Negociação ou novas lutas após greve nos autocarros
Depois da «nova demonstração de força dos trabalhadores», com a greve de dia 1, a Antrop e as administrações das empresas devem encetar negociações. Caso contrário, é «inevitável» retomar a luta.
Os salários são muito baixos, apesar da grande exigência profissional
A meio da tarde de sexta-feira, 1 de Outubro, a Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações divulgou uma saudação a «todos os trabalhadores do sector privado rodoviário de passageiros», que nesse dia «estiveram em luta pelo aumento dos salários», «de norte a sul do País». A Fectrans/CGTP-IN assinalou que a greve «contou com uma elevada adesão dos trabalhadores, tendo como consequência a paralisação de muitas carreiras no território nacional».
Pela segunda vez, depois da greve de 20 de Setembro, «na maioria das empresas» os trabalhadores «afirmaram bem alto a sua exigência de aumento dos salários e afirmaram a disponibilidade para continuarem esta luta».
Para a federação e os seus sindicatos no sector, «o balanço global da adesão dos trabalhadores é bastante positivo»: «numa parte significativa do País (centro e norte) houve mais empresas em que a greve se fez sentir e, noutras, a adesão aumentou, havendo desta vez mais empresas com adesões a 100 por cento», um aumento que «compensou largamente as empresas onde houve diminuição de adesão, na sequência de processos ilegais de castigos e pressão sobre os trabalhadores».
«Depois destes dois dias de greve, a associação patronal [Antrop] e as administrações de empresas ou dos grupos de empresas têm a oportunidade de encetar processos de negociação» sobre as reivindicações dos trabalhadores e as propostas sindicais. A federação previne, contudo, que, «se não houver essa abertura nos próximos dias, a continuação da luta é inevitável».
Estão em causa as empresas onde se aplica o contrato colectivo de trabalho (vertical), filiadas ou não na Antrop e ainda empresas com acordos (AE) próprios, mas onde os trabalhadores lutam pela valorização dos salários, sem respostas patronais.
Os trabalhadores reclamam um aumento imediato do salário-base de motorista, para 750 euros, e a actualização, na mesma percentagem, do salário dos demais trabalhadores e do subsídio de refeição.
É também exigida a redução do intervalo de descanso para o máximo de duas horas.
Solidariedade
A federação informou que, durante o dia 1, recebeu mensagens de solidariedade de outras organizações nacionais e internacionais, mencionando a FUTAC (Federação Unitária de Transportes, Portos, Pesca e Comunicações da América Latina e Caribe, filiada na UIS, estrutura sectorial da Federação Sindical Mundial) e da Assembleia Socialista Nacional de Trabalhadores dos Transportes da Venezuela.
Com o piquete e outros trabalhadores em greve, esteve na estação da Rodoviária de Lisboa, em Santa Iria de Azóia, uma delegação do PCP, de que fez parte o deputado Bruno Dias.