E no entanto resistem
Os palestinianos assinalaram anteontem, dia 30, o Dia da Terra Palestina, essa terra que vêm regando com sangue desde a Nakba, a «catástrofe» que para eles representou a criação do Estado de Israel, há 73 anos.
Foram seis as vítimas que tombaram às mãos do opressor, nesse Março de 1976, punidas sem remissão pelo crime de protestarem contra a expropriação de terras pertencentes a palestinianos, no Norte do Estado de Israel, para aí serem instalados colonatos judaicos. A repressão que se abateu sobre as manifestações de protesto que então ocorreram em diversas localidades deixou uma centena de feridos e centenas de pessoas foram presas.
A data tornou-se simbólica, para afirmar a determinação de um povo em preservar a sua história, a sua identidade, a sua terra. Determinação nascida da «catástrofe», quando milícias sionistas destruíram mais de 500 aldeias, massacraram povoações e expulsaram das suas casas cerca de 750 mil palestinianos, e todos os dias posta à prova.
Entre as duas datas e a actualidade sucessivas gerações de palestinianos nasceram, sobreviveram, morreram, sem que a situação se alterasse.
Israel não só prosseguiu como intensificou a colonização, levando a cabo uma verdadeira limpeza étnica dos palestinianos de toda a Palestina histórica. Confinados em cada vez menos espaço, sujeitos a todo o tipo de repressão e arbitrariedades nos tristemente célebres checkpoints, alvos de boicotes sistemáticos que impedem a circulação de pessoas e bens, diariamente confrontados com a demolição das suas casas, expansão e construção ilegais de colonatos, despejos forçados e medidas punitivas, os palestinianos são reduzidos à indigência.
Passaram mais de 70 anos desde que a Assembleia Geral da ONU adoptou a resolução 181 (II), conhecida como a Resolução para a Partilha, que daria origem ao estabelecimento de dois estados: um palestiniano e outro judaico com Jerusalém como um corpo separado e sob um regime internacional especial. O resultado está à vista.
Israel, parceiro privilegiado dos EUA e da UE, continua a desrespeitar impunemente todas as resoluções da ONU. O direito internacional, tripudiado pelas potências que dominam o mundo, parece uma piada de mau gosto.
E no entanto... os palestinianos resistem.