Fechar a refinaria de Matosinhos é um crime económico que o País pagará caro

 

RE­SISTIR O PCP voltou a ma­ni­festar a sua so­li­da­ri­e­dade e apoio à luta e rei­vin­di­ca­ções dos tra­ba­lha­dores da re­fi­naria da GALP de Ma­to­si­nhos, in­sis­tindo que o fecho da uni­dade re­pre­sen­taria a «des­truição de um ac­tivo es­tra­té­gico» para o País.

O País perde em in­de­pen­dência ener­gé­tica e nada ganha em termos am­bi­en­tais

Faz hoje uma se­mana, 13, um dia após a saída à rua de cen­tenas de tra­ba­lha­dores em de­fesa dos postos de tra­balho, foram ainda os ecos dessa re­jeição que se fi­zeram ouvir no Par­la­mento pela voz da de­pu­tada co­mu­nista Diana Fer­reira.

Numa de­cla­ração po­lí­tica em nome da sua ban­cada, re­a­firmou a total opo­sição ao que clas­si­ficou de «crime eco­nó­mico», de­fen­dendo que a de­cisão ainda pode ser re­ver­tida, assim o Go­verno, que foi cúm­plice da mesma, tenha «von­tade po­lí­tica» para o fazer.

Com o en­cer­ra­mento da re­fi­naria, afec­tados bru­tal­mente são não só 1500 tra­ba­lha­dores e suas fa­mí­lias como o te­cido eco­nó­mico local e re­gi­onal, o pró­prio de­sen­vol­vi­mento do País, a so­be­rania ener­gé­tica, o equi­lí­brio ter­ri­to­rial, disse a de­pu­tada co­mu­nista, lem­brando que «menos in­de­pen­dência ener­gé­tica» é si­nó­nimo de «menos so­be­rania».

Con­tes­tado por si foi o ar­gu­mento de que o en­cer­ra­mento da re­fi­naria possa ter qual­quer efeito no com­bate às al­te­ra­ções cli­má­ticas. Trata-se apenas de uma «cor­tina de fumo», afirmou, mos­trando-se con­victa de que deixar de re­finar em Por­tugal e «passar a im­portar com­bus­tí­veis já re­fi­nados em nada con­tribui para re­duzir as emis­sões». Pelo con­trário, alertou, «pode ter um efeito in­verso pelo facto de se cri­arem novas ne­ces­si­dades de trans­porte pe­sado de mer­ca­do­rias».

A «eti­queta “am­bi­ente” serve uni­ca­mente para que a ope­ração seja fi­nan­ciada com fundos pú­blicos», acusou ainda Diana Fer­reira, não ali­nhando com o ar­gu­mento adu­zido pela de­pu­tada do PS Joana Lima, se­gundo o qual no plano am­bi­ental até «pode haver ga­nhos nas metas tra­çadas também pelo Go­verno para a neu­tra­li­dade car­bó­nica».

Maior de­pen­dência

A ideia de que a re­fi­naria de Sines pode subs­ti­tuir a do Porto foi também re­fu­tada, desde logo porque há pro­dução nesta úl­tima que não é feita na­quela, como o caso dos aro­má­ticos ou óleos base. A isto acresce, anotou a par­la­mentar co­mu­nista, que o abas­te­ci­mento de com­bus­tível a toda a re­gião Norte é hoje feito a partir de Ma­to­si­nhos, pelo que fazê-lo a partir do Sul im­pli­caria um «muito sig­ni­fi­ca­tivo au­mento de custos». Assim, acre­dita Diana Fer­reira, tal não se con­cre­ti­zará, ad­mi­tindo que o ce­nário mais certo é o abas­te­ci­mento a partir da Ga­liza e da sua re­fi­naria da Repsol, que já está li­gada a um pi­pe­line até à fron­teira por­tu­guesa. O que sig­ni­fica que «pas­sa­ríamos a im­portar o que hoje pro­du­zimos», frisou, ad­ver­tindo para os im­pactos ne­ga­tivos daí de­cor­rentes, todos os já re­fe­ridos acima, mas também ou­tros como o au­mento dos custos de pro­dução no cluster in­dus­trial que de­pende da re­fi­naria,desde a Fá­brica de Aro­má­tico em Ma­to­si­nhos ao com­plexo Quí­mico de Es­tar­reja, pondo em risco essas em­presas.

Daí a exi­gência rei­te­rada por Diana Fer­reira para que o Go­verno, en­quanto se­gundo maior ac­ci­o­nista mas também como res­pon­sável por este sector es­tra­té­gico, in­ter­venha no sen­tido de travar esta de­cisão con­trária aos in­te­resses dos tra­ba­lha­dores e aos in­te­resses na­ci­o­nais.



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