Persiste no Grupo Altice luta contra despedimento
Os trabalhadores do Grupo Altice desdobram-se em protestos para que o Governo trave um despedimento colectivo que denunciam como infundado e ilegal.
A Altice lucrou mais de 204 milhões de euros nos primeiros três meses de 2021
Na sexta-feira, 13, as organizações representativas dos trabalhadores da empresa de telecomunicações e multimédia promoveram uma concentração no jardim junto à residência oficial do primeiro-ministro, acção que contou com a solidariedade da União dos Sindicatos de Lisboa (USL/CGTP-IN). Ali voltaram a contestar o despedimento colectivo de 204 trabalhadores (193 da Meo e 11 da PT Contact), qualificando-o como infundado e ilegal – tanto mais quanto se trata de funcionários com vínculo efectivo à Altice Portugal, que no primeiro trimestre deste ano obteve quase 550 milhões de euros de receita e mais de 204 milhões de euros de lucros.
No protesto, o coordenador da USL/CGTP-IN, Libério Domingues, considerou inadmissível o silêncio do Governo perante a destruição daqueles postos de trabalho e sublinhou que este é mais um caso a demonstrar que as sucessivas alterações à legislação laboral têm fragilizado os trabalhadores.
Já anteontem, a Frente Sindical da Altice e a Comissão de Trabalhadores reuniram-se com representantes dos ministérios da Economia e do Trabalho, transmitindo-lhes a ausência de razão para o despedimento colectivo numa empresa «que teve mais lucros este ano do que nos anos anteriores».
Após a reunião, o presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Comunicações e Audiovisual (Sinttav), Manuel Gonçalves, citado pela Lusa, reiterou que este é um processo «ilegal, criminoso, imoral, desumano e desnecessário», e denunciou os seus objectivos.
Segundo o dirigente sindical, o propósito da Altice nos últimos seis anos nunca foi outro senão maximizar os dividendos a distribuir pelos accionistas, socorrendo-se, para tal, da redução dos efectivos, o que já ascende a cerca de metade da força de trabalho então existente. Outro objectivo da mais recente vaga de despedimentos é pressionar o Governo e a Anacom para obter benefícios na rede de 5G.
Pressão para despedir
Manuel Gonçalves apelou ainda ao Governo para travar a destruição dos postos de trabalho, e reivindicou mudanças no Código de Trabalho a fim de impedir processos semelhantes, pois, considerou, «se isto pegar […] vai ser um descalabro. São milhares de trabalhadores que vão ficar no desemprego».
O presidente do Sinttav criticou, por outro lado, a prática patronal que tem por objectivo levar trabalhadores a rescindirem os contratos, de forma forçada. Isto porque, por trás do despedimento por «mútuo acordo» estão dias e semanas a fio de pressão patronal, para que os trabalhadores aceitem os valores avançados, sob a ameaça de, não o fazendo, virem a receber muito menos num despedimento colectivo.