Anuladas condenações contra Lula: «venceu a Constituição e a Justiça»
O Partido dos Trabalhadores (PT) do Brasil congratulou-se com a anulação das condenações contra Luiz Inácio Lula da Silva mas afirma que a decisão judicial não apaga os 580 dias de injusta prisão do ex-presidente.
O juiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), anulou na segunda-feira, 8, as condenações contra Lula relacionadas com a denominada operação Lava Jato. A decisão restitui ao fundador do PT e antigo presidente da República do Brasil os direitos políticos e a possibilidade de candidatar-se à eleição para um cargo público.
Fachin argumentou que o tribunal da cidade de Curitiba que julgou o ex-presidente é incompetente para o fazer e por isso são anuladas por erro processual as condenações. Os processos devem agora ser remetidos para a Justiça Federal em Brasília, para nova análise.
«A anulação das condenações é um pedido de justiça da sociedade brasileira e internacional, da luta da nossa militância e de todos os que sempre acreditaram na inocência de Lula», afirmou na Câmara dos Deputados a presidente do PT, Gleisi Hoffmann. Contudo, insistiu a deputada, «nada apagará os 580 dias de prisão injusta que Lula enfrentou, a dor e a humilhação a que foi submetido, assim como a da nossa militância e dos amigos de Lula».
«Apesar de todas as barbaridades cometidas pelo ex-juiz Sérgio Moro – considerou Gleisi Hoffmann –, isto nunca foi reconhecido em cinco anos e lamento que tenhamos demorado cinco anos a aceitar o que foi a primeira reclamação da defesa de Lula, em 2016».
A dirigente do PT sublinhou que o principal mérito da decisão judicial é reconhecer a plena cidadania de Lula, devolvendo ao ex-presidente o direito de concorrer a eleições. «Direitos que foram roubados e tiveram como consequência» a eleição de Jair Bolsonaro, acusou, insistindo que Moro deve ser julgado.
PCdoB saúda decisão
A presidente do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos, saudou a decisão do STF destacando que «hoje venceu a Constituição e a Justiça».
A líder comunista ressaltou que o PCdoB esteve sempre na linha da frente de apoio a Lula: «Nós sempre apontámos que os processos contra Lula tinham motivação política. E que, por isso mesmo, foram alvo de todo tipo de irregularidade, começando pelo facto de que não podiam ter sido julgados em Curitiba».
Segundo Luciana Santos, «a cada dia, os factos concretos revelam que os procuradores [juízes] actuaram com o objectivo de retirar Lula da disputa presidencial e desconstruir o legado de um ciclo político inclusivo, nacional e popular».
Advertiu que a decisão do STF pode abrir caminho para uma nova ofensiva contra Lula: «Estejamos todos atentos. O que defendemos sempre foi um julgamento justo e o respeito pela democracia».
PCP saúda e reclama justiça
Numa mensagem divulgada no dia 9, o PCP saudou a anulação da sentença contra o ex-presidente brasileiro, considerando-a «motivo de ampla satisfação para todos quantos defendem a liberdade, a justiça e a democracia».
Esta decisão, acrescenta, «confirma a evidente motivação política do processo Lava Jato e a sua indissociável articulação com o golpe de Estado institucional levado a cabo no Brasil com o afastamento, ilegítimo e escandaloso, da presidente eleita, Dilma Rousseff». Para o PCP, a condenação de Lula da Silva e a sua prisão durante 580 dias impediram a sua participação nas eleições presidenciais de 2018 e deram azo a uma «vasta campanha de difamação e calúnia contra a esquerda brasileira, contribuindo para a eleição de Bolsonaro».
Saudando o próprio Lula da Silva e todos quantos se solidarizaram com a luta pela sua libertação – como pela democracia no Brasil –, o PCP faz votos para que a justiça seja integralmente reposta e que sejam responsabilizados os que, à margem da lei, «caucionaram a acção golpista e antidemocrática».