«Não nos candidatamos contra ninguém mas por todos os grandolenses»

Can­di­dato a um ter­ceiro man­dato na pre­si­dência da Câ­mara Mu­ni­cipal (CM) de Grân­dola, An­tónio Fi­gueira Mendes su­blinha que a gestão CDU de­volveu ao con­celho a di­nâ­mica que havia per­dido e não es­conde o en­tu­si­asmo com os pro­jectos e as pers­pec­tivas de de­sen­vol­vi­mento em curso, que re­alça só terem sen­tido se be­ne­fi­ci­arem os gran­do­lenses.

Somos gente séria, de pa­lavra, capaz, trans­pa­rente

Re­gres­saste à pre­si­dência da CM de Grân­dola em 2013 de­pois de teres exer­cido o cargo entre 1976 e 1989. Can­di­datas-te ao ter­ceiro e ul­timo man­dato. Que ba­lanço fazes destes oito anos?

Muito po­si­tivo. Desde logo porque re­cu­pe­rámos a sus­ten­ta­bi­li­dade fi­nan­ceira do mu­ni­cípio. Pas­sámos de uma dí­vida acu­mu­lada de 14 mi­lhões de euros para cerca de quatro mi­lhões. O prazo de pa­ga­mento a for­ne­ce­dores baixou para menos de 30 dias e o or­ça­mento mu­ni­cipal cresceu de 18 mi­lhões para os ac­tuais 44 mi­lhões de euros.

Mas não foi só neste as­pecto que Grân­dola deu um salto sig­ni­fi­ca­tivo. Re­cu­pe­rámos a imagem e a di­nâ­mica do con­celho. À custa de muito tra­balho, in­ves­ti­mentos cri­te­ri­osos e de qua­li­dade.

Por exemplo, re­no­vámos todo o parque es­colar da res­pon­sa­bi­li­dade do mu­ni­cípio, num total de mais de três mi­lhões de euros de in­ves­ti­mento. Hoje, a EB1 é dada como exemplo de con­di­ções para en­sinar e aprender. Mas os de­mais es­ta­be­le­ci­mentos edu­ca­tivos, nas al­deias e lu­gares, também são con­si­de­rados de ex­ce­lência.

No que se re­fere à edu­cação, falta a Es­cola Se­cun­dária, que se en­contra de­gra­dada. Há anos que lu­tamos pela sua re­qua­li­fi­cação, mas os go­vernos con­ti­nuam a fazer ore­lhas moucas.

E além desse, que ou­tros in­ves­ti­mentos da Ad­mi­nis­tração Cen­tral Grân­dola re­clama?

Vá­rios. O quartel da GNR é um deles. Há mais de um ano que as­si­námos um pro­to­colo em que a CM de Grân­dola a as­sume a obra e o Mi­nis­tério da Ad­mi­nis­tração In­terna paga. Tudo se mantém pa­rado.

Outra in­ter­venção que con­tinua por fazer é a re­qua­li­fi­cação do IC23, entre Sines e Grân­dola. Não se com­pre­ende que com aquele vo­lume de trân­sito, in­cluindo a cir­cu­lação de ma­té­rias pe­ri­gosas, con­tinue sem re­qua­li­fi­cação.

A nível da saúde, po­demos dizer que de­pois de ven­cida a ba­talha pela ma­nu­tenção do aten­di­mento per­ma­nente, a grande falha é a falta de re­cursos hu­manos no Hos­pital do Li­toral Alen­te­jano. A res­posta efec­tiva e du­ra­doura, que cor­res­ponda às ne­ces­si­dades da po­pu­lação, só a Ad­mi­nis­tração Cen­tral a pode dar, de­sig­na­da­mente com a con­tra­tação de mais mé­dicos, en­fer­meiros e ou­tros pro­fis­si­o­nais com con­di­ções para se fi­xarem aqui.

O es­tado do IC23 é um obs­tá­culo ao de­sen­vol­vi­mento do con­celho?

Se fosse re­qua­li­fi­cado, te­ríamos ou­tras con­di­ções, sem dú­vida. Mas o mesmo co­loca-se em re­lação à fer­rovia, no­me­a­da­mente às li­ga­ções re­gi­o­nais, que exi­gimos que sejam re­postas. Muita gente tra­balha em Sines mas vive em Grân­dola ou Al­cácer do Sal.

Mesmo com todos os obs­tá­culos e inércia dos go­vernos, Grân­dola deu um salto sig­ni­fi­ca­tivo. Como foi pos­sível?

A nossa forma de tra­ba­lhar é in­tensa mas dis­creta. Além do mais, somos gente séria, de pa­lavra, capaz, trans­pa­rente. Isso é re­co­nhe­cido.

A zona in­dus­trial es­tava pa­rada. Co­me­çámos por trazer para Grân­dola uma fá­brica de des­casque de pi­nhão. Hoje essa uni­dade já pre­para a sua am­pli­ação. De­pois fi­zemos a li­gação da­quela área ao IC1, re­ti­rando o trá­fego do in­te­rior da vila, e me­lho­rámos o for­ne­ci­mento de água à zona in­dus­trial. Assim, con­se­guimos as­se­gurar a fi­xação de uma uni­dade de peças para ae­ro­náu­tica, a qual, nos pró­ximos anos, pro­jecta es­ta­be­lecer aqui meio mi­lhar de postos de tra­balho.

Por outro lado, con­se­guimos ga­rantir a ins­ta­lação no con­celho de uma pla­ta­forma lo­gís­tica de grande di­mensão. Evi­den­te­mente que boas vias de co­mu­ni­cação ajudam muito.

No tu­rismo apos­támos na qua­li­dade em de­tri­mento do betão. Grân­dola tinha em 1974 cerca de 120 mil camas apro­vadas, o que, a con­cre­tizar-se, co­lo­caria em causa o equi­lí­brio am­bi­ental no con­celho. Re­cen­te­mente, ne­go­ciámos, con­ven­cemos, e neste mo­mento serão apro­vadas um má­ximo de 15 mil camas em todo o con­celho. Não que­remos mais.

Con­se­guimos, até, que um pro­motor imo­bi­liário que tinha di­reito a cons­truir um em­pre­en­di­mento vo­lu­moso re­du­zisse o nú­mero de camas em 80 por cento!

No que diz res­peito a alo­ja­mentos ru­rais su­cede o mesmo: sus­ten­ta­bi­li­dade acima de tudo. Têm de ter bons acessos, tra­ta­mento de es­gotos e cap­ta­ções de água su­fi­ci­entes para o nú­mero de hós­pedes, caso con­trário não li­cen­ci­amos.

Na­tu­ral­mente que este im­pulso na in­dús­tria e no tu­rismo co­loca pro­blemas, já não tanto do ponto de vista am­bi­ental, porque isso está acau­te­lado.

A que é que te re­feres?

Ao pro­blema da ha­bi­tação. Por um lado, temos con­se­guido ga­nhar os in­ves­ti­dores para que cons­truam ou re­qua­li­fi­quem ha­bi­ta­ções para os tra­ba­lha­dores que con­tratam, como está a su­ceder em muitas ha­bi­ta­ções no centro da vila. Por outro, can­di­da­támo-nos e ob­ti­vemos fi­nan­ci­a­mento, boa parte a fundo per­dido, para a re­cu­pe­ração dos cerca de 200 fogos de ha­bi­tação so­cial da au­tar­quia.

Iremos, também, cons­truir al­gumas ha­bi­ta­ções, res­pon­dendo a uma ca­mada so­cial que não tem pos­si­bi­li­dades de ad­quirir casa pró­pria e, nal­guns casos, de ar­rendar a preços de mer­cado.

In­ter­venção mul­ti­fa­ce­tada

Mas co­mecei a pedir-te um ba­lanço dos úl­timos oito anos e de­pois in­ter­rompi-te…

Nou­tras áreas também temos apos­tado forte. Na cul­tura, por exemplo, não apenas porque quem vive em Grân­dola me­rece, mas para que aqueles que nos vi­sitam te­nham mo­tivos acres­cidos para o fazer.

Aca­bámos de re­cu­perar uma an­tiga igreja e fi­zemos um nú­cleo mu­se­o­ló­gico de ar­que­o­logia. Es­tamos a re­cu­perar o his­tó­rico edi­fício Frayões de Me­tello, onde vai ficar o nú­cleo mu­se­o­ló­gico de et­no­grafia. Nos an­tigos Paços do Con­celho vai ficar o posto de tu­rismo, o Ob­ser­va­tório da Canção de Pro­testo e o nú­cleo mu­se­o­ló­gico da li­ber­dade.

Deixa-me des­tacar que a Canção de Pro­testo está a ter um im­pacto grande. Não apenas pela re­cu­pe­ração da me­mória mas porque tem pro­mo­vido um de­bate in­te­res­sante em torno das novas formas de canção de pro­testo.

Ora, com aqueles es­paços e com uma an­tiga adega que re­cu­pe­rámos e onde fi­xamos um outro nú­cleo de­di­cado aos pro­dutos en­dó­genos, vamos criar um museu mu­ni­cipal.

Não menos im­por­tante, cons­truímos a nova bi­bli­o­teca, ar­ro­jada do ponto de vista ar­qui­tec­tó­nico mas que se está a re­velar um su­cesso. Ao nível dos equi­pa­mentos, es­tamos a re­vi­ta­lizar o Cine Gra­na­deiro, dando sequência ao in­ves­ti­mento anual de cerca de 40 mil euros para que Grân­dola tenha ci­nema.

Tudo isto, mais a feira anual e a pro­gra­mação cul­tural e de es­pec­tá­culos que di­na­mi­zamos em todo o con­celho, mostra que em Grân­dola tem agenda.

E ao nível do des­porto, a aposta está ao mesmo nível?

O que temos feito é criar con­di­ções para que todos possam pra­ticar des­porto em todas as fre­gue­sias. Em Me­lides co­lo­cámos relva num campo que nunca a teve e cons­truímos um po­li­des­por­tivo. Es­tamos a fazer outro também no Car­va­lhal. Vamos con­ti­nuar a re­qua­li­ficar o parque des­por­tivo, isto de­pois de uma pri­meira fase de obras que in­cluiu a co­lo­cação de rel­vado novo.

Toda esta di­nâ­mica, ao que acresce o apoio aos clubes e as­so­ci­a­ções que a CM de Grân­dola con­cre­tiza, re­flecte-se na pro­moção da prá­tica de des­porto e exer­cício fí­sico por parte da po­pu­lação. O me­lhor exemplo é o im­pulso que o hó­quei em pa­tins co­nheceu no con­celho.

Há no en­tanto ou­tros exem­plos, casos do BTT ou do tri­atlo. O surf não tem o mesmo peso do que nou­tros con­ce­lhos, mas é sa­tis­fa­tório que em Grân­dola se man­te­nham duas es­colas. Em par­ceria com o mu­ni­cípio de Fer­reira do Alen­tejo, es­tamos a pre­parar a ins­ta­lação de uma pista de pesca des­por­tiva nas mar­gens do rio Sado.

A prova que mais se des­taca em Grân­dola, porém, é a ultra-ma­ra­tona. São 43 qui­ló­me­tros sempre na areia, o que a torna única na Eu­ropa. Este ano já sa­bemos que vamos bater o re­corde de ins­cri­ções com par­ti­ci­pantes de mais de uma de­zena de países.

De­pois houve da nossa parte uma aposta na cons­trução de ci­clo­vias e vias pe­do­nais, cri­ando con­di­ções para que os gran­do­lenses pas­seiem de bi­ci­cleta ou façam as suas ca­mi­nhadas.

Aliás, na obra es­tru­tu­rante deste man­dato, a re­qua­li­fi­cação da Ave­nida Jorge Nunes, in­clui uma ci­clovia.

Que obra é essa? E porque é que é a do man­dato?

É um in­ves­ti­mento de mais de quatro mi­lhões de euros numa ar­téria que não tinha se­quer os es­gotos plu­viais com­pletos. É a obra do man­dato no sen­tido em que só a CDU a faria em ano de elei­ções. Uma in­ter­venção desta di­mensão na via pú­blica im­plica muitos cons­tran­gi­mentos, obs­tá­culos na vida das pes­soas. Con­si­de­ramos, no en­tanto, que os gran­do­lenses com­pre­endem que as­su­mimos o risco, que não nos mo­vemos com cal­cu­lismos, que o que nos mo­tiva é fazer aquilo que me­lhor os serve.

Em boa ver­dade, temos tanto tra­balho que po­demos des­tacar vá­rias obras es­tru­tu­rantes nos úl­timos quatro anos. O me­lho­ra­mento do abas­te­ci­mento de água em Me­lides, num total de mais de 1,5 mi­lhões de euros; a re­qua­li­fi­cação da es­trada das So­breiras Altas, os avanços que es­tamos a dar para a re­qua­li­fi­cação do troço final até à EN 261-2 ou a re­cu­pe­ração das es­tradas do Viso e da Al­deia do Pico; a re­qua­li­fi­cação de vá­rias ruas, jar­dins e equi­pa­mentos mu­ni­ci­pais, de redes de es­gotos, etc., etc.

Tudo isto en­quanto ad­qui­ríamos vi­a­turas para a re­colha do lixo e para a lim­peza das praias, para o trans­porte dos nossos tra­ba­lha­dores ou um au­to­carro capaz de trans­portar pes­soas com mo­bi­li­dade re­du­zida; en­quanto apoiá­vamos os bom­beiros na con­clusão do novo edi­fício e na co­ber­tura para as vi­a­turas, en­quanto re­pú­nhamos di­reitos e ren­di­mentos aos tra­ba­lha­dores da au­tar­quia, que bem me­recem.

Com tanta in­ter­venção, a CDU tem o que fazer nos pró­ximos quatro anos na gestão da CM de Grân­dola?

Muito! Não nos can­samos. Que­remos con­ti­nuar a equi­li­brar o de­sen­vol­vi­mento eco­nó­mico com a pre­ser­vação do meio am­bi­ente e do pa­tri­mónio edi­fi­cado e pai­sa­gís­tico; que­remos que esse de­sen­vol­vi­mento eleve as con­di­ções de vida dos gran­do­lenses. Não são de­sa­fios pe­quenos.

Pre­ten­demos apostar na qua­li­fi­cação da nossa gente, de­sig­na­da­mente nas áreas do tu­rismo e da ae­ro­náu­tica, ac­ti­vi­dades que estão em franco pro­gresso no con­celho. Vamos de­dicar mais atenção ainda ao apoio à agri­cul­tura e sil­vi­cul­tura, mais con­cre­ta­mente apoi­ando a sua mo­der­ni­zação sus­ten­tada para que não pro­li­ferem tipos de cul­tura que trazem mais pro­blemas do que van­ta­gens, in­cluindo do ponto de vista hu­mano, já que as­sentam na sobre-ex­plo­ração da mão-de-obra.

Temos o pro­jecto de re­mo­delar os planos de trân­sito de Grân­dola, de Me­lides e do Car­va­lhal. Aqui vamos im­pul­si­onar o Plano de Ur­ba­ni­zação, cri­ando oferta des­por­tiva e cul­tural, ha­bi­ta­ções con­dignas e su­fi­ci­entes para aqueles que lá ha­bitam ou possam vir a fazê-lo nos pró­ximos anos.

Grân­dola era um con­celho pa­rado. Hoje é exemplo de de­sen­vol­vi­mento e pro­gresso. Não fi­zemos nem fa­remos fa­vores a nin­guém. Não nos can­di­da­tamos contra nin­guém, mas por todos os gran­do­lenses.

 



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