China exige respeito pela soberania em conversações com os EUA

DIFERENÇAS Os chefes da diplomacia da China e dos EUA reuniram-se pela primeira vez desde a chegada à Casa Branca de Joe Biden. As conversações em Anchorage revelaram profundas diferenças sobre assuntos capitais.

Reunião no Alasca permitiu às duas partes a clarificação de posições

A China assegurou que as conversações com os Estados Unidos da América em Anchorage, no Alasca, foram «construtivas, francas e directas» e permitiram às partes clarificar as suas posições, embora persistam diferenças sobre assuntos importantes.

Yang Jiechi, director dos Assuntos Externos do Partido Comunista da China (PCC) e chefe da delegação chinesa, disse aos jornalistas, no dia 20, que a reunião foi benéfica e que o seu país reafirmou os princípios da não confrontação, do respeito mútuo e da cooperação reciprocamente vantajosa, tendo em vista normalizar as relações com Washington.

Não obstante, Pequim manteve-se firme em não admitir concessões sobre assuntos relativos à soberania, à integridade territorial, à segurança e aos interesses de desenvolvimento. «A China crê que alguns desacordos e problemas de longa data podem ser abordados mediante o diálogo, mas advertiu os Estados Unidos a não substimá-la na sua determinação de proteger a dignidade nacional e os direitos justificados», disse, por sua parte, o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi.

Segundo um comunicado oficial, a delegação chinesa enfatizou a tolerância zero à ingerência em assuntos internos, a ataques ao sistema político do país e a ofensas à liderança do PCC. Exigiu à Casa Branca acatar o princípio de «uma só China» no tratamento a Taiwan, respeito pelas políticas aplicadas em Hong Kong, levantar as sanções a responsáveis chineses e deixar de deturpar a situação em Xinjiang e no Tibete.

«Conversa sincera»

Apesar de um começo beligerante nos discursos de abertura, no encontro de Anchorage, nos dias 18 e 19, as duas potências acordaram em estabelecer um grupo de trabalho sobre as alterações climáticas, analisaram soluções para a vacinação dos seus corpos diplomáticos e para o funcionamento das actividades tanto das embaixadas como de meios de informação.

À parte a agenda bilateral, as partes discutiram a situação no Irão, Afeganistão, Myanmar e na península coreana, e concordaram em estreitar a coordenação em organismos como o G20.

«Os dois países necessitam de construir a confiança, (…) entender-se em vez de culpar-se, trabalhar juntos em vez de atacar-se para então focar-se nas agendas domésticas e alcançar as respectivas metas de desenvolvimento», assinala o texto do comunicado chinês.

Na reunião do Alasca, Yang Jiechi e Wang Yi dialogaram durante os dois dias com o secretário norte-americano de Estado, Antony Blinken, e o assessor de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan.

Tratou-se do primeiro encontro oficial presencial entre diplomatas da China e dos EUA desde o início do mandato do presidente norte-americano Joe Biden.

Se as conversações, no arranque, na quinta-feira, 18, perante jornalistas, foram difíceis, depois fluíram, com troca de críticas, reafirmação de posições opostas e preocupações a propósito de comércio, tecnologia e outros temas.

Apesar das tensões, Blinken reconheceu que puderam ter «uma conversa sincera» durante horas, sobre uma agenda muito ampla. Contudo, resumiu que as relações dos EUA com a China serão «competitivas onde devam ser, cooperativas onde possam ser e com rivalidade onde seja necessário».




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