Uma candidatura imprescindível um valioso resultado eleitoral

Pedro Guerreiro

A candidatura de João Ferreira a Presidente da República, apoiada pelo PCP, pelo PEV, pela Intervenção Democrática e por muitos outros democratas, foi uma candidatura imprescindível, não só pelas razões que levaram à decisão da sua apresentação, como pelo que demonstrou durante todo o percurso eleitoral.

Destaque: Candidatura de João Ferreira teve não só expressão eleitoral idêntica à das eleições de 2016 como conquistou milhares de novos votos

A candidatura de João Ferreira alcançou uma expressão eleitoral que não só é idêntica à das eleições de 2016 – com o que comporta de conquista de muitos milhares de novos votos –, como representa um progresso em percentagem eleitoral – num contexto de aumento significativo da abstenção. Um resultado que constitui um importante e significativo contributo para a luta que continua.

Aqueles que desde o primeiro momento, e permanentemente, hostilizaram, ocultaram, desvalorizaram e denegriram a candidatura de João Ferreira, o amplo apoio que granjeou e o impacto político que alcançou, procuram agora diminuir o alcance do seu resultado, recorrendo à artimanha de equiparar o que não é equiparável – resultados de eleições para Presidente da República, com resultados de eleições legislativas ou autárquicas –, fugindo premeditadamente à única comparação possível e correcta, ou seja, a comparação com o resultado alcançado nas eleições para Presidente da República, realizadas em 2016.

Não satisfeitos, incomodados com o papel do PCP na vida nacional e sôfregos no seu anticomunismo, procuram ainda e de forma enganadora fomentar a falsa ideia de que o resultado alcançado por forças que agora se adiantam na promoção das mais reaccionárias concepções e projectos antidemocráticos se deveria a uma pretensa deslocação de votos em áreas de influência eleitoral do PCP. Para além de na sua essência constituir uma aldrabice, trata-se de um ardil que escamoteia que muitas dessas áreas não têm, afinal, a influência eleitoral do PCP que incorrectamente lhe é atribuída, e que se «esquece» de explicar os resultados dessas mesmas forças retrógradas em áreas em que, por exemplo, PSD e CDS têm tido influência eleitoral.

No fundo, o que lhes doí é a constatação, comprovada nas eleições que agora se realizaram, que o PCP é a força que mais consequentemente se bate contra a política de direita e que constitui obstáculo maior aos renovados planos de ataque aos direitos, às liberdades, ao regime democrático e à constituição da República que os consagra.

Aliás, como a candidatura de João Ferreira evidenciou, a melhor forma de dar combate à política de direita e às concepções e planos retrógrados, obscurantistas e anti-democráticos dos que pretendem colocar em causa o regime democrático conquistado pelo povo Português na Revolução de Abril, é lutar pelo cumprimento dos direitos sociais, políticos, económicos e culturais, do programa de desenvolvimento soberano, de justiça e progresso social, dos princípios de relações internacionais de paz e cooperação, dos Valores de Abril estabelecidos pela Constituição da República – o que passa pela ruptura com a política de direita e por uma alternativa patriótica e de esquerda, objectivos pelos quais o PCP se bate.

Daí a importância de ter um colectivo partidário ainda mais forte e interventivo, concretizando as decisões e orientações adoptadas pelo XXI Congresso, no significativo momento em que o PCP comemora e honra os seus 100 anos de luta ao serviço do povo e da pátria, pela liberdade, a democracia e o socialismo.




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