Nicarágua comemorou 42 anos do triunfo da Revolução Sandinista
Com uma vigília popular, milhares de nicaraguenses comemoraram na segunda-feira, 19, o 42.º aniversário da Revolução Popular Sandinista, em actos que tiveram o epicentro na Praça da Revolução, em Manágua.
Celebrações semelhantes realizaram-se noutras localidades dos 15 departamentos e das duas regiões autónomas em que se organiza o país mais extenso da América Central. Os actos públicos decorreram com alegria e cor, apesar das medidas sanitárias impostas pela pandemia de COVID-19.
Este ano, os festejos da vitória coincidiram com os 60 anos da criação da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN). A revolução na Nicarágua chegou ao poder, através da luta armada, a 19 de Julho de 1979, derrotando a brutal e sangrenta ditadura de Anastasio Somoza. A FSLN foi mais tarde derrotada nas eleições de 1990, por forças da direita, após anos de sabotagem e guerra, apoiadas pelos Estados Unidos da América, mas voltou ao poder em 2006, também através das urnas, repetindo a vitória eleitoral em 2011 e 2016.
Agora, a poucos meses de novas eleições, marcadas para 7 de Novembro próximo, o presidente da Nicarágua e secretário-geral da FSLN, Daniel Ortega, proferiu um discurso em que asseverou que, face aos constantes ataques dos EUA, o país continua em luta. «Apesar dos intentos do império para destruir-nos, aqui estamos de pé e avançando (…). A nossa economia continua a crescer no meio dos golpes do imperialismo», afirmou o dirigente sandinista, que lembrou a longa história de dominação norte-americana sobre a Nicarágua. Disse que, no presente, apesar das tentativas de golpe de Estado e das ilegais sanções económicas, financeiras e comerciais impostas por Washington, o país prossegue com o seu desenvolvimento. Pese a pandemia, a economia da Nicarágua tende a ser cada vez mais estável, o sistema produtivo continua a funcionar, acrescentou. Neste contexto, anunciou um aumento salarial de cinco por cento, a partir de Agosto, possível graças ao trabalho do povo nicaraguense.
«Desde 2007 até agora, esta Revolução, que é dos pobres e para os pobres, entregou 501.380 títulos de propriedade urbana e rural e continuaremos a fazê-lo», revelou o presidente. Explicou que para confirmar os títulos de propriedade, todos devem fazer o respectivo registo: «Os nicaraguenses que têm o seu lote de terra, a sua casita, a sua pequena fazenda, devem fazer o registo do seu título, para que nenhum latifundiário possa roubar essas propriedades».
Noutro momento da sua intervenção, Daniel Ortega acusou o governo norte-americano de, com os seus dólares, procurarem semear o terrorismo na Nicarágua. Revelou que estão em curso investigações sobre o papel subversivo desempenhado por certas organizações não governamentais. E advertiu os EUA de que o tempo da sua hegemonia global terminou: «Agora, os povos do mundo estão a lutar pela sua soberania».