Números…
Os títulos dos jornais e as aberturas dos noticiários já lançaram o mote: «estamos na segunda vaga». Aumenta novamente a intensidade mediática dos números da pandemia de COVID19. Mais uma vez repetem-se à exaustão números acumulados de casos de infecção, percentagens comparativas «à la carte», deixando-se para segundo plano indicadores objectivos como casos activos, mortalidade associada à doença e letalidade da mesma.
O direito à informação sobre um problema de saúde grave é inegável, tanto mais que é importante para a sensibilização para medidas de precaução e protecção sanitária. Contudo é necessário enquadrar a pandemia na realidade existente, e a realidade é esta: Em oito meses morreram 922.000 pessoas em todo o mundo por COVID-19. É um número preocupante, não há qualquer dúvida, sobretudo porque esta não é uma contabilidade qualquer, cada vida é uma vida. Mas esse princípio aplica-se a todos os outros graves problemas com que a Humanidade está confrontada. É importante saber que a pobreza extrema afecta cerca mil milhões de pessoas e que haverá mais 176 milhões de pobres só neste ano, em parte em função das centenas de milhões de pessoas que já perderam ou podem vir a perder o seu emprego. E é também importante ter noção que todos os anos morrem cerca de 9 milhões por fome. Fome que em função do aumento do desemprego, da pobreza e de outras causas como as guerras imperialistas, poderá no final deste ano ter morto 12.000 pessoas por dia. Tudo isto ao mesmo tempo que 7 das 50 pessoas mais ricas do mundo aumentaram nestes meses a sua riqueza em 50%; que 32 dos maiores monopólios mundiais aumentaram nesse período os seus lucros em 109 mil milhões de dólares; que a Bolsa de Wall Street regista máximos históricos; e que a Apple passa a fasquia do milhão de milhões de dólares de capitalização em Bolsa. Como é fácil de ver existem muitos «vírus» neste mundo, o principal e mais mortal é o capitalismo.