Resistências e lutas de ontem e de hoje na Festa onde os povos são protagonistas

Não é no­vi­dade que na Festa do Avante!, du­rante três dias, são re­a­li­zados de­zenas de de­bates. No caso par­ti­cular do Es­paço In­ter­na­ci­onal, o es­cla­re­ci­mento e troca de ideias en­vol­vendo re­pre­sen­tantes de par­tidos co­mu­nistas e pro­gres­sistas de ou­tras la­ti­tudes, bem como mo­vi­mentos e as­so­ci­a­ções que em Por­tugal mantêm le­van­tada a ban­deira da so­li­da­ri­e­dade in­ter­na­ci­o­na­lista, es­tendem-se em ini­ci­a­tivas des­cen­tra­li­zadas nas or­ga­ni­za­ções re­gi­o­nais (OR) do Par­tido (ver caixa).

Con­tudo, este ano os de­bates as­su­miram acres­cida re­le­vância, não apenas pelo rico e di­fe­ren­ciado con­teúdo que in­va­ri­a­vel­mente com­portam, mas porque um dos ar­gu­mentos dos ini­migos de classe dos tra­ba­lha­dores, e na­tu­ral­mente uma das armas de ar­re­messo contra o seu Par­tido, foi, com estas ou ou­tras pa­la­vras, que a Festa dos co­mu­nistas por­tu­gueses é um fes­tival de mú­sica onde a po­lí­tica é um aces­sório para en­co­brir a venda de co­mida e be­bida com pro­pó­sito lu­cra­tivo.

Não é assim. Nunca foi. Nunca será. A Festa do Avante! é o con­trário das ca­lú­nias que sobre ela são vei­cu­ladas. A Festa en­contra-se nas an­tí­podas das falsas ideias que sobre ela re­petem os que des­tilam um ódio in­dis­far­çável contra tudo o que o maior evento po­lí­tico-cul­tural na­ci­onal sig­ni­fica, con­so­lida e di­na­miza. Quem dú­vidas ti­vesse, podia tê-las des­feito logo no sá­bado de manhã, no Es­paço In­ter­na­ci­onal, no de­bate in­ti­tu­lado «Médio Ori­ente e a luta pela paz e a so­be­rania», mo­de­rado por Jorge Ca­dima, da Secção In­ter­na­ci­onal (SI) do PCP, a quem coube também in­tro­duzir e con­tex­tu­a­lizar o tema, su­bli­nhando que o que está e sempre es­teve em causa na re­gião é a de­pre­dação dos seus vastos re­cursos ener­gé­ticos pelas grandes po­tên­cias ca­pi­ta­listas, não sendo por isso es­tranho a pro­moção de di­vi­sões ar­ti­fi­ciais entre os seus povos, as agres­sões que contra eles são de­sen­ca­de­adas e a sus­ten­tação de forças e re­gimes obs­curos e cri­mi­nosos, apro­fun­dando uma es­piral de vi­o­lência que, nu­trida pelo en­char­ca­mento de ar­ma­mento em curso, deixa, hoje como nunca, o con­junto da­queles ter­ri­tó­rios imersos num barril de pól­vora que, a ex­plodir, pro­jec­tará es­ti­lhaços para além deles.

De­pois de Jorge Ca­dima, usaram da pa­lavra re­pre­sen­tantes do Par­tido do Povo do Irão (Tudeh), Navid Sho­mali, e do Par­tido Co­mu­nista Li­banês, Firas Masri, um e outro en­fa­ti­zando que as di­nâ­micas po­lí­ticas, eco­nó­micas e so­ciais lo­cais, das quais emergem de­si­gual­dades abis­sais e cres­centes, a au­sência de li­ber­dade e de­mo­cracia e obs­tá­culos sé­rios sempre que os povos de­cidem sa­cudir o ne­o­li­be­ra­lismo avas­sa­lador ou en­ve­redar por um ca­minho contra-he­ge­mó­nico, servem ob­jec­ti­va­mente os pro­pó­sitos im­pe­ri­a­listas.

Da Pa­les­tina, es­ti­veram de­le­gados da Frente Po­pular para a Li­ber­tação da Pa­les­tina, Nedal Fatow, e da Frente Po­pular para a Li­ber­tação da Pa­les­tina, Faez Ba­dawi, e se o pri­meiro lem­brou que Is­rael, com o apoio dos EUA e da UE, vi­olou todos os acordos e pos­si­bi­li­dades de re­so­lução da questão pa­les­ti­niana até aqui gi­zados, sendo, por isso, de saudar que nos úl­timos dias as forças da re­sis­tência pa­les­ti­niana te­nham che­gado a en­ten­di­mento para re­cru­descer a luta, o se­gundo re­portou aos pre­sentes a si­tu­ação li­mite na Cis­jor­dânia e na Faixa de Gaza, o cal­vário de quem está en­cer­rado e é tor­tu­rado nos cár­ceres si­o­nistas, tendo, além do mais, rei­te­rado que qual­quer so­lução para a questão pa­les­ti­niana não pode ex­cluir ou truncar ne­nhum di­reito his­tó­rico da­quele povo – à terra, ao re­gresso, a de­cidir com in­de­pen­dência do seu fu­turo.

No de­bate in­ter­veio igual­mente o re­pre­sen­tante do Par­tido Co­mu­nista da Tur­quia, Cam­berk Koçak, que ex­plicou a con­jun­tura no seu país e frisou os es­forços dos co­mu­nistas para cons­truir or­ga­ni­zação, au­mentar a sua in­fluência e mo­bi­lizar as massas para avanços pro­gres­sivos.

Horas de­pois, também no sá­bado mas já de­pois do al­moço, «A si­tu­ação in­ter­na­ci­onal e a re­sis­tência e luta dos povos» juntou em de­bate Pedro Guer­reiro, do Se­cre­ta­riado do Co­mité Cen­tral do PCP, e os re­pre­sen­tantes dos par­tidos co­mu­nistas de Cuba (PCC), Mer­cedes Mar­tínez Valdés (que é também em­bai­xa­dora da Re­pú­blica de Cuba em Por­tugal), e do Brasil (PcdoB), Durval de No­ronha. De­pois do di­ri­gente do nosso par­tido ter no­tado as prin­ci­pais ten­dên­cias mun­diais e va­lo­ri­zado a re­sis­tência e a so­li­da­ri­e­dade, num con­texto em que o im­pe­ri­a­lismo não olha a meios nem es­forços para manter a do­mi­nação global e a opressão dos povos, aqueles de­ti­veram-se no caso dos res­pec­tivos países e como tal se en­caixa ou rompe a ma­triz pla­ne­tária. A re­pre­sen­tante cu­bana, deu o exemplo do seu bravo povo, alvo de um blo­queio que dura há mais de 60 anos e que só não as­sume con­tornos ge­no­cidas jus­ta­mente porque o sis­tema so­ci­a­lista, li­de­rado pelo PCC, evi­dencia o seu vín­culo in­que­brável com os in­te­resses do seu povo. O que so­bressai na cor­rente crise pan­dé­mica, com Cuba, uma vez mais, a re­partir com os povos do mundo o que tem, e não apenas o que lhe sobra, mos­trando, além do mais, a va­li­dade e van­tagem de um mo­delo de de­sen­vol­vi­mento ba­seado na jus­tiça, equi­dade e so­be­rania.

O ca­ma­rada do PCdoB, por seu lado, deu ele­mentos da de­riva fas­ci­zante em que se en­contra o Brasil e lem­brou que podem ser iden­ti­fi­cados nou­tros países e re­giões; de­mons­trou como isso en­caixa no longo ca­minho per­cor­rido pelos EUA, ao ser­viço das mul­ti­na­ci­o­nais e da alta fi­nança, de des­truição da ordem in­ter­na­ci­onal que foi pos­sível ar­qui­tectar após a Se­gunda Grande Guerra.

Da Eu­ropa aos países
que de Abril bro­taram

Já ao final da tarde de sá­bado de­correu o úl­timo de­bate do dia no Es­paço In­ter­na­ci­onal. Ângelo Alves, da Co­missão Po­lí­tica do PCP e João Pi­menta Lopes, membro do Ga­bi­nete do PCP no Par­la­mento Eu­ropeu, em con­junto com os re­pre­sen­tantes do Par­tido Co­mu­nista de Es­panha e dos Par­tido Co­mu­nista Bri­tâ­nico, Ma­nuel Pi­neda e John Hunter, res­pec­ti­va­mente, dis­cu­tiram «A Eu­ropa por que lu­tamos».

Os in­ter­ve­ni­entes en­fa­ti­zaram como esta União Eu­ro­peia (UE) não é a Eu­ropa, muito menos dos povos. Ao invés, a UE está ao ser­viço das grandes mul­ti­na­ci­o­nais e das po­tên­cias onde estas estão se­de­adas. A sua ver­da­deira na­tu­reza foi so­bre­ma­neira posta a nu com a COVID-19, já que pe­rante o des­ca­labro dos ser­viços de saúde da Itália e da Es­panha, a so­li­da­ri­e­dade veio de Cuba, da Rússia, da China e até da Ve­ne­zuela acos­sada e san­ci­o­nada. No la­maçal ne­o­li­beral que é a UE, as grandes pre­o­cu­pa­ções não são as suas po­pu­la­ções, mas a sub­missão dos povos, a des­truição das so­be­ra­nias na­ci­o­nais com o pró­pó­sito úl­timo de criar um Es­tado fe­deral dos grandes in­te­resses ca­pi­ta­listas.

A UE não é, assim, um pro­jecto pas­sível de ser re­for­mado, mas antes um corpo pu­tre­facto, re­alçou-se.

No do­mingo, a partir das 14h30, o de­bate de­correu sob a con­signa «75 Anos da Vi­tória – Pela paz e a ver­dade, contra o fas­cismo e a guerra», e contou com a par­ti­ci­pação de Ilda Fi­guei­redo, membro do Co­mité Cen­tral do PCP e Pre­si­dente da Di­recção Na­ci­onal do Con­selho Por­tu­guês para a Paz e a Co­o­pe­ração (CPPC), Luís Ca­ra­pinha, membro da SI do PCP (que mo­derou), An­drea Fer­roni, do Par­tido da Re­fun­dação Co­mu­nista de Itália, Vik­to­riia Ge­or­gi­i­evska, do Par­tido Co­mu­nista da Ucrânia (PC da Ucrânia), e Günter Pohl, do Par­tido Co­mu­nista Alemão.

As­si­na­lando-se 75 anos do fim da Se­gunda Grande Guerra, re­lem­brou-se o papel de­ter­mi­nante da URSS e dos co­mu­nistas de vá­rios países na re­sis­tência e vi­tória sobre o nazi-fas­cismo. Uma vi­tória que trouxe a li­ber­dade a muitos povos da Eu­ropa e abriu ca­minho a uma nova ordem e di­reito in­ter­na­ci­onal fa­vo­rá­veis a grandes avanços nas lutas por di­reitos so­ciais dos tra­ba­lha­dores e povos, a um forte mo­vi­mento in­ter­na­ci­onal pela paz e de­sar­ma­mento, ao for­ta­le­ci­mento dos mo­vi­mentos an­ti­co­lo­niais e de li­ber­tação na­ci­onal e a novas or­ga­ni­za­ções in­ter­na­ci­o­nais. No en­tanto, alertou-se, emerge o re­vi­si­o­nismo his­tó­rico que pro­cura apagar o papel de­ci­sivo e po­si­tivo da URSS, de­mo­nizá-la e até culpá-la pela guerra, ili­bando, de pas­sagem, o ca­pi­ta­lismo e as classes do­mi­nantes das suas res­pon­sa­bi­li­dade na as­censão do fas­cismo e no eclodir da guerra. No de­bate sa­li­entou-se igual­mente que, em tempos de cres­cente mi­li­ta­rismo e agressão im­pe­ri­a­lista, é ne­ces­sário de­fender a ver­dade na luta pela paz e o pro­gresso.

A en­cerrar os de­bates no Es­paço In­ter­na­ci­onal da Festa do Avante!, a meio da tarde de do­mingo, falou-se dos «45 Anos da Con­quista das In­de­pen­dên­cias». A dis­cussão contou com a pre­sença de Al­bano Nunes, da Co­missão cen­tral de Con­trolo, e dos re­pre­sen­tantes do MPLA, An­tónio Ni­cácio, PAICV, Fran­cisco pe­reira, PAIGC, Do­mingos Si­mões Pe­reira, e FRE­LIMO, Ivone Bila.

Os es­treitos e an­tigos laços de so­li­da­ri­e­dade entre o nosso par­tido e os mo­vi­mentos de li­ber­tação na luta an­ti­fas­cista e anti-co­lo­nial foram par­ti­cu­lar­mente evo­cados, tendo sido lem­brada a re­so­lução apro­vada no 5º Con­gresso do PCP, em 1957, a favor do di­reito à au­to­de­ter­mi­nação das an­tigas co­ló­nias por­tu­guesas.

Sobre os acon­te­ci­mentos mais re­centes, foi dada conta do am­bi­ente de ofen­siva im­pe­ri­a­lista com vista à apro­pri­ação de re­cursos e do­mínio de es­paços es­tra­té­gicos. Os ape­tites ca­pi­ta­listas ex­plicam, por exemplo, o pro­cesso de des­ta­bi­li­zação pro­vo­cado pelas ofen­sivas ter­ro­ristas na Pro­víncia de Cabo Del­gado, no norte de Mo­çam­bique, zona de grandes re­cursos, como gás na­tural e mi­né­rios, que já pro­vocou a des­lo­cação de cerca de 250 mil pes­soas. São estes mesmo in­te­resses que estão sub­ja­centes à ins­ta­bi­li­dade vi­vida na Guiné-Bissau, em Cabo Verde e em An­gola, cujas es­pe­ci­fi­ci­dades foram de­ba­tidas.

Os in­ter­ve­ni­entes su­bli­nharam, ainda, como os par­tidos his­tó­ricos das in­de­pen­dên­cias na­ci­o­nais con­ti­nuam a ser os alvos a abater pelas forças im­pe­ri­a­listas, e lem­braram que, tal como du­rante a di­ta­dura fas­cista, a so­li­da­ri­e­dade entre os povos é fun­da­mental para or­ga­nizar a luta e re­sistir.

Momentos de So­li­da­ri­e­dade

Com a pre­sença de largas de­zenas de par­ti­ci­pantes, a so­li­da­ri­e­dade in­ter­na­ci­o­na­lista es­tendeu-se para lá do Es­paço In­ter­na­ci­onal em ini­ci­a­tivas pro­mo­vidas nos es­paços das or­ga­ni­za­ções re­gi­o­nais (OR) do PCP na Festa do Avante!. Co­meçou logo a meio da manhã de sá­bado, com Luís Ca­ra­pinha, da SI do PCP, e Vik­toria Ge­or­gi­i­evska, do PC da Ucrânia, a aler­tarem para a si­tu­ação es­pe­cial e di­fícil em que in­tervêm os co­mu­nistas ucra­ni­anos, de­pois de um golpe de Es­tado que ins­talou no país um re­gime la­caio do im­pe­ri­a­lismo, ultra-li­beral e de con­tornos fas­ci­zantes, que em­purrou o PCU para uma si­tu­ação de semi-le­ga­li­dade. Não obs­tante, os ca­ma­radas ucra­ni­anos não de­sistem e agem em de­fesa da uni­dade e da di­ver­si­dade do seu ter­ri­tório, da de­mo­cracia, da li­ber­dade e do pro­gresso so­cial, mesmo nas con­di­ções mais ad­versas, con­tando para isso com a so­li­da­ri­e­dade sem quartel do PCP, que ge­nui­na­mente apreciaram.

Quase em si­mul­tâneo, na OR de Coimbra do PCP, Bruno Dias, do Co­mité Cen­tral do PCP, e Fi­lipe Fer­reira, do CPPC, abor­daram a as­pi­ração do povo sa­a­rauí a uma pá­tria livre e so­be­rana, luta que se de­sen­volve há dé­cadas a partir dos ter­ri­tó­rios li­ber­tados contra a ocu­pação mar­ro­quina e que tem me­re­cido, desde o pri­meiro mo­mento, o es­tí­mulo e apoio de todos aqueles para quem a fra­ter­ni­dade entre os povos e o di­reito destes a de­cidir do pró­prio des­tino não é letra morta, com o PCP na pri­meira linha.

Já ao início da tarde, no es­paço da OR de Lisboa, rei­vin­dicou-se o fim da ocu­pação e crimes de Is­rael e a con­cre­ti­zação das as­pi­ra­ções do mártir povo pa­les­tino, num mo­mento de so­li­da­ri­e­dade que contou com a par­ti­ci­pação de Carlos Al­meida, da SI do PCP, Nabil Abuz­naid, da OLP e Em­bai­xador da Pa­les­tina em Por­tugal, Nedal Fatou, da FDLP e Faez Ba­dawi, da FPLP, tendo sido sa­li­entado que, a pre­texto da ac­tual crise pan­dé­mica, Is­rael exerce novas me­didas re­pres­sivas, se­cu­ri­tá­rias e des­tru­tivas. As­si­na­lada foi também a im­por­tância da re­sis­tência pa­les­ti­niana contra o im­pe­ri­a­lismo, que re­cen­te­mente deu apoio a novas ane­xa­ções is­ra­e­litas e ao es­ta­be­le­ci­mento de um acordo com os Emi­rados Árabes Unidos para a le­gi­ti­mação das po­lí­ticas si­o­nistas.

Ainda na tarde de sá­bado, a so­li­da­ri­e­dade in­ter­na­ci­o­na­lista foi im­pres­siva na OR de Se­túbal para com a ve­ne­zuela bo­li­va­riana. Cris­tina Car­doso, da SI do PCP, e o em­bai­xador da Re­pú­blica Bo­li­va­riana da Ve­ne­zuela, General em Chefe Lucas Rincón, su­bli­nharam que o im­pe­ri­a­lismo nunca se con­formou nem con­for­mará com a von­tade po­pular de cons­truir uma pá­tria so­be­rana e pro­gres­sista na pers­pec­tiva do so­ci­a­lismo, e, ao ar­repio de todas as leis, os EUA e os seus ali­ados têm, com a cum­pli­ci­dade dos sec­tores mais re­tró­grados da so­ci­e­dade ve­ne­zu­e­lana, or­ques­trado uma série de ata­ques cri­mi­nosos para de­ses­ta­bi­lizar o pro­cesso re­vo­lu­ci­o­nário. O blo­queio co­mer­cial e fi­nan­ceiro a que têm su­jei­tado a Ve­ne­zuela tem agra­vado a sub­sis­tência e pre­ju­di­cado os cui­dados de saúde da sua po­pu­lação. Mal­grado estes ata­ques, as massas po­pu­lares ve­ne­zu­e­lanas, ali­adas aos sec­tores pro­gres­sistas do exér­cito, im­buídos dos ideais so­ci­a­listas da Re­vo­lução Bo­li­va­rina, re­sistem e re­sis­tirão, ga­rantiu-se.

Cer­cada pelo im­pe­ri­a­lismo há mais de 60 anos, ergue-se, na his­tória da hu­ma­ni­dade (que é, como se sabe, a his­tória da luta de classes), Cuba So­ci­a­lista como um no­tável exemplo de su­pe­ração e têm­pera re­vo­lu­ci­o­nária. O fim do blo­queio norte-ame­ri­cano foi por isso re­cla­mado a plenos pul­mões ao final da tarde de sá­bado numa ini­ci­a­tiva na OR do Alen­tejo, em que es­ti­veram Rita Ja­neiro, da SI do Par­tido, Au­gusto Fi­dalgo, pre­si­dente da As­so­ci­ação de Ami­zade Por­tugal-Cuba, e Mer­cedes Mar­tínez Valdés, do PC de Cuba.

A também re­pre­sen­tante di­plo­má­tica de Cuba em Por­tugal es­teve num outro mo­mento de so­li­da­ri­e­dade, a meio da tarde de do­mingo, na OR do Al­garve do PCP. De­pois de Sandra Pe­reira, de­pu­tada do PCP no Par­la­mento Eu­ropeu, ter in­tro­du­zido o tema – «Amé­rica La­tina: a luta con­tinua!» –, cha­mando a atenção para a rá­pida de­gra­dação da si­tu­ação no sub­con­ti­nente no es­paço de pouco mais de um ano, Mer­cedes Mar­tínez Valdés voltou a frisar as di­fe­renças entre o sis­tema so­ci­a­lista de Cuba e a brutal de­si­gual­dade que graça na re­gião ao ritmo da in­ves­tida re­ac­ci­o­nária, não ra­ra­mente feita de golpes de cariz fas­ci­zante. Como aquele que acon­teceu no Brasil, sobre o qual fa­laram Pedro Pe­rola, do Nú­cleo do PT em Lisboa, e Durval de No­ronha, do PC do Brasil, que entre ou­tros as­pectos dei­xaram clara a ne­ces­si­dade de unir as forças e sec­tores pro­gres­sistas e nunca ab­jurar a luta, muito menos quando o fas­cismo avança a passos largos con­ta­mi­nando vá­rias di­men­sões da vida co­lec­tiva. Aliás, Marcus Su­zarte, do PC do Chile, também o fez e com par­ti­cular ên­fase para o papel da ju­ven­tude en­quanto motor da re­sis­tência e, além dela, de mu­dança qua­li­ta­tivas, o que é de resto ates­tado quer nos pas­sados afluxos re­vo­lu­ci­o­ná­rios chi­lenos, quer naquele a que hoje as­sis­timos em de­fesa de uma nova cons­ti­tuição que rompa de­fi­ni­ti­va­mente com a di­ta­dura.

Mu­danças qua­li­ta­tivas de sen­tido li­ber­tador, re­fira-se, como as que re­ti­raram a Bo­lívia das garras do im­pe­ri­a­lismo du­rante cerca de uma dé­cada, como re­cordou Vi­toria Fo­ronda, do PC da Bo­lívia, para quem o im­pe­ri­a­lismo nunca perdou nem per­doará o res­gate dos re­cursos na­tu­rais do país e a sua co­lo­cação ao ser­viço do bem-estar do povo, nem a re­fun­dação de um Es­tado plu­ri­na­ci­onal com uma po­lí­tica ex­terna não-vas­sala. Por isso der­ru­baram de forma gol­pista o poder po­pular bo­li­viano. To­davia a his­tória não acabou e a úl­tima pa­lavra serão os povos a dizer.



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Mal as portas da Festa da amizade, da solidariedade e da fraternidade se abriram, o «frenesim» nas organizações do Partido, com realidades regionais distintas, foi, uma vez mais, impressionante. Primeiro porque trouxeram consigo um «aviado» do que de melhor se pode encontrar no plano...

Mulheres, emigrantes e imigrantes contra a exploração

O Pavilhão da Mulher abordou a importância que o PCP atribuiu ao papel das comunistas na vida partidária e ao valor da luta das mulheres contra a exploração, desigualdades, a discriminação e a violência, em defesa da paz. «Capitalismo não defende os direitos das mulheres que explora, oprime e...

Irreverência, ânimo e confiança. O Futuro tem Partido!

Em tons de vermelho e amarelo, repleta de murais coloridos, a Cidade da Juventude não passava despercebida a quem por ali passava. Além daqueles, o espaço preenchia-se também com cadeiras e mesas, dispostas ao longo dos já tradicionais bares da Cidade. Mesmo sem palcos – nesta edição –, nem...

Teatro de rua, a alegria de viver, resistir e construir o futuro

O Avanteatro assumiu este ano a componente de teatro de rua mostrando a importância que este tem na afirmação de que é possível resistir, ter esperança e contribuir para que a interacção com o público combata o medo e construa um futuro desconfinado e interveniente em defesa da arte, da...

O Cinema libertado

O CineAvante!, como toda a Festa deste ano, foi diferente. Autonomizou-se do Espaço Central. Ganhou destaque no programa cultural oferecido nos três dias do evento. Foi pela primeira vez ao ar livre, na cavidade de pequena profundidade junto ao lago. Os visitantes responderam bem. Desta vez,...

Duas décadas a olhar em frente

O contexto particular em que se realizou a 44.ª Festa do Avante! levou a que o Espaço Ciência não tivesse muito do que normalmente o caracteriza, nomeadamente os debates, as experiências científicas e as actividades voltadas para a infância. Também a exposição foi simplificada e os conteúdos...

Soluções para o desporto em debate na Festa

A prática desportiva marca presença anual na Festa do Avante!. A sua importância para a saúde mental e física e o direito ao desporto são questões que durante três dias, na Atalaia, merecem sempre o devido destaque. Na 44.ª edição não foi diferente, apesar de não terem ocorrido as habituais...

Artistas contra o medo

Já vimos artistas reunidos contra a fome, artistas reunidos contra o racismo, artistas reunidos contra a xenofobia, artistas reunidos contra o fascismo, artistas reunidos contra a homofobia, artistas reunidos contra a poluição. Desta vez, sem que ninguém precisasse de...

Sons de emoção, tradição, sonho e luta

Artistas em palco, alguns pela primeira vez desde há muito. Numa Festa em condições especiais, também especiais foram as palavras de saudação à Festa do Avante!, na luta pela recuperação de rendimentos num sector...

Três dias em que tudo coube

O Palco Paz estreou-se na Festa do Avante!. Foram três dias da programação mais diversa, com a qualidade de sempre. Três dias em que coube música de Norte a Sul de Portugal e sonoridades de todo o mundo. Três dias de festa, convívio e fraternidade. Três dias de rock,...

Novos valores da música portuguesa na Festa do Avante!

Este ano, o Palco Novos Valores que costuma receber os finalistas do Concurso de Bandas dinamizado pela JCP, não existiu. Mas não foi isso que impediu que as mais jovens promessas da música portuguesa pudessem actuar na Festa do Avante!, nomeadamente no Palco 25 de Abril, Auditório 1.º de Maio e Palco Paz. Mad Kepler,...

Leituras transformadoras numa Festa combativa

Mesmo nas condições impostas pela pandemia, a que se juntou a campanha insidiosa e alarmista das televisões e da generalidade da comunicação social, mesmo num espaço limitadíssimo em relação às edições pretéritas, a Festa do Livro esteve, em termos de vendas e participação do público nas...

A música não se acaba

O disco tem sido uma presença cultural constante desde a primeira edição da Festa. A par com um rol extraordinário de nomes fundamentais da música, clássicos contemporâneos absolutos, que, ao longo dos anos, têm actuado nos palcos da Festa do Avante!, o espaço do Disco propicia o contacto com...

Brincar, aprender e sonhar ainda são o melhor remédio

A Festa do Avante! não podia, em 2020, deixar de dedicar uma especial atenção às crianças, confinadas em casa durante meses e privadas de muito do contacto humano que tão determinante é para o seu desenvolvimento harmonioso. E não o fez, dedicando-lhes uma programação específica que foi muito...

Contagiante alegria

A Festa é, em si própria, uma animação. Faz-se com ela, pela Festa é gerada e propiciada, tantas vezes em simultâneo. Assim é desde o princípio: concertos e exposições, teatro e cinema, livros e discos, debates e desporto, artesanato e gastronomia... Há lá festa mais animada do que esta, onde...

Como há 75 anos lutar pela liberdade e a paz

Todos os anos é assim: o Espaço Internacional da Festa do Avante! é viva manifestação da tenacidade dos comunistas e de outros progressistas, em defender os direitos dos trabalhadores e dos povos, a soberania e a democracia, a paz e o progresso social, da capacidade em mobilizar para resistir...

Partidos representados na Festa do Avante!

Na Festa do Avante! De 2020, estiveram representados o Partido Comunista Alemão, Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), Partido Comunista da Bélgica, Partido Comunista da Bolívia, Partido Comunista do Brasil, Partido dos Trabalhadores (Brasil), Partido Africano da Independência de Cabo-Verde (PAICV), Partido...

Saudação às delegações

Os representantes de cerca de três dezenas de partidos comunistas e de outras forças progressistas presentes na Festa do Avante! estiveram, domingo de manhã, num momento em que lhes foi dirigida uma saudação pela sua participação, que assume este ano uma expressão de solidariedade, de...