Centros de comando

Carlos Gonçalves

As teses do XXI Con­gresso con­firmam-se como al­fobre de fer­ra­mentas de re­flexão e in­ter­venção. No caso da ofen­siva ide­o­ló­gica do ca­pital mo­no­po­lista, de­finem como «ins­tru­mento ful­cral» os média do­mi­nantes e a «le­gião de co­men­ta­dores co­man­dados» por «um centro di­fusor», que «dis­se­mina os ele­mentos ide­o­ló­gicos para a acei­tação acrí­tica das im­po­si­ções», e cujo alvo pri­o­ri­tário é o PCP.

Com in­ter­venção do (PSD, CDS e) PS - por exemplo, quando o Go­verno não se opõe aos des­pe­di­mentos co­lec­tivos na Global Média, apesar dos mi­lhões do Es­tado para an­te­cipar a pu­bli­ci­dade ins­ti­tu­ci­onal e pagar o lay-off a 530 tra­ba­lha­dores -, medra a con­cen­tração da pro­pri­e­dade dos média, cen­tra­li­zando ca­pi­tais e poder, alar­gando a ex­plo­ração e a re­gressão das li­ber­dades de im­prensa e in­for­mação, a ma­ni­pu­lação e a mis­ti­fi­cação ide­o­ló­gica.

O que se ve­ri­fica na Global Media (JN, DN, TSF) e na Media Ca­pital (TVI, Radio Co­mer­cial, Plural) são pro­cessos (con­ver­gentes?) de po­la­ri­zação do co­mando po­lí­tico e ide­o­ló­gico dos média do­mi­nantes, que afrontam prin­cí­pios cons­ti­tu­ci­o­nais.

No quadro do agra­va­mento da luta de classes, ficam mais claros os efeitos deste tipo de pro­cessos: na ocul­tação sis­te­má­tica do PCP e ainda mais quando con­fronta di­rec­ta­mente os «in­te­resses» – na luta pela na­ci­o­na­li­zação do Novo Banco, ou contra a ex­plo­ração; ou nas mis­ti­fi­ca­ções e pro­vo­ca­ções do Ob­ser­vador, de M. Mendes, de Ca­milo Lou­renço e etc., para a des­truição do SNS e mais di­nheiro para o «ne­gócio da do­ença», por me­didas se­cu­ri­tá­rias e re­pres­sivas, ou por mais uma re­visão da CRP contra o Por­tugal de Abril.

É por isso, pela de­núncia e pela luta que tra­vamos, que o PCP é e será o prin­cipal alvo a abater dos cen­tros de co­mando dos média do­mi­nantes. E por isso im­porta es­cla­recer e per­sistir.




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