URAP homenageou Centenário do PCP

As gerações que não viveram no fascismo devem conhecer as histórias dessas décadas de opressão e a história da resistência antifascista, na qual se destaca a exemplar actividade do PCP.

O anticomunismo não se dirige só ao PCP, visa o 25 de Abril e os seus avanços

A União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP) realizou na tarde de sábado, 27 de Novembro, uma sessão no auditório da Escola Secundária de Camões, em Lisboa, «para celebrar o centenário do Partido Comunista Português, a força que exemplarmente se bateu, como nenhum outra, décadas seguidas, contra o regime fascista», e que igualmente lutou «para que a Revolução triunfasse e o fascismo fosse derrotado, para que direitos e conquistas sociais, políticas, culturais, económicas fossem alcançados, se realizassem eleições e se elaborasse e promulgasse a nova Constituição».

Ao abrir a sessão, o coordenador da URAP lembrou que esta é uma «organização que congrega homens e mulheres que resistiram durante o fascismo, e outros, mais jovens, que lutam para que este não volte a Portugal», uma«associação de antifascistas, na qual, desde a sua criação, muitos militantes comunistas se congregaram para, em conjunto com outros democratas, antifascistas e a sociedade em geral, criar espaços de encontro e de luta pela defesa das conquistas do 25 de Abril».

José Pedro Soares referiu, entre outros aspectos da actividade desenvolvida, algumas obras editadas pela URAP (Forte de Peniche, memória, resistência e luta, O MJT e o movimento da juventude trabalhadora e Elas estiveram nas prisões do fascismo) e adiantou que «estão em estado avançado de preparação outras edições, sobre as sinistras cadeias na fortaleza de Angra do Heroísmo e no forte de Caxias».

Ao exprimir «o maior reconhecimento e admiração ao PCP, oPartido a que muitos de nós, por convicção e decisão própria, pertencemos», José Pedro Soares realçou «o papel insubstituível e inigualável que o PCP desempenhou e continua a desempenhar na sociedade portuguesa».

O coordenador da URAP observou que o PCP «foi a força política que, desde o início, ajudou a organizar os operários e restantes trabalhadores e impulsionou o desenvolvimento das suas lutas, sendo também indispensável na organização e luta de outras camadas da sociedade (jovens, intelectuais, mulheres), ajudando a criar movimentos e estruturas específicas, muito importantes na luta contra o fascismo e por uma sociedade de mais igualdade, com mais justiça, uma sociedade mais livre e democrática».

Alertou que «hoje, o anticomunismo e expressões igualmente reaccionárias não se dirigem apenas e unicamente ao PCP, em muitos casos, pretendem, sim, atingir a democracia, o 25 de Abril e os seus avanços democráticos e progressistas».

Música e poesia

Em breves depoimentos gravados, saudaram a sessão e o PCP Maria José Ribeiro (da direcção da URAP e do seu núcleo no Porto), Levy Baptista (presidente da Assembleia Geral da URAP), os jovens Nicole Santos, Seyne Torres e Rúben Martins – este levando também ao palco a viola e a voz, celebrando os cem anos do Partido «do meu avô que agora também é o meu».

Foram projectadas imagens que evocaram a Rádio Portugal Livre, o dia 25 de Abril de 1974, a libertação dos presos políticos, a chegada de Álvaro Cunhal a Lisboa, a trasladação de tarrafalistas para o cemitério do Alto de S. João e manifestações populares em democracia.

Regina Correia declamou A Internacional e deu voz a Ary dos Santos. A força da música e da poesia ficou patente nas vozes de Maria Anadon e José Barros e nas violas deste e de Davide Zacarias. Ogrande final aconteceu com mais de quatro dezenas de vozes do Coro Infantil da Universidade de Lisboa, dirigido pela maestrina Erica Mandillo e acompanhado ao piano por João Lucena e Vale.


Saudação do PCP

Para saudar a URAP «pelo esforço e o empenho que tem tido na denúncia, no esclarecimento do que foi o fascismo, do que custou ao nosso povo e de todo o combate que hoje travamos na defesa do regime democrático», usou da palavra Manuel Rodrigues, membro da Comissão Política do Comité Central do PCP, director do Avante!e que integra a comissão do Partido para as comemorações do Centenário.

Da «relevante intervenção» da URAP, destacou «as sessões, debates, conversas, em particular com os jovens, a edição de livros e outros materiais e o extraordinário papel desenvolvido na concretização do Museu Nacional Resistência e Liberdade».

A URAP foi«fundada por resistentes antifascistas com quem partilhámos muitos combates na luta contra o fascismo em Portugal, luta que prossegue na actualidade», assinalou Manuel Rodrigues, que constituiu, com José Capucho, do Secretariado e da Comissão Política do Comité Central, a delegação do Partido na sessão.

Como «membros da URAP, que tanto das suas vidas deram quer na luta de resistência ao fascismo, quer na luta pelos extraordinários avanços da Revolução de Abril, quer pelos muitos combates em defesa das suas conquistas», evocou, «entre tantos outros destacados combatentes», os recentemente falecidos Sérgio Carvalhão Duarte – que «militou nos movimentos contra a ditadura, como o MUD e o MUNAF, participou nas campanhas eleitorais para a Presidência da República, de Norton de Matos e Humberto Delgado, e esteve envolvido nas lutas dos médicos por diversas causas de classe» – e Luísa Irene Dias Amado – «que foi militante antifascista desde a juventude, pertenceu ao MUD Juvenil e ao MUD, foi autora dos versos “cantemos um novo dia”, que, uma vez musicados por Lopes-Graça, se viriam a tornar hino do MUD Juvenil, e pertenceu igualmente à Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos».





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