Olhos nos olhos, de cabeça erguida: nós somos o PCP!
Nos balanços de campanhas eleitorais, surge com frequência a tese de que não sabemos comunicar. Sem desvalorizar sínteses, rasgos, capacidade de traduzir mais eficazmente o que queremos transmitir, vale a pena pensar em alguns pontos de partida.
O que fazemos é intervir para elevar consciências
O campo onde intervimos não é neutro, onde quem interpelamos está disponível para nos ouvir ou reconhecer o que afirmamos, considerando toda a artilharia da ideologia dominante, isso conduz a que haja mesmo um abismo entre o que dizemos e o que é apreendido. Não é um problema apenas da nossa mensagem «passar» ou não: a nossa mensagem é complexa e disruptiva na estrutura de valores dominante.
O efémero, o espectáculo, o soundbite, o sensacionalismo e a superficialidade são tónicas do espaço mediático e também da grande maioria do espaço político. Ora, não são esses os nossos de padrões de análise e de acção, porque o que fazemos é intervir para elevar consciências. A nossa abordagem é de classe, de rigor, de coerência, de verdade e seriedade – tudo isto contrasta com o «consome e deita fora», os escassos 280 caracteres de uma publicação, com as 24 horas de uma história numa rede social.
Intervimos sem desconhecer a dinâmica de comunicação dominante, mas optamos por não sacrificar conteúdo pela forma, por não subordinar qualquer iniciativa aos 10 segundos de televisão, não nos guiamos por tempos que não sejam os necessários ao apuramento colectivo e à solidez de tomada de posições, porque mantemos e queremos manter a independência da nossa própria agenda e não a do capital.
Audácia e alegria
Quando órgãos de comunicação social, as mais diversas entidades, incluindo a maioria dos partidos políticos exacerbavam o medo, chegando uma autarquia a publicar outdoors com a frase «não tenhas medo de ter medo», o PCP era a força que não permitia que sob esse tapete se varressem direitos e se aprofundasse a exploração. Foi este Partido que desconfinou e manteve viva a alegria de viver, abriu perspectivas de esperança.
É também disso que fala a nossa campanha autárquica no terreno: ela será também a janela que se abre, com trabalho, honestidade e competência, para um futuro de confiança.
Há que intervir pela positiva, com audácia, confiança, serenidade, sem sobranceria ou paternalismos. O contexto para a nossa comunicação é desfavorável mas não é intransponível. Primeiro porque o mundo move-se, claro está, mas sobretudo porque cada um tem ferramentas poderosas indelegáveis: o seu conhecimento concreto da realidade para intervir, o seu prestígio e credibilidade junto dos outros para vencer preconceitos, e um projecto político exaltante.
Propomos agora não deixar para rescaldos eleitorais todos os balanços e pensarmos o que temos vivido nos últimos meses, e talvez anos.
Confiança e orgulho
Olhemos para este Partido, para a sua intervenção, organização e capacidade de atracção. Olhemos para este povo, para os nossos vizinhos, colegas de trabalho, para os milhares que partilham connosco as ruas, os transportes e serviços públicos. Olhemos também para as campanhas de que este partido tem sido alvo: vaga atrás de vaga – campanha contra o Secretário-geral, campanha recorrente em torno de questões internacionais, campanha contra o 25 de Abril, o 1.º Maio, contra a Festa do Avante!, contra o Congresso, contra as comemorações do Centenário do Partido, novamente o 25 de Abril. Quase todos os dias um novo assalto.
Voltemos a olhar para este Partido e para as respostas que tem dado, sobretudo ao que importa ao povo e ao País. Fizemos tudo o que tínhamos que fazer. E fizemos mais. E houve muitos que se juntaram a nós.
Só temos razões para, com confiança e orgulho, de cabeça erguida, travar todas as batalhas de todos os dias: nas eleições autárquicas, no reforço do Partido, no nosso local de trabalho ou na nossa localidade, por que isto anda tudo ligado.
Temos todas as razões para nos dirigirmos ao nosso colega, ao nosso vizinho, de olhos nos olhos, dizendo-lhes: nós somos o PCP. Juntas-te a nós?