Política patriótica, precisa-se!
A submissão ao imperialismo compromete a independência
É urgente tomar consciência de quanto a política de submissão ao imperialismo compromete a independência de Portugal e empobrece a democracia. Esta é uma questão de fundo que tem raízes muito antigas. A Revolução de Abril, em si mesma uma exaltante afirmação de soberania, confirmou que um povo para ser livre não pode oprimir outros povos. Mas se o colonialismo foi liquidado, o domínio estrangeiro sobre Portugal, embora fortemente golpeado, não o foi. O processo contra-revolucionário de recuperação capitalista encontrou aí um apoio poderoso que a adesão à CEE/UE aprofundou. Há décadas que o nosso país está submetido a uma política de direita e de submissão nacional com que é necessário romper.
O afastamento da coligação PSD/CDS do governo não foi na direcção da necessária ruptura com tão nefasta política. Com o Governo minoritário do PS a continuidade na política externa tem sido o traço dominante. Não há praticamente nenhuma vertente em que Portugal não tenha acompanhado a política de ingerência e agressão do imperialismo. A abdicação de uma política própria de brio patriótico e a sujeição às imposições da UE e do euro é, para este Governo, um dogma intocável que está a condicionar o desenvolvimento do País e a esvaziar as instituições democráticas de competências de soberania que foram sendo transferidas para o plano supranacional. E a participação de Portugal na NATO é um colete de forças que amarra cada vez mais as Forças Armadas à estratégia militarista e intervencionista do imperialismo.
Esta situação adquire particular gravidade na presente situação internacional, quando os EUA estão empenhados em impor aos seus aliados uma demencial corrida aos armamentos e em arrastá-los para a sua aventureira estratégia de confrontação com quem não se lhe submeta. O governo português em lugar de erguer a sua voz em defesa da Carta da ONU e do Direito Internacional como impõe a Constituição, coloca-se ao serviço desta estratégia, por vezes mesmo no «pelotão da frente» como na campanha contra a Venezuela ou mesmo em relação à Bielorrússia, recebendo ao mais alto nível a criatura escolhida pelo imperialismo para dar rosto à sua brutal ingerência na vida interna daquele país.
É assim que, acompanhando os seus parceiros da UE se abstém na ONU a condenar os crimes do nazismo e que alinha na grave decisão da UE de aplicar sanções à China; que se prepara para dar uma ajuda à estratégia agressiva dos EUA na região Ásia-Pacífico com a organização no Porto da Cimeira UE/India em que participará Narendra Modi o fanático Primeiro Ministro indiano a braços com gigantescas lutas camponesas; que propõe a inédita realização de uma cimeira UE/NATO visando explicitamente reforçar ainda mais o «pilar europeu da NATO».
Estes alguns exemplos da nefasta política externa conduzida por um Governo em que se destaca o Ministro Augusto Santos Silva, aquele que questionado quanto à urgência de encontrar resposta para a falta de vacinas em Portugal não hesitou em considerar traição procurá-las fora do quadro imposto pela UE, o que diz bastante sobre as opções contrárias ao interesse nacional do chefe da diplomacia portuguesa.