Solidariedade com Cuba apoia luta contra bloqueio
A recente chegada de ajuda solidária a Cuba, de diferentes proveniências, confirma o apoio internacional à nação caribenha e a exigência do fim da política hostil dos Estados Unidos da América.
Bloqueio contra Cuba é medida medieval, diz presidente do México
Ao longo da última semana, alimentos, medicamentos, seringas e material de bio-segurança chegaram a terra cubana para apoiar o complexo cenário provocado pela COVID-19.
A chegada desses donativos confirma o apoio da comunidade internacional contra o bloqueio dos EUA a Cuba e desafia os anúncios de ingerências nos assuntos internos da ilha por parte do governo norte-americano.
Dois navios e um avião do México, um avião da Força Aérea da Bolívia, dois aviões da Rússia, ventiladores pulmonares enviados pela China, alimentos da Venezuela, auxílios do Vietname e da Nicarágua e equipamento sanitário da Jamaica somaram-se aos esforços de cidadãos cubanos no estrangeiro para recolha de ajuda solidária.
«A política hostil de mais de 60 anos afecta hoje mais que nunca os direitos à saúde e alimentação dos cubanos», afirmou o presidente boliviano, Luís Arce. «Toda a nossa solidariedade com a nação caribenha, que não só enfrenta os efeitos da pandemia mas também o brutal bloqueio económico, comercial e financeiro imposto pelos EUA», escreveu antes do envio do donativo.
Por sua parte, o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, ratificou a sua posição contra o assédio norte-americano e a interferência nos assuntos internos cubanos. «Há uma situação delicada em Cuba, porque sofre um bloqueio desumano, uma medida extrema, própria da época medieval, que mostra um grande atraso em política externa e não tem nada a ver com a fraternidade que deve haver entre os povos do mundo», considerou.
Bloqueio «ilegal e cruel»
O Grupo de Puebla repudiou o bloqueio imposto pelos EUA a Cuba, que qualificou de ilegal, cruel e contra-producente, e reafirmou a sua solidariedade sem restrições com a ilha.
Numa posição divulgada no dia 31 de Julho, em Buenos Aires, subscrita pelos membros da aliança progressista, composta por personalidades de 16 países, o fórum exigiu o levantamento «incondicional e urgente das medidas adicionais impostas pela administração do ex-presidente Donald Trump, que impedem que Cuba enfrente hoje a Covid-19».
Um dos pontos do manifesto precisa que a manutenção da política hegemónica de Washington pode causar graves prejuízos na relação futura dos EUA com a América Latina.
Além disso, o Grupo de Puebla ratifica a sua firme convicção de que corresponde exclusivamente ao povo cubano decidir livre e soberanamente sobre o seu destino, sem ingerências de outros Estados.
O documento indica que o «vergonhoso embargo (bloqueio) imposto unilateralmente pelos EUA a Cuba provocou perdas da ordem de 147 mil milhões de dólares em seis décadas» e que, dessa quantia, mais de nove mil milhões de dólares de prejuízos foram ocasionados durante o período da actual pandemia.
O texto enfatiza que o cerco unilateral «contraproducente, ilegal e cruel afecta directamente as condições mínimas de vida do povo cubano, em particular as que têm a ver com a saúde, alimentação, trabalho e educação de 11 milhões de cubanos».
O Grupo de Puebla recorda que das draconianas 243 regras comerciais restritivas adicionais impostas pelo governo de Trump a Cuba, 53 foram aplicadas em plena pandemia, impedindo que o país caribenho receba equipamentos de saúde essenciais, como ventiladores, e vacinas e outros produtos vitais para salvar a vida dos cidadãos cubanos.
O referido bloqueio contraria abertamente a Carta das Nações Unidas e as normas de direito internacional público, sublinha o documento, subscrito por personalidades como os ex-presidentes Ernesto Samper (Colômbia), Fernando Lugo (Paraguai) e Luís Inácio Lula da Silva (Brasil) e o ex-chefe do governo de Espanha, José Luís Zapatero.