Só o que não importa é notícia
Com o aproximar das eleições autárquicas, as atenções mediáticas têm-se voltado para estas. Não tanto para os problemas locais, para o trabalho dos executivos municipais e de freguesia eleitos em 2017, para as aspirações de cada população, mas particularmente para os anúncios de candidatos, a especulação em torno de acordos e desacordos, ou de arrufos intestinos neste ou naquele concelho.
Para além destas, outras notícias foram aparecendo, como é hábito nestas alturas: também não sobre o trabalho autárquico feito, nem sequer sobre o que se propõe fazer, mas sobre anúncios de investimentos milionários em concelhos onde os decisores mediáticos decidem apostar. Disto foi exemplo a notícia recente de um projecto para o concelho de Almada, com um «investimento de 800 milhões de euros e criação de 17 mil postos de trabalho», dando voz à actual presidente da Câmara. Apesar da visibilidade conseguida, e do silenciamento dos interesses especulativos e imobiliários que lhe estariam subjacentes, tudo não passará de mais uma promessa como tantas outras que aparecem em véspera de eleições.
A eleição para a Câmara Municipal de Lisboa, pela centralidade que assume e por se terem vindo a apresentar grande parte das candidaturas esperadas, tem merecido particular atenção. O anúncio de João Ferreira como candidato da CDU, esta segunda-feira, foi amplamente noticiada, é verdade. Mas os termos com que foi tratada, não apenas nos espaços noticiosos mas particularmente pelos comentadores de serviço, contrastaram, com raras excepções, com os rasgados elogios surgidos a propósito do anúncio de Carlos Moedas como candidato do PSD e do CDS.
Da grelha preconceituosa ressalta: a afirmação de que o PCP «não tem outros quadros», por apresentar alguém que é deputado no Parlamento Europeu, actual vereador e candidato nas últimas presidenciais. Já o facto de Moedas ter ajudado a redigir o Pacto de Agressão com a troika, em 2011, em nome do PSD – e depois ter ajudado a executá-lo como Secretário de Estado – é apresentado como factores que valorizam o seu currículo (sem esquecer a posterior promoção à Comissão Europeia, na época das ameaças de sanções a Portugal); ou o recurso aos resultados eleitorais das últimas eleições para o Parlamento Europeu e, particularmente, nas presidenciais, para tentar menorizar a força da CDU em Lisboa. Já se adivinham novas manobras para procurar afastar as candidaturas da CDU do espaço mediático, não a partir do único elemento objectivo para medir a força eleitoral de cada candidatura – os resultados das últimas eleições autárquicas – mas aqueles que melhor servirem ao objectivo.
À medida que o período eleitoral se for aproximando é de esperar que estes primeiros sinais se multipliquem no sentido de, ao mesmo tempo que se promovem outros, diminuir, esconder ou mesmo denegrir os eleitos, as candidaturas e o projecto autárquico da CDU – com provas dadas, seja em maioria ou minoria, de trabalho, honestidade e competência ao serviço das populações.
Face a isto, sem nunca deixar de denunciar as exclusões, manipulações e mentiras de que formos alvo, assume uma importância crescente que cada candidato e activista leve a todos a mensagem e o projecto da CDU.