Programa eleitoral cumprido a 120 por cento em Mora
Ao Avante!, Luís Simão, presidente da Câmara Municipal de Mora (CMM), deu a conhecer alguns dos projectos e realizações da CDU que contribuíram para o desenvolvimento do concelho e falou sobre as responsabilidades do Estado na desertificação do interior do País.
«Os trabalhadores da Câmara de Mora são os melhores do mundo»
De 1974 para cá, o que mudou no concelho de Mora?
Tudo mudou no concelho de Mora. Em cada tempo, quem por cá passou soube fazer o que tinha que ser feito. No princípio, obviamente, as infra-estruturas. Mora foi dos primeiros concelhos do País a ter estações de tratamento de águas residuais (ETAR).
Depois foi a fase de a CMM mexer com a economia do concelho. Daí ter nascido o Fluviário, que, de alguma maneira, veio colocar Mora no mapa de Portugal. Antigamente, Mora era um concelho de passagem. Hoje é um concelho de destino.
Nos últimos três anos, tornámos o concelho mais apelativo, bonito e organizado, com mais espaços ajardinados e os centros das vilas remodelados.
O Fluviário de Mora foi o projecto mais ambicioso?
O Fluviário mudou o concelho de Mora. Estamos a falar de 50 mil pessoas que nos visitam anualmente e, muitos, fazem aqui as suas refeições. Isto dividido por 10 restaurantes é muita coisa. Depois, há uma cadeia: as pessoas vão ao restaurante, que tem que comprar os produtos e contratar mais trabalhadores.
É possível contribuir para a fixação das pessoas em concelhos como o de Mora?
O Alentejo perde sete pessoas por dia. Enquanto não houver por parte do Estado medidas de discriminação positiva para o Interior do País, é muito difícil fixar população. Mesmo assim, na Zona Industrial do concelho foi instalada uma fábrica de iluminação LED, que emprega umas 60 pessoas, e uma outra de embalagens de material hospitalar.
Foram também instalados pomares de pêssegos (100 hectares) junto à estrada para Cabeção.
Depois há um outro paradigma: num concelho pequeno como o nosso, quer queiramos ou não, é muito difícil fixar os jovens que se vão licenciando.
… e o Plano de Valorização do Interior anunciado pelo Governo?
É mentira que existam milhões de euros para o Interior do País e para investir na indústria. Vários empresários já manifestaram interesse no nosso concelho, estando, no entanto, dependentes do financiamento de fundos comunitários, que nunca se concretiza.
Quais os principais projectos que a autarquia realizou neste mandato?
Concluímos algumas das empreitadas que vinham do anterior mandato, como o Parque Urbano de Mora. Actualmente, estamos com um volume de obra de quatro milhões de euros (num orçamento de 10,5 milhões de euros), que se deve à situação financeira estável e invejável da CMM.
Infelizmente, poucas vão ficar concluídas até Outubro, tendo em conta a epidemia e o consequenteaumento dos custos. A decorrer está a remodelação do Mercado Municipal e da Igreja Matriz de Mora, um edifício emblemático, que vai acolher alguns serviços do município (nomeadamente o arquivo) e permitirá a todos os visitantes entrar e conhecer o mecanismo da torre sinaleira. Estamos também a alargar a rua Catarina Eufémia, em Mora, a construir um parque de auto-caravanas (em Cabeção) e uma pista de atletismo em Pavia.
Simultaneamente, decorre a remodelação da Casa Museu Manuel Ribeiro de Pavia, ultimam-se as obras junto a uma das entradas da freguesia de Cabeção e está adjudicada uma intervenção na estrada que liga Cabeção a Avis (com cerca de cinco quilómetros). Será também iniciado o novo loteamento municipal de Mora e está, uma vez mais, em concurso público a construção da nova «Oficina da Criança».
Mudámos também toda a iluminação pública no concelho, que passou para LED, reduzindo em 60 por cento o que pagávamos à EDP, e renovámos a frota municipal.
O programa eleitoral da CDU foi cumprido na íntegra?
Eu diria que está cumprido a 120 por cento. Aquilo que tínhamos programado está feito ou em obra. Depois, há muitas outras coisas que fomos fazendo, acrescentando valor àquilo que propusemos fazer. Por exemplo, surgiu a oportunidade de remodelar a Escola Básica do 1.º Ciclo, com Jardim-de-Infância, de Pavia, num projecto relacionado energias renováveis.
Este foi um concelho muito fustigado pela COVID-19. Que respostas foram dadas pelo Estado?
A situação aqui foi muito complicada. O Estado alheou-se dos problemas que tinha obrigação de responder. Além da falta de médicos no Centro de Saúde, se não fosse a CMM teriam faltado equipamentos de protecção individual aos bombeiros, mas também a outras instituições. Fomos nós que, a determinada altura, pagámos os testes à COVID-19 aos bombeiros, à GNR e aos professores.
Num lar (de idosos) de Cabeção chegaram a estar infectados todos os utentes e trabalhadores. A Segurança Social dizia que tinha enviado para lá ajuda, o que não se concretizou. O município viu-se obrigado a contratar dez pessoas – enfermeiros e trabalhadores especializados em geriatria – para responder àquela situação catastrófica.
Construímos também um equipamento de retaguarda para receber as pessoas que não podiam ficar nos lares (do concelho, mas também do distrito).
Depois, o apoio que prestámos à população: num concelho com de cerca de quatro mil habitantes, estavam 400 pessoas em confinamento, que não podiam sair de casa para despejar o lixo ou fazer compras, por exemplo.
Que papel tiveram o trabalhadores municipais neste processo?
Os trabalhadores da CMM são os melhores do mundo. O pessoal está sempre preparado para responder às necessidades concretas. A determinada altura, apesar de encerrado, no Fluviário havia só um aquarista que não estava em confinamento. Durante três semanas foi ele que assegurou a alimentação dos peixes. Isto é apenas um entre muitos exemplos da dedicação que os trabalhadores da CMM dão ao município.
Como foi sentida a aprovação do suplemento de penosidade e insalubridade?
A maior parte dos trabalhadores da CMM aufere o salário mínimo nacional (SMN). Com este subsídio pago, desde Janeiro deste ano, são mais uns euros que levam para casa e, obviamente, ficaram satisfeitos e reconhecidos.
Como pode o Governo PS afirmar que quer desenvolver o Interior do País se nada faz para travar o encerramento de serviços públicos?
Estamos habituados a lutar em defesa do concelho, das populações e dos serviços públicos. Em 2005, o PS queria que Mora passasse para o distrito de Portalegre, para poder dominar a Associação de Municípios do Norte Alentejano. Com duas enormes manifestações, em Mora e em Évora, conseguimos inverter essa situação.
Outra luta importantíssima foi contra o corte nas credenciais para o transporte de doentes e em defesa das urgências nocturnas. Hoje há credenciais e as urgências continuam a funcionar.
Como vês o processo de descentralização de competências do Estado para as autarquias?
Estamos a falar de um processo em que o Governo pretende desresponsabilizar-se de áreas que são da sua competência. Na área da Saúde, as contas que são feitas pelo Governo são de três funcionários administrativos, quando o Centro de Saúde tem seis.
Como se explica o facto de o preço da água de Mora ser o mais barato do distrito de Évora?
É simples. Aqui a água é nossa. Não entrámos em nenhum sistema de águas, nem multimunicipal, nem intermunicipal. Em Mora, gerimos desde a captação até à torneira, com os nossos trabalhadores e meios. Assim é possível que o preço da água seja o terceiro mais barato do País. É uma opção política.
A escolha pela CDU de Marco Calhau para candidato a presidente da CMM (ver caixa) é uma mais-valia para o concelho?
Além da experiência do Marco Calhau, nos executivos da CDU há sempre trabalho em equipa e acompanhamento político. Termos orientações muito claras sobre as matérias, o que nos ajuda a fazer o nosso trabalho.
Quais as principais críticas da oposição?
Não têm sido muitas, até porque sabem que não nos podem criticar. Surgiu entretanto um grupo de pessoas do PS que se apelidam de «Renascer Mora». Não é um movimento independente, mas uma forma de enganar as pessoas. É um PS que tem vergonha de dar a cara e aparece camuflado.
Que mensagens diriges à população do concelho?
Estamos a construir boas equipas, que vão continuar a dar tudo por tudo para que as populações vivam cada vez melhor e tenham uma melhor qualidade de vida.
Aprofundar o projecto da CDU
«Estão reunidas as condições para continuar a aprofundar o projecto da CDU» e, desse modo, prosseguir o «desenvolvimento harmonioso do concelho de Mora», assegurou ao Avante!, Marco Calhau, candidato a presidente da Câmara Municipal.
A experiência que adquiriste é uma mais-valia para a prossecução do trabalho realizado?
Desde jovem, enquanto associado e, mais tarde, dirigente de uma dinâmica associação juvenil, fui conhecendo e ficando cada vez mais próximo do projecto autárquico da CDU.
Não tardou muito, fruto da minha militância, a integrar este colectivo, que, ao longo dos últimos mais de 40 anos, tem tido uma acção preponderante no desenvolvimento do concelho.
Entre a Assembleia de Freguesia, Assembleia Municipal e, agora, a Junta de Freguesia de Mora, sempre procurei responder aos anseios da população. Também a vasta experiência adquirida nos Bombeiros de Mora – primeiro como voluntário, depois como profissional – trouxe-me um conhecimento mais profundo da realidade do concelho e das necessidades e anseios da população.
O que está a ser feito no âmbito da preparação das eleições autárquicas?
A confirmação de que estamos no caminho certo está bem patente nas acções já realizadas em todo o concelho, privilegiando o contacto directo, sendo clara a excelente aceitação da candidatura da CDU e das pessoas que a protagonizam.
É notório o reconhecimento do trabalho desenvolvido pelas autarquias locais bem como a necessidade do seu aprofundamento e, num ou noutro aspecto, a vontade da sua melhoria.
É, portanto, com base no projecto distintivo da CDU que vamos procurar dar resposta aos anseios da população do concelho de Mora, embora conscientes das enormes dificuldades que temos pela frente e que resultam, no essencial, das política de direita praticadas pelos sucessivos governos do PSD, CDS e PS com consequências desastrosas para todo o interior do País.
Quais as ideias centrais do programa eleitoral da CDU para os próximos quatro anos?
É através do contacto generalizado com a população do concelho, nomeadamente com as associações, os trabalhadores, os jovens, passando naturalmente pelas empresas, que procuramos recolher importantes contributos que nos ajudarão a construir um programa eleitoral que responda, sem demagogia nem populismos, a essas preocupações. A principal reside na necessidade de fixação de população e de empresas, garantindo, também, a manutenção e a melhoria dos serviços públicos com vista ao desenvolvimento do concelho. Naquilo que de nós depender, a população pode contar com o nosso total empenhamento, mas também com o compromisso de que desenvolveremos as lutas necessárias para exigir ao Poder Central as medidas certas para o desenvolvimento do concelho, desde logo, por melhor saúde, melhor educação, mais protecção social, reabertura dos serviços encerrados, apoios para a fixação de empresas, apoio à criação de emprego, apoio à agricultura sustentável, melhor acessibilidades.