As culturas superintensivas ameaçam o futuro do Alentejo

DESENVOLVIMENTONãoéagricultura, nem moderna, nem sustentável e não beneficia a região e as sua populações, reitera o PCP acerca da culturas intensivas e superintensivas.

Não foi para isto que os Alentejanos lutaram pelo Alqueva

Em causa estão «as recentes plantações de amendoal e olival no interior do Alentejo, e em particular no perímetro de rega do Alqueva», explica o executivo da Comissão Concelhia de Évora do PCP, que em comunicado recente detalha que não se trata de agricultura porque configura «negócios de produção agroindustrial (...) cujo modelo de gestão assenta na “integração vertical da cadeia de valor”, o que significa que o lucro é retirado de milhares de pequenos e médios produtores, cada vez mais escassos, e concentrado em meia dúzia de grandes empresas de capital transnacional de transformação, embalamento, marketing e distribuição, que dominam toda a cadeia».

Quanto à «modernidade», os comunistas eborenses notam que o «rótulo» de «conotação positiva que se lhe quer atribuir, só é possível se as tecnologias forem eficientes e servirem para produzir bens necessários, utilizando o mínimo de recursos e com o mínimo de danos para as pessoas e para o ambiente».

As culturas intensivas e superintensivas não são, ainda, «sustentáveis porque contaminam os recursos hídricos, esgotam os solos e destroem a biodiversidade, quer pela poluição, quer pelos “serviços de ecossistema” que neutralizam, quer pela enorme libertação e de emissão de “gases com efeito estufa”, principais responsáveis pelas alterações climáticas e pelo aquecimento global».

Por fim, nota o Partido, estes modelos de exploração da terra não trazem «benefícios nem à região nem às populações, porque não são criadoras de emprego em quantidade ou qualidade, sendo, pelo contrário, promotoras de exploração laboral e imigração ilegal», isto além de serem «inimigas da especificidade dos produtos e variedades locais, retirando-lhes a vantagem competitiva associada à sua diferenciação pela qualidade» e de colocarem «em causa todo o sector cinegético e do turismo cultural, patrimonial e arqueológico, rural, gastronómico e de natureza».

Exemplo disto mesmo «é a realidade que se assiste no plano de destruição de património em vários terrenos, com destaque para a Anta da Herdade de Vale de Moura, junto a Torre de Coelheiros, apesar de diversos alertas».

A destruição do referido monumento para plantar amendoal motivou, entretanto, a entrega por parte da Direcção Regional de Cultura do Alentejo de uma proposta para a classificação urgente e excepcional do Megalitismo do Alentejo como conjunto de Interesse Nacional. De acordo com a Agência Lusa, a entidade sublinha que «o Alentejo corresponde à área de maior concentração de monumentos megalíticos da Península Ibérica» e é mesmo «uma das mais relevantes à escala europeia», com importante potencial patrimonial, cultural e turístico.

Responsáveis
Ora, para o PCP, a proliferação das culturas intensivas e superintensivas tem responsáveis. Desde logo PS, PSD e CDS, cujas opções em décadas de governação foram «não potenciar a agricultura familiar e fomentar aquelas práticas lesivas para os territórios», destacando-se, neste âmbito, os executivos PS e o ministro da Agricultura Capoulas Santos, que «recusou as propostas do PCP» para a «elaboração de uma carta de ordenamento e cadastro das explorações em regime intensivo e superintensivo identificando zonas de restrição; de um estudo integrado dos seus impactos e a aplicação de um regime de salvaguarda de perímetros urbanos e massas de água de 500m; o condicionamento dos apoios públicos a um regime de incidências ambientais e a proibição da pulverização aérea e da colheita mecanizada durante a noite», entre muitas outras.

«Não foi para promover este tipo de “progresso” que os Alentejanos lutaram pelo Alqueva», conclui a Comissão Concelhia de Évora do PCP, que considera, no entanto, que «a destruição do Alentejo não é um facto consumado» e que só a luta dos alentejanos o poderá salvar para as próximas gerações.

Recorde-se que a Direcção da Organização Regional de Évora do PCP, reunida a 10 de Outubro, entre outros aspectos da situação política, social e económica da região, destacou «as dificuldades com que estão confrontados os pequenos agricultores e produtores e a agricultura familiar, o que contrasta com o ascenso do grande agro-negócio na região, com particular preocupação em torno do crescimento de produções em regime intensivo e superintensivo, com todas as consequência no plano do território, do ambiente, da expropriação de recursos como a água, das condições de saúde das populações, além do recurso a mão-de-obra barata e por vezes escrava e clandestina, assim como diversos problemas já identificados de destruição de património arqueológico».

 



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