Os comentirosos

João Frazão

Dizem tudo e o seu contrário, se isso for do interesse daqueles a quem servem. Torcem, retorcem e manipulam o que ouviram para caber no que previamente decidiram ou lhe encomendaram. Mentem se isso lhes for necessário para corresponderem aos donos das suas verdades e dos seus ódios de estimação. E de classe, claro está.

Há quem os insira na categoria dos comentadores, mas os comentirosos são pessoas especializadas em coisa nenhuma e versadas em generalidades, que debitam genericamente para dar cor à sua sanha anticomunista.

Foi o que aconteceu estes dias. Um tal Andrade, director de uma grande rádio nacional, face à posição clara, firme e determinada do candidato João Ferreira na entrevista à RTP, aziado com o que acabara de ouvir, não apenas perorou, delirantemente, a propósito e a despropósito, sobre o PCP e o seu futuro (uma vez mais pré-anunciando o seu declínio e dificuldades), como inventou, distorceu e mentiu no que à entrevista propriamente diz respeito.

Vai daí, a propósito da situação no SEF, e perante uma cristalina posição que remetia para a necessidade de uma reflexão profunda sobre todas as forças de segurança, o tal Andrade diz que João Ferreira «admitiu a fusão da PSP com o SEF, dizendo uma frase muito clara e muito simples, que são duas polícias que fazem praticamente a mesma coisa». Ora, o comentiroso foi automaticamente desmentido pelo rodapé que lembrava que o entrevistado se referia à PSP e à GNR.

Não contente, ainda insinua que João Ferreira não se posicionou contra os despedimentos na TAP, invocando que se referiu à dimensão da companhia aérea. Ora, foi exactamente isso que o candidato afirmou quando disse que a TAP não poderia ser transformada numa «mini companhia», e que era indispensável assegurar que a TAP está em condições de operar quando a tormenta passar.

Já estamos habituados e, como sempre, mais depressa se apanha um comentiroso que um coxo.

 



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