Causas e soluções

Manuel Rodrigues

Um re­cente es­tudo do Ins­ti­tuto de Saúde Pú­blica da Uni­ver­si­dade do Porto, que en­volveu mais de 4.000 mães, con­cluiu que as do­enças mus­cu­lo­es­que­lé­ticas e do foro mental são os pro­blemas de saúde re­la­ci­o­nados com o tra­balho que mais afectam as mães em Por­tugal.

A in­ves­ti­gação cons­tatou que 31,5% das mães teve «pelo menos um pro­blema de saúde re­la­ci­o­nado com o tra­balho desde o início da sua ati­vi­dade pro­fis­si­onal».

As do­enças mus­cu­lo­es­que­lé­ticas (pro­blemas de costas, mem­bros su­pe­ri­ores e pes­coço e mem­bros in­fe­ri­ores) foram os pro­blemas de saúde mais re­por­tados, no­me­a­da­mente por cerca de 40% das mu­lheres.

Pa­ra­le­la­mente, também as pa­to­lo­gias do foro psi­co­ló­gico como o stress, a de­pressão e a an­si­e­dade foram re­por­tadas como «muito co­muns» (38,2% das mu­lheres).

O que o es­tudo não re­fere, porque não faz dos seus ob­jec­tivos en­con­trar a razão de fundo das si­tu­a­ções que acabou por cons­tatar, é que a ver­da­deira e pro­funda causa disto tudo está na pró­pria na­tu­reza do sis­tema ca­pi­ta­lista – ex­plo­ra­dora, opres­sora, agres­siva e pre­da­dora – que não tem so­lução nas cha­madas po­lí­ticas de igual­dade de gé­nero, como a União Eu­ro­peia, o FMI, o Banco Mun­dial, e o G7 (e os seus «arautos» em Por­tugal) tentam fazer crer.

É uma si­tu­ação que tem me­re­cido a des­ta­cada atenção do PCP, o Par­tido que na sua luta de 100 anos nunca deixou de in­tervir pela igual­dade na lei e na vida, o que im­plica ga­rantir o tra­balho com di­reitos, acabar com a pre­ca­ri­e­dade la­boral, va­lo­rizar a pro­gressão pro­fis­si­onal e as car­reiras, efec­tivar a igual­dade sa­la­rial entre ho­mens e mu­lheres, in­dis­so­ciável da ele­vação dos sa­lá­rios de todos os tra­ba­lha­dores, re­duzir o ho­rário de tra­balho para as 35 horas se­ma­nais, pôr fim à des­re­gu­lação dos ho­rá­rios, fazer cum­prir os di­reitos de ma­ter­ni­dade e pa­ter­ni­dade, repor a idade legal da re­forma aos 65 anos e ga­rantir o di­reito à re­forma e a uma pensão digna, bem como à re­forma sem pe­na­li­za­ções com 40 ou mais anos de des­contos, in­vestir nos ser­viços pú­blicos e ga­rantir o di­reito das mu­lheres à saúde, à se­gu­rança so­cial, à jus­tiça e à edu­cação, entre tantos ou­tros di­reitos.

É este o com­bate que o PCP con­ti­nuará a travar e que con­tará, como sempre acon­teceu ao longo de 100 anos, com a luta de­ci­dida das mu­lheres.




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