Com o Ensemble Manuel Jorge Veloso e a música que merece e deve ser ouvida

DESAFIO É um sexteto de jazz. Além da paixão pela sua música, têm em comum a admiração por uma figura pioneira e com um papel destacado na divulgação desta expressão musical no nosso País. Foram buscar-lhe o nome, em sua homenagem. Falamos do Ensemble Manuel Jorge Veloso. Tocarão na Festa e dizem-se cientes de que esta será a melhor forma de prestar o devido tributo à vida e à música do compositor, músico, realizador, arranjador e crítico desaparecido no ano passado, como revelou ao Avante! Bruno Santos, um dos seis elementos da formação.

 

Como é que surgiu a ideia e essa vontade de criar o Ensemble Manuel Jorge Veloso?

Obviamente que depois do desaparecimento do Manuel Jorge Veloso (MJV), em 2019, era obrigatório fazer alguma coisa para perpetuar o seu legado e lembrá-lo como alguém muito importante e incontornável no universo do jazz português. Fui desafiado a liderar um ensemble, com músicos que tocaram, gravaram e privaram com o MJV, para um concerto no Hot Clube, dia de aniversário do HCP, que devia ter acontecido a 19 Março mas foi cancelado pelos motivos que todos conhecemos. Ter a oportunidade de o fazer, pela primeira vez, na Festa faz todo o sentido. Em palco estarão músicos que ele admirava e que olhavam para ele como um profundo sabedor e conhecedor desta música, percorrendo e juntando diferentes gerações, aliás como o próprio MJV.

 

Que importância atribuem aos seu trabalho, que foi pioneiro na divulgação do jazz no nosso País?

Essencial. Além de exímio e sensível baterista, que compreendia e interpretava esta música como se fosse dele, foi também um excelente compositor, arranjador e crítico especializado que falava com autoridade, saber e muito rigor. Além da divulgação e promoção do jazz português, principalmente através do programa “Um toque de jazz” da Antena 2. É da mais elementar justiça homenagear a sua vida e música. Tocando é a melhor maneira de o fazer.

 

Essas marcas e influências de Manuel Jorge Veloso estarão presentes no repertório que preencherá a vossa actuação?

Obviamente. Além do tema de abertura do filme “Belarmino”, escrito pelo Manuel Jorge, haverá outros dois do filme, um deles escrito pelo pianista Justiniano Canelhas, que infelizmente nos deixou há uns dias e que fazia parte do primeiro e célebre quarteto do HCP, juntamente com Manuel Jorge Veloso, Jean Pierre Gebler e Bernardo Moreira. Tocaremos também alguns clássicos do repertório jazz, que eram do agrado ou preferência do MJV, alguns deles editados no disco “Just in Time”, onde ainda estão presentes três dos quatro elementos do quarteto mencionado.

 

O jazz ocupou sempre um lugar de relevo na programação dos espectáculos da Festa do Avante!. Enquanto músicos, como avaliam esse contributo para a promoção desta expressão musical?

Essencial e generosa. Os músicos de jazz olham para a Festa do Avante com grande respeito e carinho pela exposição que tem sido dada a este estilo musical ao longo dos anos. Já lá toquei muitas vezes, em diferentes formatos. Como músico de jazz, agradeço e apoio a aposta. É uma música que merece e deve ser ouvida.

 

Com que expectativas encaram a edição deste ano e que reacções esperam do público?

Não sabemos de todo o que esperar. O público é sempre muito caloroso mas acho que ninguém sabe o que acontecerá por causa destes dias estranhos, que serão difíceis de esquecer mas que queremos que rapidamente se tornem apenas uma lembrança.




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