A campanha de fundos mais significativa de sempre
A poucas semanas do seu fim, a campanha nacional de fundos O Futuro tem Partido ganha nova dinâmica a caminho do seu êxito, graças ao empenho de muitos militantes e de outros que, não o sendo, compreendem a importância de reforçar o PCP. Até à sua conclusão há ainda muitos contactos para fazer.
Há uma alargada consciência da importância do PCP na sociedade
Este não é ainda o tempo para fazer balanços da campanha de fundos que o PCP lançou há pouco mais de um ano, no âmbito das comemorações do seu Centenário, e que se aproxima do final: os contactos decorrem e as contribuições somam-se a um ritmo quotidiano, o que permite encarar com confiança a concretização (e por que não a superação?) dos audaciosos objectivos traçados. Em todo o Partido faz-se um derradeiro esforço para consumar os compromissos de contribuição mensal que foram assumidos e estabelecer novos contactos, tanto no seio da própria organização como para lá dela. E os resultados são encorajadores.
Na organização dos professores comunistas do distrito de Leiria, a meta proposta – considerada «demasiado ousada» pelos militantes, no início da campanha – foi já ultrapassada em mais de 50%, como contou ao Avante! a responsável, Ana Rita Carvalhais. A maioria das verbas recolhidas resulta das transferências mensais dos valores combinados com cada um dos militantes e simpatizantes do Partido que aceitou contribuir para a campanha, fazendo-o em 16 parcelas, correspondentes a 14 meses e aos subsídios de Férias e Natal. Mas houve quem tenha optado por contribuir de uma só vez com valores mais substanciais, recorda a responsável.
Para Ana Rita Carvalhais, não há nenhum segredo para este resultado, apenas organização, dedicação e empenho. A elaboração, logo nos primeiros dias, de uma lista nominal de pessoas a abordar e o contacto célere com cada um dos nomes dessa lista (por telefone ou mensagem, devido à situação de confinamento que já então se vivia) foram decisivos para a criação da dinâmica positiva que permitiu superar as metas traçadas.
Porém, garante Ana Rita Carvalhais, foi preciso mais do que registar os compromissos de cada um, houve que garantir que estavam a ser cumpridos. Nos poucos casos em que, pelos mais diversos motivos, se registaram atrasos nas transferências, as situações foram imediatamente detectadas e resolvidas, evitando o avolumar dos valores em falta. Para a responsável, esta campanha mostra uma vez mais que há muita gente disponível para contribuir financeiramente para o Partido (seja ou não militante) e às vezes «somos nós que não temos a ousadia necessária para falar com elas».
Organização e audácia
João Aniceto, que na Direcção da Organização Regional de Lisboa do PCP assume a responsabilidade pelos concelhos do Oeste (Mafra, Torres Vedras, Sobral de Monte Agraço, Cadaval e Lourinhã), concorda com esta última ideia. Também nas organizações que acompanha, as pessoas reagiram bem às abordagens e no geral contribuíram para a campanha, sempre que para tal foram desafiadas. Houvesse uma maior estruturação partidária naqueles concelhos e seguramente os resultados alcançados seriam ainda mais significativos, realça, valorizando os passos entretanto dados em alguns deles ao nível do reforço do Partido: «numa próxima campanha de fundos iremos ainda mais longe», garante.
Para João Aniceto, o principal obstáculo à concretização da campanha é a dispersão geográfica daqueles concelhos, e por acréscimo dos militantes, mas acabou por não impedir o envolvimento de mais de 150 pessoas: «onde não foi possível chegar pessoalmente, chegou-se por outra via e assegurou-se a contribuição por transferência bancária.» Se as transferências mensais garantem a maioria das verbas recebidas, não são também pouco significativos os contributos isolados.
Naqueles cinco concelhos do Oeste do distrito de Lisboa, dois factores explicam o êxito da campanha nacional de fundos, destaca o responsável: a descentralização dos contactos (nuns concelhos envolvendo 10 militantes, noutros um pouco menos) e a participação de muitos independentes. «Aproveitámos o início do processo de elaboração de listas da CDU para colocar as questões relacionadas com a campanha» e os resultados excederam expectativas.
Reconhecimento e consciência
Esta campanha nacional de fundos é singular em vários aspectos, sendo porventura o mais destacado o facto de não incidir num aspecto parcelar (a aquisição de um edifício ou terreno) mas no Partido, na sua história, no seu projecto, na necessidade de assegurar a sua intervenção presente e futura. A participação dos militantes, e de tantos que o não são, tem assim um profundo significado político.
João Ribeiro, professor aposentado que há muito colabora com o Gabinete de Imprensa do Partido, explica a importância desta campanha, para a qual ele próprio participou: «Para que o PCP continue e vai continuar, certamente, porque é o Partido que mais falta faz à democracia portuguesa, ao povo e aos trabalhadores, é necessário assegurar a sua independência financeira», que garante estar intimamente ligada com a independência política, ideológica e organizativa. As fontes de financiamento com que o Partido poderá sempre contar são as que resultam da contribuição dos seus militantes e amigos».
Se tanta gente contribui, continua João Ribeiro, é porque há uma alargada consciência de que a «democracia sem o nosso Partido não é uma democracia séria e estável» e que se deve ao PCP «grande parte das conquistas que hoje temos». Mesmo que algumas tenham já sido revertidas, os valores de Abril «sobrevivem e são extremamente importantes para vida dos trabalhadores e do povo».