Uma «tour» aos 27 Estados membros da União Europeia para «anunciar» a «luz verde» da Comissão Europeia aos «Planos de Recuperação e Resiliência» apresentados por cada um deles à Comissão. Parece uma caricatura, mas não é … A Presidente da Comissão Europeia, Ursula Von Der Leyen, decidiu que iria pessoalmente a cada um dos países anunciar que Bruxelas autoriza os planos anteriormente enviados por cada um dos Governos para visto prévio em Bruxelas. A «tour» da Presidente da Comissão Europeia (assim chamada pela própria no seu Twiiter) começou no dia 16 com a visita a Portugal. Em apenas 7 dias sucederam-se Espanha, Grécia, Dinamarca, Luxemburgo, Estónia, Áustria, Eslováquia, Letónia e Alemanha, país onde à data da redacção destas linhas se encontra a incansável viajante, onde «agradeceu o apoio da Alemanha» ao «NextGenerationEU»

Em cada uma destas viagens Von Der Leyen fez questão de ser fotografada a mostrar o seu telemóvel, munido do «Certificado Verde», às autoridades, e posteriormente a entregar a cada um dos governantes uma pasta com o respectivo Programa de Recuperação e Resiliência devidamente aprovado. Tudo perfeito, incluindo o vídeo de promoção do Tour, com uma animação de «saltinhos» entre capitais, assinaladas no mapa com «alfinetes», apenas manchado pelo facto de o «pin» de Lisboa estar algures entre Braga e Vila Real.

Tudo isto poderia ser apenas ridículo. Mas não é assim. Von Der Leyen anda pela Europa a afirmar que estamos num novo patamar de monitorização das políticas económicas e sociais de cada país. Quer deixar bem claro que além do Pacto de Estabilidade a dita «Bazuca» tem também dono e mestre a quem todos se devem submeter. Um dono e mestre que munido do seu «certificado verde», do monopólio da vacinação e dos seus «programas de recuperação» quer moldar à imagem e interesses do grande capital e das grandes potências, a chamada «recuperação» e a utilização dos fundos que vamos mais tarde ter de pagar.

E o Governo português, que negou mil vezes os condicionalismos da «bazuca», já aprendeu a lição: «Vamos a exame todos os semestres e não podemos falhar», Ministro do Planeamento dixit.