CDU: pelo direito à cidade!
No seu Lisboa, Livro de Bordo, José Cardoso Pires deixou um aviso à navegação, uma espécie de lembrete, que bem podia ser dirigido aos sucessivos ocupantes dos Paços do Concelho da capital: «isto aqui não é só luz e rio...».
Lisboa, como outras grandes cidades, é uma expressão concentrada da luta de classes. As contradições que a percorrem deixam marcas visíveis no espaço urbano – feito de luz e sombras, do rio e do resto, de amplas avenidas e de arrevesadas traseiras onde os turistas nunca chegaram.
Nos últimos vinte anos, Lisboa não conheceu gestão municipal que não fosse ou do PSD e do CDS ou do PS. No atual mandato, o PS contou com o apoio do BE.
Duas décadas transcorridas, consolidou-se um modelo de cidade neoliberal. A ausência de planeamento e a liberalização dos usos do solo acentuaram a voragem da especulação imobiliária. A cidade tornou-se mais apetecível para o grande capital, nacional e estrangeiro. As classes e camadas populares viram reduzido o seu espaço. Progrediu a apropriação privada do espaço público. O direito à habitação foi convertido em privilégio. Acentuou-se a pendularidade: diariamente, centenas de milhares de pessoas entram na cidade para trabalhar e saem para dormir.
Na visão capitalista, a cidade, o seu solo e as infra-estruturas urbanas são factores na formação do lucro. Um bairro «social» é uma reserva de força de trabalho, que se quer repleta e disponível, com o menor custo possível. O transporte público serve, fundamentalmente, para assegurar a chegada ao local de trabalho e o regresso a casa, com o menor custo possível. Os serviços públicos (de saúde, educação e outros), normalmente subdimensionados, são parte da resposta às exigências colocadas pelo processo de reprodução da força de trabalho. Sempre com o menor custo possível associado.
A cidade assim moldada produz uma dilacerante segregação social, com desigualdades gritantes na fruição dos benefícios do viver colectivo.
Ora, em grande medida, esta é a cidade que temos, muito distante da cidade que queremos. A CDU é a força de que o povo de Lisboa dispõe para vencer esta distância.
Construir a cidade desejada
Com confiança e determinação, é possível lançar mãos à construção da cidade desejada!
Uma cidade com um planeamento urbanístico democrático, participado e transparente, que qualifique e valorize o espaço público e a vida nos bairros, fazendo prevalecer o interesse público sobre os interesses privados e as negociatas.
Uma cidade com habitação a custos acessíveis, que atraia população residente; com uma vida económica diversificada, que estimule a criação de emprego, de qualidade e com direitos; com transportes públicos rápidos, cómodos, frequentes, seguros e tendencialmente gratuitos; com um ambiente de qualidade, reduzindo a poluição, nas suas variadas formas, assegurando uma melhor qualidade do ar e menos ruído, com mais espaços verdes abertos à fruição da população.
Uma cidade que faz da criação e fruição culturais um direito de todos, e não um adorno para consumo selecto de poucos, numa área restrita da cidade; que incentiva e valoriza o movimento associativo de base popular; que democratiza a prática do desporto e da actividade física, como componente essencial de bem-estar, de realização pessoal e de promoção da saúde.
Uma cidade aberta ao país e ao mundo, inclusiva, que combata as exclusões e todas as discriminações.
A CDU é e será um espaço de convergência, de tantos quantos aspirem a esta mudança!
Como afirmámos no momento da apresentação da candidatura da CDU à Presidência da Câmara Municipal de Lisboa: «Foi o povo quem fez de Lisboa o palco da hora que libertou um País. O povo quem, para sempre, há de fazer dela a cidade de Abril. Será também o povo a empreender as transformações necessárias para fazer de Lisboa uma cidade viva, justa, bela e democrática. Uma cidade onde o espaço público, o trabalho, a habitação, os transportes, o ambiente, a saúde, a educação, a cultura e o lazer se conjugam de forma harmoniosa para assegurar o bem-estar de todos. É de tudo isto que se faz o direito à cidade!».
Vamos a isto!