Luta dos enfermeiros requer apoio dos utentes

«Agora somos nós que precisamos de si», apela o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, suscitando o apoio da população para melhores condições de trabalho e mais qualidade na prestação de cuidados.

Não bastam elogios do Governo, faltam as soluções há muito exigidas

 

O sindicato anunciou, esta semana, uma campanha que se desenvolve a nível nacional e visa recolher assinaturas, designadamente no site do SEP/CGTP-IN (www.sep.org.pt/agora-somos-nos), «por melhores condições de trabalho, que significam mais segurança e mais qualidade nas prestações dos cuidados de saúde».

No texto que propõe à subscrição, o sindicato assinala que, «apesar de o poder político reconhecer o esforço, a disponibilidade e o carácter excepcional dos enfermeiros no combate à pandemia e na retoma da actividade dos hospitais e centros de saúde», os profissionais e os utentes continuam «confrontados com graves problemas que têm de ser ultrapassados».

Como exemplos, refere-se «o elevado número de enfermeiros em situação precária, apesar de serem imprescindíveis para garantir o acesso dos cidadãos ao Serviço Nacional de Saúde», e «as elevadas cargas horárias, com milhares de horas extraordinárias que poderiam diminuir, caso fossem admitidos mais enfermeiros».

Se «o SNS demonstrou o quanto é decisivo para garantir o acesso universal e geral» e «os enfermeiros demonstraram, hoje como sempre, que o seu foco são os utentes, as suas famílias e as comunidades», «precisamos, agora, que junte a sua voz à nossa», conclui o sindicato, exortando: «subscreva esta causa para, juntos, pressionarmos quem decide».

Para esclarecer e sensibilizar os utentes sobre a situação do SNS e a luta dos enfermeiros, o SEP ergueu um «hospital de campanha» na baixa de Lisboa, no dia 11. Na tenda, instalada no cruzamento das ruas Augusta e da Vitória, foram oferecidos aos transeuntes conselhos sobre hábitos de vida saudável, a par da medição do peso, da glicemia ou da tensão arterial.

Uma dirigente do sindicato valorizou «o carinho da população», expresso ao longo do dia, e observou que, para que acções semelhantes sejam realizadas com regularidade pelo Serviço Nacional de Saúde, «é preciso contratar enfermeiros com vínculo efectivo em número suficiente». Isabel Barbosa, citada pela agência Lusa, referiu ainda outras reivindicações, como «a justa contagem de pontos, para efeitos de progressão, a todos os enfermeiros», «a harmonização de direitos entre enfermeiros com vínculos contratuais diferentes» e «compensação do risco e penosidade da profissão, através da aposentação mais cedo».

 

Férias em causa no Algarve

Os profissionais de Saúde estão há ano e meio com reduzidas folgas, muitas horas extraordinárias e poucas férias, estão exaustos e precisam de descansar – protestou o SEP, esta segunda-feira, dia 16. Numa nota de imprensa, a direcção regional do sindicato considerou inaceitável o anúncio, feito à comunicação social pela administração do Centro Hospital Universitário do Algarve, de que, a médicos, enfermeiros, técnicos superiores de diagnóstico e assistente operacionais e técnicos, poderia ser pedido que adiassem períodos de férias, até ao final de Agosto, devido ao aumento de afluência de doentes, consequência do aumento da população neste período.

«O que resolveria o problema seria a contratação de mais enfermeiros e a consolidação de todos os que estão precários, e não assistir-se pela primeira vez a uma proposta ignóbil e incompreensível, com base em algo que já se conhecia quando foram programadas as férias», contrapôs o SEP.

 



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