Ocidente reforça posições no Sahel

Carlos Lopes Pereira

A França não tenciona reduzir as suas tropas no Mali e em outros países do Sahel. Pelo contrário, anunciou um reforço de posições das forças francesas e aliadas africanas e europeias, com o apoio da nova administração norte-americana.

Os chefes de Estado do G5 Sahel e de França reuniram-se nos dias 15 e 16 em Ndjamena para debater a evolução da situação política, económica e, sobretudo, militar na faixa saheliana. Assistiram à cimeira os presidentes Idriss Déby (Chade), Mohamed Ould Cheik (Mauritânia), Bah Ndaw (Mali), Roch Kaboré (Burkina Fasso) e Mahamdou Issoufou (Níger), dos países membros da organização, e Nana Akufo-Addo, do Gana, como presidente em exercício da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (Cedeao). O presidente francês, Emmanuel Macron, participou por tele-conferência.

Na abertura da cimeira, o anfitrião, o chadiano Idriss Déby, instou a comunidade internacional a redobrar os esforços financeiros «para contribuir imperativamente para o desenvolvimento do Sahel, de forma a lutar contra a pobreza e a implantação do terrorismo». E confirmou o envio de um batalhão de tropas do Chade para a «zona das três fronteiras» (Mali, Níger e Burkina), para apoiar a força do G5 Sahel. Um maior envolvimento militar dos aliados africanos e europeus na guerra anti-jihadista na região tem sido um dos objectivos da França.

De Paris, no final da reunião, Macron anunciou que não tenciona reduzir neste momento os efectivos da operação Barkhane, cerca de 5100 soldados. Adiantou que, não de imediato mas em tempo oportuno, haverá alterações no dispositivo militar da França no Sahel mas que elas serão primeiro fruto de discussão com os parceiros sahelianos e «função dos resultados obtidos e do grau de compromisso efectivo» dos aliados africanos. «Seria um erro a retirada francesa, retirar massivamente os militares» e «seria paradoxal enfraquecer o dispositivo francês numa altura em que «dispomos de um alinhamento político e militar favorável à realização dos nossos objectivos», insistiu. Considerou que, pelo contrário, a cimeira de Djamena foi mesmo «um momento de amplificação da dinâmica militar». E falou de êxitos militares da aliança franco-africana na guerra contra o terrorismo no Sahel, prometendo «uma acção reforçada» para tentar «decapitar» as organizações ligadas ao «Estado Islâmico» e à Al-Qaida.

Macron agradeceu aos países europeus que aceitaram participar no novo agrupamento de forças especiais Takuba, um dispositivo de resposta rápida em formação, com cerca de dois mil militares. E enalteceu «o sinal de reengajamento» da nova administração norte-americana, com uma mensagem do secretário de Estado, Antony Blinken, à reunião de Ndjamena, bem como a reafirmação do compromisso de Marrocos e da Argélia na luta anti-jihadista na região.

Uma nova cimeira França-G5 Sahel terá lugar «antes do Verão», para fazer o balanço da situação. Situação que, sem surpresa, evoluirá para uma ainda maior internacionalização da guerra saheliana, onde já participam, a par dos exércitos africanos, as tropas francesas da Barkhane, as forças especiais europeias Takuba, os instrutores militares da União Europeia e o dispositivo da Minusma (a missão das Nações Unidas), com o apoio permanente dos Estados Unidos.




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