Quinzena nos transportes exige renacionalização dos CTT
«Portugal necessita de um serviço de transportes e comunicações, assente em fortes empresas públicas, que devem privilegiar um serviço público de qualidade», reafirmou a Fectrans no dia 5.
São visíveis os efeitos negativos das privatizações neste sector
A Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações marcou, na segunda-feira, o início de uma «quinzena de esclarecimento, mobilização e luta», com uma conferência de imprensa sobre as razões que justificaram arrancar com esta série de plenários e outras acções.
No dia seguinte, frente ao Ministério das Infra-estruturas, em Lisboa, um grupo de dirigentes da federação e do Sindicato Nacional dos Correios e Telecomunicações realizou uma acção em defesa da renacionalização dos CTT, que culminou com a entrega de um grande postal, dirigido ao ministro, a recordar os argumentos que fundam tal exigência.
No documento que divulgou aos jornalistas, a Fectrans assinala que nos Correios e nas telecomunicações «estão visíveis os efeitos negativos da privatização dos CTT e da PT», começando pela «degradação destes serviços», uma vez que «o lucro dos accionistas passou a sobrepor-se aos interesses dos utentes e dos trabalhadores».
«É preciso inverter» uma situação caracterizada por «serviços mais caros, degradação dos salários, redução de trabalhadores, externalização de serviços com recurso a trabalhadores com vínculos precários», colocando este sector de actividade «no quadro do sector empresarial do Estado».
A Fectrans e o SNTCT defendem que este curso deve ser tomado, «desde já», nos CTT, «onde se assiste a uma degradação do serviço público», considerando que «está em discussão o contrato de concessão e o Governo deve ter vontade política para renacionalizar esta empresa».
Saúde, salários
e horários
A Fectrans enalteceu «a competência e o profissionalismo» dos trabalhadores dos diversos sub-sectores, para assegurar «um importante serviço público e social». Do Governo e do patronato exige-se que tal esforço não seja ignorado, o que deveria significar a aplicação de medidas que a federação e os sindicatos têm defendido, como a realização de testes em massa nas empresas.
A crise sanitária «não pode ser mais um dos argumentos para desvalorizar as condições de vida e de trabalho». A favor da «valorização dos salários e das profissões», a federação indicou a grande queda na relação da remuneração dos motoristas do serviço público de passageiros com o salário mínimo nacional: representa agora 105 por cento, quando no ano 2000 era de 160 por cento.
No documento são ainda condenadas «formas de organização do trabalho totalmente desreguladas», como o teletrabalho, e «novas formas de exploração», como o trabalho para plataformas digitais.
Para a generalidade dos trabalhadores de transportes e comunicações, reclama-se a redução dos horários de trabalho e da idade legal de reforma, tomando em consideração que a laboração se desenvolve com horários irregulares, trabalho por turnos e nocturno, em subsolo, no mar e em veículos sujeitos a vibrações.
Próximas acções
Os trabalhadores ferroviários e do sector rodoviário de passageiros realizam nesta quinzena diversos plenários. De entre outras «acções mais abrangentes» a Fectrans destacou:
– denúncia das condições de trabalho nos call centers da MEO, NOS, Vodafone e Nowo, nos dias 12 e 13;
– esclarecimento e discussão com os trabalhadores da Transtejo e Soflusa, no dia 13, e do Metropolitano de Lisboa, no dia 15;
– debate sobre o teletrabalho e respostas sindicais, no dia 13, às 15 horas;
– debate sobre o trabalho em plataformas digitais e respostas sindicais, no dia 15, às 14h30;
– plenário de dirigentes e delegados sindicais, em Lisboa, junto à residência oficial do primeiro-ministro, no dia 16 às 10h30;
– deslocação de dirigentes e activistas sindicais ao Governo Regional da Madeira, dia 16, no Funchal.