Likud, passado e presente

Filipe Diniz

Em Dezembro de 1948, 28 intelectuais judeus publicam no New York Times uma carta-aberta que não poupa palavras. Eis alguns trechos:

«Entre os mais perturbadores fenómenos do nosso tempo encontra-se a emergência no recém criado Estado de Israel do “Partido da Liberdade” (Thuat Haherut), um partido político cuja organização, métodos, filosofia política se aparentam aos partidos Nazi e Fascista. (…)

«A visita aos EUA em curso do chefe deste partido, Menachem Begin, é obviamente pensada no sentido de dar a impressão de apoio norte-americano ao seu partido face às eleições que se aproximam, e de consolidar laços políticos com elementos sionistas conservadores nos EUA. Vários norte-americanos de prestígio nacional deram as boas-vindas à sua visita. Se estivessem correctamente informados do registo político do sr. Begin e das suas perspectivas, seria inconcebível que pessoas que se opõem ao fascismo seja onde for pudessem juntar os seus nomes e apoiar o movimento que ele representa. (...)

«As declarações públicas do partido de Begin não constituem de nenhuma forma guião para entender o seu carácter real. Hoje falam de liberdade, democracia e anti-imperialismo, mas muito recentemente pregavam abertamente a doutrina do Estado Fascista. É através das suas acções que o partido terrorista revela o seu verdadeiro carácter; é pelas suas acções passadas que poderemos julgar o que pode esperar-se que façam no futuro. (…)

«Têm pregado no interior da comunidade judaica uma miscelânea de ultra-nacionalismo, misticismo religioso, e superioridade racial. Tal como outros partidos fascistas têm sido utilizados para reprimir greves e têm eles próprios pressionado no sentido da destruição de sindicatos livres. Em vez dos quais propuseram sindicatos corporativos segundo o modelo do fascismo italiano.»

Esta lúcida e profética carta é assinada por nomes como Albert Einstein, Hannah Arendt, Seymour Melman (um economista que merece ser mais conhecido e estudado). Muitos dos subscritores participaram activamente na facção progressista do movimento sionista anterior à guerra. Todos os alertas que fazem caíram em saco roto. O partido de Begin é o partido de Netanyahu. O terrorismo sionista é há muito política de Estado.




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