Oportunidades

João Frazão

Insuspeito semanário nacional confirma a receita já usada em outras áreas e sectores.

No SNS, por exemplo, o Governo do PS/Sócrates, na sequência do desinvestimento promovido por sucessivos governos PSD e CDS, decidiu encerrar dezenas de serviços de saúde, designadamente os SAP – Serviços de Atendimento Permanente, que asseguravam uma cobertura capilar do território.

Em cada localidade onde isso se concretizava, apesar da forte luta das populações, obrigando as pessoas a percorrer, muitas vezes, dezenas de quilómetros numa situação de urgência, aparecia a oferta privada de serviços semelhantes, muitas vezes a preços não muito mais caros. Com a vantagem de ser à porta de casa.

Num caso, onde encerrou o SAP, abriu um serviço privado de urgência, mesmo na porta ao lado.

Passados este anos, é o que se sabe de concentração monopolista dos negociantes da doença, por um lado, e de dificuldades para os que precisam de aceder ao SNS, por outro.

Agora, apesar dos anúncios do Governo, e das decisões da AR em sentido contrário, ficamos a saber que a oferta pública de camas para alojamento de estudantes do Ensino Superior deslocados em Lisboa, vai reduzir. A COVID-19, que tem as costas largas, apanha com uma parte das culpas, a incerteza relativamente ao número de estudantes estrangeiros ajuda também a justificar, mas o resultado será o de haver maiores dificuldades para os milhares que já não tinham acesso a esse direito.

Mas diz-nos também a notícia que, em contraponto, o negócio do alojamento privado, promovido por grandes grupos económicos, a poder de milhões de euros, vai de vento em popa.

Previstas para inaugurar já em Setembro há centenas de camas e estão previstas muitas mais.

Hoje, como sempre, o Estado continua, pela mão dos Governos de turno ao serviço do capital, a garantir as condições para o domínio e a concentração da riqueza. E há sempre quem aproveite a oportunidade.




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