Presidente eleito Pedro Castillo apela à construção de um Peru justo
Pedro Castillo foi proclamado presidente eleito do Peru. O candidato da esquerda venceu a segunda volta das presidenciais, a 6 de Junho, derrotando nas urnas Keiko Fujimori, apoiada pela direita. Castillo assumirá funções no próximo dia 28.
Novo chefe do Estado peruano assume funções no dia 28
Logo depois de ter sido proclamado presidente eleito da República do Peru, na segunda-feira, 19, pelos órgãos eleitorais peruanos, Pedro Castillo agradeceu ao povo pelo seu histórico triunfo e apelou à unidade para a construção de um país justo e inclusivo.
O presidente do Júri Nacional de Eleições (JNE), Jorge Salas, fez o anúncio em Lima, poucas horas depois de, por unanimidade, o organismo ter considerado improcedentes, por não serem legalmente pertinentes e terem fins dilatórios, as últimas cinco reclamações da candidata derrotada, Keiko Fujimori, contestando os resultados da votação de 6 de Junho, alegadamente por fraudes, que nunca foram fundamentadas.
Numas eleições muito polarizadas, a vitória de Castillo nas urnas foi tangencial: segundo os dados oficiais, o candidato vencedor conquistou 50,125 por cento dos votos e a neoliberal Fujimori obteve 49,875 por cento. A diferença foi de 44 mil votos.
O candidato vencedor foi apoiado por várias forças políticas e sociais, entre as quais o Partido Comunista Peruano e o Partido Comunista do Peru (Patria Roja).
«Obrigado, povo peruano, por este histórico triunfo! Chegou o momento de apelar a todos os sectores da sociedade para construir unidos, neste Bicentenário, um Peru inclusivo, um Peru justo, um Peru Livre. Sem discriminação e pelos direitos de todos e todas», declarou Castillo numa breve mensagem.
A proclamação foi transmitida pela televisão, vista na capital num ecrã gigante e celebrada com júbilo por uma multidão reunida defronte da sede do Peru Livre, o partido do candidato vencedor. Presentes também milhares de apoiantes do professor e sindicalista, de 51 anos, chegados de todo o país e que se mantiveram em vigília, exigindo ao longo de semanas a proclamação do vencedor, adiada até agora devido às manobras dos fujimoristas, que alegaram fraudes eleitorais sem conseguir apresentar qualquer prova.
Apelos à unidade e ameaças
Da varanda da sede do Peru Livre, em Lima, Castillo voltou a agradecer aos seus apoiantes e apelou à unidade nacional sem diferenças, porque «primeiro está o Peru e o seu povo». Acrescentou que a vitória não é fruto da sua campanha eleitoral mas de «uma luta de muitos anos levada a cabo por compatriotas que hoje já não estão connosco e cujas vozes nos acompanharam sempre». E insistiu no seu apelo à unidade, pedindo que se deixem para trás rancores e instando Fujimori a «não colocar mais obstáculos ao país» e a trabalhar por um Peru mais justo e humano.
A imprensa peruana noticiou que houve também manifestações de júbilo pelo triunfo de Castillo em outras urbes do país, em particular na cidade nortenha de Chota, capital da província do mesmo nome e terra natal do presidente eleito.
A candidata de direita disse que acatará a decisão da JNE por ser uma exigência legal mas reafirmou que o novo governo carece de legitimidade. Após esta sua terceira derrota em outras tantas eleições presidenciais, Fujimori pareceu ameaçadora ao afirmar que «a nossa defesa da democracia não termina com a proclamação ilegítima de Pedro Castillo, está a começar», embora tenha dito que não fomentará violência.