Risco de pobreza aumentou para quem trabalha
Os dados publicados pelo Eurostat, o gabinete de estatística da União Europeia, na passada segunda-feira, ainda são provisórios, mas indicam que o risco de pobreza aumentou em Portugal em 2020, ano marcado pela epidemia da covid-19, para as faixas etárias até aos 65 anos.
No que diz respeito à população em idade activa, dos 18 aos 64 anos, a taxa de risco de pobreza aumentou em metade dos países da União Europeia, Portugal incluído e nos lugares cimeiros. As estatísticas parecem confirmar o que se vê a olho nu: a epidemia da covid-19, com o seu cortejo de despedimentos, cortes, encerramentos e lay-off lançou milhões de trabalhadores na incerteza quanto ao futuro e ao dia-a-dia.
Na população até aos 18 anos, onde se prevê que o agravamento da taxa de pobreza seja ainda maior, o fenómeno está intrinsecamente ligado à situação dos pais das crianças e jovens, em regra em idade de serem trabalhadores.
Não é que seja necessária a confirmação dos instrumentos estatísticos da União Europeia para dar força à denúncia que temos feito. Mas a vida comprova que aumentar salários, combater a precariedade, promover o emprego e a produção nacional são elementos centrais para o desenvolvimento do país.
Não se trata apenas de combater a pobreza, incluindo a pobreza infantil – o que já seria um objectivo bastante meritório. Trata-se de defender a qualidade de vida dos trabalhadores e do povo, garantir às crianças e aos jovens o direito ao desenvolvimento integral, dar possibilidade ao tecido económico nacional de se desenvolver. Aumentar salários, defender direitos, valorizar o trabalho e os trabalhadores são, como temos dito, uma emergência nacional.