Hiroshima nunca mais!

Albano Nunes

É necessário intensificar a luta pelo desarmamento e a paz

A tragédia de 6 e 9 de Maio de 1945, quando os EUA lançaram sobre Hiroshima e Nagazaki a bomba atómica, foi uma vez mais objecto de uma declaração política do PCP. Uma declaração que é tudo menos um acto de rotina como procuram fazer crer os que desvalorizam e justificam aquele monstruoso crime, e sim o exercício de um dever de memória para que uma tragédia de tal dimensão nunca mais aconteça. O que é tanto mais necessário quando no plano internacional os sectores mais reaccionários e agressivos do imperialismo jogam cada vez mais no fascismo e na guerra como “saída” para o aprofundamento da crise estrutural do capitalismo e o declínio do peso relativo dos EUA num quadro em que a China é já a a segunda economia mundial e a resistência ao dictat imperialista se desenvolve por todo o mundo.

É particularmente inquietante que os EUA insira na sua «estratégia de segurança» o recurso a este sinistro instrumento de morte e destruição e que a corrida aos armamentos impulsionada pelo complexo militar e falcões norte americanos esteja a ser justificada pela ideologia dominante com avassaladora expressão na comunicação social burguesa, eque os círculos dirigentes da social-democracia estejam uma vez mais comprometidos com a estratégia agressiva do imperialismo incluindo com as doutrinas militares que não só recusam a abolição da arma nuclear como preconizam a sua utilização. E isto enquanto os EUA abandonam importantíssimos acordos internacionais de limitação e controlo de armamento nuclear e desenvolvem uma escalada de confrontação com a China e a Rússia explicitamente apontadas como adversários e inimigos.

Neste como noutras vertentes da sua política, ontem com Trump e hoje com Biden, a hipocrisia do imperialismo norte-americano não tem limites. Os EUA que foi o primeiro e único país a usar a arma nuclear; que possui e aperfeiçoa constantemente o maior arsenal militar do mundo; que tem centenas de bases militares no estrangeiro e porta-aviões e submarinos nucleares a navegar pelas águas de todos os oceanos; que com os seus aliados da NATO e de uma União Europeia cada vez mais militarista, avançou poderosos meios militares até às fronteiras da Rússia e desenvolve um autêntico cerco militar à China; que sabota acordos de desarmamento e afronta constantemente a Carta da ONU, responsabiliza estes países pelo agravamento da tensão internacional e faz pairar sobre a Humanidade a ameaça de holocausto nuclear. O PCP, ao recordar o crime de Hiroshima e Nagazaki visa sobretudo alertar para os perigos da hora actual e para a necessidade de intensificar a luta pelo desarmamento e a paz. O PCP regista os recentes encontros entre representantes dos EUA e da Rússia em Genebra. É desejável que o diálogo retomado entre as duas principais potencias nucleares prossiga e conduza a resultados que invertam a escalada de confrontação e a sólidos acordos de controlo e redução dos arsenais nucleares. Mas não haja ilusões. Para que tal aconteça é necessário prosseguir e intensificar a luta anti-imperialista, pelo desarmamento e em primeiro lugar o desarmamento nuclear.




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