«Teorias da Conspiração»

Carlos Gonçalves

A Visão é uma das revistas do grupo Trust in News, sociedade unipessoal de Luís Delgado, ex-jornalista-opinador ao serviço da SIC-Expresso, à qual, em 2018, comprou a Publishing por dez milhões de euros, e de que nega ser «testa de ferro». Com menos de quarenta mil exemplares, impressos e em digital, luta com a Sábado-Cofina pela liderança nas vendas de «revistas de notícias». Nesta guerra a Visão opta, às vezes, pela investigação temática, como agora sobre «conspirações».

Duas notas sobre a matéria. Abundam as teorias conspirativas para «explicar» episódios sociais e políticos, e se é assim pelo menos desde que há classes em conflito, a sua visibilidade e influência são hoje bem maiores, nos média, sobretudo nas redes de TV, e nas plataformas digitais e redes sociais. Foi aí que, nesta fase de domínio das multinacionais e do imperialismo, emergiram as «fake news», expressão moderna da alienação e manipulação de massas, emanação da conspiração do poder económico e da sua projecção mediática e digital para «fazer cabeças», para perpetuar a exploração do homem pelo homem.

A informação superficial e espectacular traduz interesses do grande capital contra os trabalhadores e o Partido, fomenta medo, alienação e «populismo» e mobiliza a acção proto-fascista. As conspirações existem, não são apenas coincidências. São um plano de elementos dirigidos e organizados, que com outros convergentes, concorrem para um processo que, em fim de linha, visa a subversão do regime democrático - como está bem à vista.

Mas a conspiração esgotar-se-á, vencida pela luta. A realidade faz a consciência social. A luta dos trabalhadores e dos povos faz a história. Este é o tempo da política e da alternativa patriótica e de esquerda, pela democracia avançada, pelo socialismo.




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