Exige-se financiamento e futuro após alerta no Arsenal do Alfeite
PRODUÇÃO O Governo e a administração têm de encontrar «uma solução célere e duradoura» para o financiamento do Arsenal do Alfeite a curto e médio prazo, exigem os representantes dos trabalhadores.
As verbas propostas para o OE2021 devem ser concretizadas
O alarme soou no dia 20, sexta-feira. Numa nota de imprensa conjunta, o Sindicato dos Trabalhadores Civis das Forças Armadas, Estabelecimentos Fabris e Empresas de Defesa (Steffas/CGTP-IN) e a Comissão de Trabalhadores da Arsenal do Alfeite SA revelaram que o subsídio de Natal, pela primeira vez na longa história do estaleiro da Marinha, não foi pago com os salários de Novembro.
Assim se confirmou o que a administração comunicara na antevéspera, numa informação a dar conta de uma situação financeira «crítica», embora esperando garantir verbas para pagar o subsídio dentro do prazo legal (até 15 de Dezembro).
Esta expectativa, contudo, «não descansa, de modo algum, os trabalhadores, que legitimamente vêem a actual situação como uma séria ameaça». Nessa manhã, a CT e o sindicato remeteram um ofício conjunto ao ministro da Defesa Nacional, reclamando «uma solução célere e duradoura para o financiamento desta entidade no curto e médio prazo, por forma a eliminar situações como a actual, reduzir a ansiedade reinante entre os trabalhadores e permitir um caminho sereno e confiante para o futuro do estaleiro e para a sua propalada modernização».
Para as organizações representativas dos trabalhadores, a actual situação financeira da Arsenal do Alfeite SA «é o espelho de políticas erradas seguidas no passado, de anos e anos de indecisões e hesitações, de falta de investimento e de não admissão de pessoal» e «contrasta fortemente com as intenções anunciadas pelo Governo».
Unidade
e luta
A célula do PCP no Arsenal do Alfeite, num comunicado de dia 23, considerou «inadmissível» o atraso no pagamento do subsídio de Natal. Expressando solidariedade aos trabalhadores, o Partido apelou à unidade e à luta «em defesa de melhores condições de trabalho».
A propósito da comunicação em que o Conselho de Administração classificou como crítica a situação financeira da empresa, a célula comunista considera que tal situação está «directamente ligada com a passagem do Arsenal do Alfeite a sociedade anónima», em 2009.
Essa alteração «tem vindo a viabilizar o constante desinvestimento por parte do Estado central, nomeadamente do Ministério da Defesa Nacional», quando «o investimento no Arsenal do Alfeite é uma questão estratégica para o desenvolvimento da Marinha portuguesa e para a soberania nacional».
O PCP salienta ser «necessário garantir que as verbas propostas para o Orçamento do Estado para 2021 são concretizadas, não só para o reforço do número de trabalhadores e das estruturas, como também para a modernização dos equipamentos e do estaleiro».
Igualmente «é necessário inverter a actual política de redução de pessoal» e «investir na formação dos trabalhadores».
No comunicado, a célula do PCP «exige que o Governo, em articulação com a administração do Arsenal do Alfeite, encontre uma solução de financiamento a curto e médio prazo que impeça que situações como esta voltem a acontecer».