Negociação com luta nos transportes
As recentes greves levaram à marcação de reuniões com os patrões dos transportes rodoviários de passageiros, mas a mobilização mantém-se neste sector e decorrem lutas em outras empresas.
Não basta que os patrões aceitem reunir-se com os sindicatos
A associação patronal Antrop, onde predomina o Grupo Barraqueiro, aceitou reunir-se com a Fectrans e demais sindicatos no dia 26, terça-feira. Com a administração do Grupo Transdev vai haver uma reunião semelhante, amanhã à tarde.
Para que se passasse à mesa de negociações foi determinante a grande participação dos trabalhadores nas greves realizadas a 20 de Setembro e 1 de Outubro, pelo aumento dos salários e pela redução do intervalo de descanso.
Ao realçarem o valor da luta realizada, a federação da CGTP-IN e os sindicatos Sitra e Snmot, num comunicado conjunto, sublinham que «agora, não basta reunir, é preciso ter disponibilidade para negociar» as reivindicações e travar a tendência para que o transporte privado rodoviário de passageiros seja, a muito breve prazo, um sector em que se generalize o salário mínimo nacional.
Para que as profissões sejam valorizadas e os trabalhadores estejam motivados, são reafirmadas as exigências de aumento imediato do salário-base de motorista, para 750 euros, com repercussão semelhante no salário dos demais trabalhadores e no subsídio de refeição. Para regular os horários de trabalho, o intervalo de descanso entre períodos laborais deve limitar-se ao máximo de duas horas.
Os sindicatos admitem voltar a convocar greve, ainda em Novembro, caso não ocorram avanços na negociação com o patronato.
Em greve
Durante um período de greve, na manhã do dia 15, os trabalhadores da Carristur reuniram-se em plenário, na Praça do Município, e decidiram prosseguir a luta, com nova greve, a 2 de Novembro, e também com recusa de trabalho suplementar.
Apesar de algumas respostas em sentido positivo, avançadas mais recentemente pela administração, há «muitas matérias ainda por resolver», afirma-se numa nota divulgada no sábado pela Fectrans, onde são elencadas as reivindicações, inscritas numa resolução aprovada no plenário.
Por falta de respostas do ministro do Ambiente e do presidente do Metropolitano de Lisboa, as organizações sindicais convocaram greve para terça-feira, dia 26, das 05h00m às 09h30m (das 09h30m às 12h30m para os trabalhadores administrativos, de apoio e técnicos superiores).
Em plenário, na tarde de quinta-feira, dia 14, os trabalhadores da Transtejo mandataram os seus representantes sindicais para convocarem cinco dias de greve, também de três horas por turno, como a de 21 de Setembro e outras realizadas este ano.
Os trabalhadores da PXM Transportes Urbanos de Faro, em luta por aumentos salariais e outras reivindicações, decidiram fazer greve, nos dias 2 a 5 de Novembro, e uma vigília, no dia 2, junto às instalações da empresa do Grupo Barraqueiro que opera sob a marca «Próximo». Esta foi uma das empresas onde foram aplicados «castigos» aos trabalhadores que fizeram greve a 20 de Setembro e 1 de Outubro, acusou a Fectrans.
Na Sociedade de Transportes Colectivos do Porto decorre, desde dia 9, um período de greves às últimas quatro horas de trabalho, cujo pré-aviso vale até 31 de Dezembro, por um acréscimo salarial à actualização prevista num acordo que o STRUN não subscreveu. O sindicato da Fectrans rejeita também que a administração use como chantagem a aplicação de matérias já acordadas.
Transtejo suprime por falta de pessoal
As frequentes supressões de carreiras na Transtejo, alegando falta de trabalhadores – como a que foi anunciada anteontem para os dois dias seguintes, nas ligações nocturnas entre Cacilhas e Cais do Sodré – não se devem a qualquer conflito laboral, alertou a Fectrans.
A «falta de recursos humanos operacionais» é «uma questão estrutural», que seria resolvida com respostas positivas às reivindicações dos trabalhadores, onde se inclui a admissão de pessoal, que o Governo continua a ignorar, observa a federação, manifestando solidariedade com os protestos dos utentes, «cada vez mais mal servidos devido ao desinvestimento nestas empresas públicas» e questionando se o Governo procura «razões para medidas de alienação das empresas».