Risco de pobreza aumentou para quem trabalha

Margarida Botelho

Os dados publicados pelo Eurostat, o gabinete de estatística da União Europeia, na passada segunda-feira, ainda são provisórios, mas indicam que o risco de pobreza aumentou em Portugal em 2020, ano marcado pela epidemia da covid-19, para as faixas etárias até aos 65 anos.

No que diz respeito à população em idade activa, dos 18 aos 64 anos, a taxa de risco de pobreza aumentou em metade dos países da União Europeia, Portugal incluído e nos lugares cimeiros. As estatísticas parecem confirmar o que se vê a olho nu: a epidemia da covid-19, com o seu cortejo de despedimentos, cortes, encerramentos e lay-off lançou milhões de trabalhadores na incerteza quanto ao futuro e ao dia-a-dia.

Na população até aos 18 anos, onde se prevê que o agravamento da taxa de pobreza seja ainda maior, o fenómeno está intrinsecamente ligado à situação dos pais das crianças e jovens, em regra em idade de serem trabalhadores.

Não é que seja necessária a confirmação dos instrumentos estatísticos da União Europeia para dar força à denúncia que temos feito. Mas a vida comprova que aumentar salários, combater a precariedade, promover o emprego e a produção nacional são elementos centrais para o desenvolvimento do país.

Não se trata apenas de combater a pobreza, incluindo a pobreza infantil – o que já seria um objectivo bastante meritório. Trata-se de defender a qualidade de vida dos trabalhadores e do povo, garantir às crianças e aos jovens o direito ao desenvolvimento integral, dar possibilidade ao tecido económico nacional de se desenvolver. Aumentar salários, defender direitos, valorizar o trabalho e os trabalhadores são, como temos dito, uma emergência nacional.




Mais artigos de: Opinião

Venezuela - Solidariedade!

O imperialismo não pretende prescindir dos seus intentos e manobras contra a República Bolivariana da Venezuela e o povo venezuelano. É o que é possível depreender da declaração conjunta dos EUA e da UE, a que se associou o Canadá, tornada pública no passado dia 25 de Junho. Mantendo aspectos essenciais da política de...

Partilha de dados, negócios & NSA

O envio pela CMLisboa dos dados de promotores da «manifestação» de Janeiro aos serviços da Embaixada da Federação Russa é grave e injustificável (embora constassem no facebook), mas só persiste na agenda para provocação à Rússia e anticomunismo dos media e das classes dominantes. Esta partilha de dados deve ser...

Os entrevistados

Um tem como profissão assessorar empresas a fugir aos impostos. Outro é casado com uma administradora de uma empresa, nomeada após a privatização realizada por um governo integrado pelo esposo. Outro acaba de ser nomeado administrador da empresa que mais beneficiou com a renegociação de contratos de concessão quando era...

Mikhail e a Memória

Mikhail Gordon tem 92 anos e é bielorrusso. Era ainda pouco mais que uma criança quando, em Junho de 1941, foi apanhado pela invasão nazi, que lhe mataria quase toda a família e um quarto dos seus compatriotas. Oito décadas volvidas, guarda vivas memórias dos acontecimentos, que terá contado vezes sem conta na sua já...

Biodiversidade: ver a árvore e não ver a floresta

Recentemente, numa série de perguntas de um órgão de comunicação social sobre questões ambientais, um jornalista questionava a razão pela qual a proteção da biodiversidade e dos ecossistemas está fora das várias propostas apresentadas pelo Governo e partidos para a chamada Lei do Clima.