Plano inclinado

Vasco Cardoso

O resultado da CDU está em construção. Uma construção colectiva, feita por milhares de activistas cuja intervenção é animada pela consciência de que é no reforço CDU que se encontra a chave para uma vida melhor.

Mas nesta batalha eleitoral, e mesmo antes que sejam conhecidos esses resultados, é preciso ter a consciência de que as diferentes forças políticas não lutam com as mesmas armas. Entre os eleitores e as diferentes forças políticas ergue-se um poderoso instrumento que, ao serviço do capital e da sua agenda reaccionária, procura condicionar a decisão de cada um.

Nestes meses, o tratamento dado à CDU por parte dos principais órgãos de comunicação social, visa no fundamental, condicionar as suas reais possibilidades de crescimento.

Enfrentamos, como mais ninguém enfrenta, o efeito prolongado da campanha anticomunista e das suas recorrentes operações baseadas na mentira e na calúnia. Deparamo-nos com um exército de comentadores ditos independentes e que falam a uma só voz, ora responsabilizando os comunistas pelo chumbo do OE, ora apresentando a CDU como uma «força em perda», ora apagando propositadamente as nossas propostas que chocam de frente com os interesses de quem lhes paga. Confrontamo-nos com sondagens diárias que, mais do que aferir, procuram condicionar a opinião, favorecendo a bipolarização, puxando pela direita, desvalorizando a CDU. Assistimos à promoção de outros, com o branqueamento das suas responsabilidades, com a ausência de escrutínio das promessas que fazem, com a fixação no acessório para esconder o essencial. E para que não fique a ideia de que se trata de uma crítica abstracta, veja-se a cobertura dada pela SIC à CDU, comparativamente com as outras forças e cada um tire as suas conclusões.

É por isso que o esforço que nos é pedido para conquistar votos para a CDU exige que falemos com os trabalhadores e para o povo, tanto quanto possível, sem intermediários. Não há outra forma para vencer o plano inclinado em que disputamos eleições. Um a um. Voto a voto. É disso que falamos quando dizemos que o resultado da CDU está em construção. E somos nós que o temos de construir.

 



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