Grandes manifestações populares contra golpe de Estado militar no Sudão

O deposto primeiro-ministro do Sudão, Abdalah Hamdok, exigiu à cúpula militar a reposição do governo provisório como passo para normalizar a actual situação de crise naquele país africano, informaram fontes oficiais.

Segundo um comunicado do Ministério da Informação, lido na terça-feira, 2, perante embaixadores de diversos países, entre eles da Noruega e do Reino Unido, Hamdok também reclamou a libertação dos ministros detidos. Actualmente, o ex-primeiro-ministro encontra-se em prisão domiciliária, depois do golpe de Estado militar ocorrido no dia 25 do mês passado.

Após rechaçar o golpe, encabeçado pelo presidente do entretanto dissolvido Conselho Soberano de Transição, general Abdelfatah al-Burhan, o ex-chefe do governo pediu o regresso «à situação anterior a 24 de Outubro».

As declarações de Hamdok surgem num contexto marcado por grandes manifestações populares em Cartum e noutras cidades do país, convocadas por organizações como as Forças para a Liberdade e a Mudança e a Associação de Profissionais do Sudão, uma e outra integradas por partidos políticos, sindicatos e agrupamentos da sociedade civil.

Estas organizações anunciaram que continuarão os protestos nas ruas. A Associação de Profissionais do Sudão proclamou, através de um porta-voz, que o governo militar significa a ditadura, pelo que a luta prosseguirá «apesar das mortes, violações e prisões», até que os militares deixem a cena política para que «o povo seja dono de si próprio».

Antes, no sábado, 30 de Outubro, as forças que se opõem ao golpe levaram a cabo a Marcha do Milhão, com demonstrações em 25 cidades sudanesas e em capitais no estrangeiro.

Fontes médicas assinalaram que os confrontos entre manifestantes e forças policiais no Sudão nos últimos dias resultaram em 12 mortos e mais de uma centena de feridos.

Diversas organizações internacionais, entre elas as Nações Unidas, a União Africana e a Liga Árabe exigiram às autoridades militares de facto que devolvam o poder a um governo civil e restituam as garantias constitucionais no país.

Fontes humanitárias asseguram que o Sudão, onde em meados de Setembro foi registada uma tentativa falhada de sublevação militar, sofre acentuada crise económica, com elevada inflação, escassez de alimentos e altos preços dos combustíveis e medicamentos.

Em 2019, o Sudão foi palco de grandes protestos populares contra o presidente Omar al-Bashir, que foi forçado a retirar-se, após 30 anos de poder. Militares e civis acordaram então um período de transição para a democracia, período que deveria culminar com eleições no próximo ano. Receia-se agora que o acordo não se concretize, apesar do general al-Burhan ter afirmado que nomeará em breve um governo e que as eleições terão mesmo lugar em 2022.




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