerar iniciativas colectivas para enfrentar o complexo desafio global.
Outros dirigentes presentes na cimeira em Cuba reafirmaram valores comuns dos povos da região.
Para o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, «a ALBA é o caminho da união e da libertação dos povos das Américas», considerando que valeu a pena a luta dos latino-americanos e caribenhos para erguer a bandeira da unidade.
A ALBA-TCP foi criada em 2004, pelos então presidentes de Cuba, Fidel Castro, e Hugo Chávez, da Venezuela, como resposta ao projecto neoliberal que os EUA pretendiam impor no continente. O grupo regional é constituído por Cuba, Venezuela, Nicarágua, Bolívia, San Vicente e Granadinas, Granada, Dominica, Antígua e Barbuda, San Cristóbal e Nevis e Santa Lucía.
Exclusões inaceitáveis
No Palácio da Revolução, em Havana, os representantes de diversos países destacaram o trabalho dos cientistas cubanos na produção de vacinas próprias contra a COVID-19 com altos níveis de efectividade, apesar do bloqueio dos Estados Unidos da América.
Os participantes na cimeira da ALBA-TCP agradeceram a corajosa e digna posição assumida por governos, actores sociais, organizações e povos do continente, que rejeitaram de maneira contundente as exclusões de Cuba, Venezuela e Nicarágua da reunião em Los Angeles.
Sentenciaram que tal exclusão constitui um grave retrocesso histórico nas relações hemisféricas, ofende os povos latino-americanos e caribenhos e evidencia o tratamento discriminatório contra representantes de países da América Latina e das Caraíbas.
O primeiro-ministro de Dominica, Roosevelt Skerrit, afirmou ser inaceitável que os EUA decidam quem vá a esse encontro. O presidente da Bolívia, Luis Arce, e o primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, Ralph Gonsalves, asseguraram que não assistirão à reunião na cidade norte-americana. Sabe-se também que os presidentes do México, López Obrador, e das Honduras, Xiomara Castro, não participarão devido à decisão de Washington de excluir Cuba, Venezuela e Nicarágua.