Solidariedade é o verbo
«A solidariedade não supõe que as nossas lutas sejam as mesmas lutas, ou que a nossa dor seja a mesma dor, ou que a nossa esperança seja para o mesmo futuro. Solidariedade envolve compromisso e trabalho, bem como o reconhecimento de que mesmo que não tenhamos os mesmos sentimentos, ou as mesmas vidas, ou os mesmos corpos, vivemos em terreno comum.» As palavras da escritora e académica anglo-australiana Sara Ahmed foram citadas pela actriz britânica Emma Watson, que há dias publicou no Instagram uma imagem de apoio à causa palestiniana com a mensagem «solidariedade é um verbo».
A actriz junta-se a outras entidades, como a escritora irlandesa Sally Rooney, que em Outubro rejeitou o acordo de edição em Israel do seu livro Beautiful World, Where Are You, por apoiar a campanha que visa «acabar com o apoio externo à opressão israelita contra os palestinianos e pressionar Israel a cumprir a lei internacional». Na ocasião, Rooney lembrou que o «sistema israelita de tendência racial e segregação contra os palestinianos corresponde à definição de apartheid na lei internacional».
Como é hábito, as autoridades israelitas rotularam Emma Watson de antissemita. Fraco e estafado argumento quando o ano de 2021 foi dos mais mortíferos para os palestinianos desde 2014: só em Maio, as forças de ocupação mataram mais de 300 palestinianos, incluindo mais de setenta crianças; centenas de prédios foram demolidos, num processo que continua, como mostra a demolição parcial, dia 4, de um hospital que serve dezenas de milhares de pessoas em Jerusalém Oriental; os colonatos não pararam de crescer; as Marchas pelo Direito ao Retorno foram recebidas com fogo real à aproximação do muro da vergonha.
«Solidariedade é o verbo» é o mínimo que se pode pedir.