Aniversário da CGTP-IN passado a lutar
A 1 de Outubro, 51 anos depois da fundação da Intersindical, a Secretária-geral da CGTP-IN esteve em acções de luta de trabalhadores da Sonae Distribuição, na Maia, e do Grupo Madureira’s, no Porto.
Só a luta organizada pode travar o agravamento da exploração
Estes foram dois casos que, pela participação de Isabel Camarinha, mereceram destaque, naquele que foi mais um dia de luta em diversos sectores e distritos.
«O que falta nos salários dos trabalhadores está nos lucros milionários que todos os anos estas empresas apresentam, e 2021 não está a ser excepção», protestou o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP), sobre a concentração de dirigentes e delegados sindicais em frente da sede da Sonae Distribuição, dona do Continente e actual presidente da associação patronal da grande distribuição (APED).
Esta acção, a meio da manhã, teve por objectivo exigir resposta às propostas sindicais de revisão do contrato colectivo de trabalho e de aumento dos salários de todos os trabalhadores.
Desde 2010, o contrato teve apenas uma revisão anual e não é alterado desde 2016, porque a APED tem bloqueado as negociações, impedindo a revisão dos salários dos mais de 120 mil trabalhadores deste sector.
O CESP ilustrou a desvalorização dos salários, este período: se o aumento de 190 euros do salário mínimo nacional, nestes 10 anos, fosse reflectido nos valores da tabela salarial do contrato colectivo de trabalho, milhares de trabalhadores da categoria de operadores especializados estariam a auferir 805 euros, ou seja, mais 140 euros do que recebem actualmente.
À mesma hora, frente ao centro comercial Vasco da Gama, a União dos Sindicatos de Lisboa levou a cabo uma acção de denúncia pública e de esclarecimento dos trabalhadores, com vista ao reforço da organização sindical em sectores como o comércio, a hotelaria, a limpeza e as telecomunicações e audiovisual.
Com a participação de Libério Domingues, coordenador da USL e membro da Comissão Executiva da CGTP-IN, e de outros dirigentes, esta iniciativa chamou a atenção para a grande exploração de que os trabalhadores ali são alvo. No Vasco da Gama, imperam os baixos salários, o trabalho com vínculo precário, o trabalho por turnos e a desregulação dos horários laborais.
No dia 1 os comboios Alfa e Intercidades circularam sem serviço de refeições, devido à adesão praticamente total que teve a greve dos trabalhadores dos bares nestes serviços. A nova concessionária, Apeadeiro 2020, faltou à palavra e não pagou o salário de Setembro nem o subsídio de férias, explicou a Federação dos Sindicatos da Alimentação, Hotelaria e Turismo.
Pela sexta vez, desde 18 de Junho, trabalhadores de restaurantes do Grupo Madureira’s manifestaram-se frente a um dos estabelecimentos, denunciando a forma como a empresa impôs o despedimento colectivo de 50 pessoas, sem respeitar as obrigações legais. Na hora de almoço de 1 de Outubro, junto ao restaurante Campo Alegre, Isabel Camarinha indicou este caso como exemplo de como as grandes empresas foram, de facto, quem efectivamente beneficiou com os apoios do Estado para resposta aos problemas causados pela epidemia de COVID-19.
Nuno Coelho, dirigente do Sindicato da Hotelaria do Norte, explicou à agência Lusa que a empresa, em vez das verbas devidas como indemnização pelo despedimento, decidiu «pagar valores muitos baixos e durante 12 meses, o que faz com que alguns recebam pouco mais de 40 euros por mês».
A União dos Sindicatos do Norte Alentejano realçou, no dia 1, duas «acções de afirmação da liberdade sindical»: uma reunião de trabalhadores da EPAL/VT, na ETAR de Portalegre, promovida pelo STAL, na qual foi decidido intensificar a luta pela aplicação do Acordo Colectivo de Trabalho: a terceira afixação de faixas e pendões sindicais, na sede do Agrupamento de Escolas de Nisa, envolvendo os sindicatos dos Professores e da Função Pública, com resgate da faixa que fora mandada retirar, pela segunda vez em poucos dias, pela vereadora da Educação da CM de Nisa.
Cultura e desporto
Com o 29.º Encontro de Cicloturismo, ontem, dia 5, a União dos Sindicatos de Lisboa retomou uma iniciativa de desporto e confraternização, após dois anos de interrupção, e assinalou o 51.º aniversário da CGTP-IN.
No Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz, a 30 de Setembro, com a participação da Secretária-geral da CGTP-IN, foi inaugurada uma exposição alusiva ao cinquentenário da confederação. A sessão serviu igualmente para apresentação do terceiro volume dos «Contributos para a História do Movimento Operário e Sindical».
No dia 25 de Setembro, o Sindicato da Hotelaria do Norte organizou a 1.ª Corrida de Bandeja Porto-Gaia, através da Ponte D. Luís, integrando-a nas comemorações do Dia Mundial do Turismo, dos 51 anos da CGTP-IN e dos 123 anos do sindicato.
Esta foi a 21.ª corrida de bandeja organizada pelo sindicato e também serviu para «exigir a reabertura de todas as empresas, a reposição de todos os direitos, o pagamento dos salários em atraso, a negociação da contratação colectiva e salários dignos e justos».
Reintegrados!
No dia 1 de Outubro retomaram o serviço, nos seus postos e locais de trabalho, com uma nova concessionária, os 19 trabalhadores das cantinas e bares do Instituto Politécnico do Porto, que pertenciam à Statusvoga. «Valeu a pena a resistência e a luta destes trabalhadores e a intervenção do sindicato», comentou a Direcção do Sindicato da Hotelaria do Norte, revelando ainda que estes trabalhadores, ao fim de cinco meses, tinham recebido na véspera uma comunicação da Segurança Social a informar que os apoios requeridos ao abrigo dos salários em atraso foram deferidos.
Retomou o seu posto de trabalho, com todos os direitos, no dia 1, uma trabalhadora da Eurest que tinha sido incluída no despedimento colectivo que a empresa anunciou no dia 8 de Março e que atingiu mais de uma centena de trabalhadores (mulheres, na grande maioria), anunciou o Sindicato da Hotelaria do Norte.
Joana de Jesus, dirigente sindical, «recusou qualquer acordo indemnizatório, manteve-se firme e determinada na defesa dos seus direitos como trabalhadora e, com o apoio incondicional do seu sindicato de classe, exigiu a sua reintegração nos quadros da empresa». O desfecho «demonstra que vale sempre a pena lutar», comentou o sindicato.